Cyberbullying, dependência digital e jogos perigosos na internet foram o centro da mesa redonda “O adolescente no mundo digital”, que aconteceu na manhã do terceiro dia do 38º Congresso Brasileiro de Pediatria, em Fortaleza (CE). Com auditório repleto de pediatras e outros profissionais de saúde, o espaço teve como objetivo avaliar as possíveis causas do problema e apontar soluções para uma intervenção precoce.
A palestra sobre cyberbullying apresentou características que evidenciam uma vítima deste tipo de agressão e também medidas preventivas para que ela não ocorra. Depressão, baixa autoestima e isolamento, por exemplo, podem indicar um possível caso de cyberbullying, segundo os especialistas.
De acordo com a palestrante, dra. Betinha Fernandes, agressões físicas e psicológicas, como estupro e chantagem, são uma realidade em todo o mundo. “Casos de encontros de adolescentes com pessoas que conheceram pela internet são comuns e, durante esses encontros, muitos deles sofrem agressões físicas e abusos sexuais. Isso acarreta uma série de problemas psicológicos e comportamentais”, afirmou.
Ainda segundo a médica, as vítimas do cyberbullying não devem deletar os conteúdos que foram expostos na rede, a fim de facilitar a investigação. Antes, o caso deve ser levado à delegacia especializada em crimes cibernéticos. “Não adianta deletar fotos e conversas. Na verdade, tudo que é deletado, não é excluído, pois vai para deepweb, uma rede paralela que dificulta a ação dos investigadores”, explicou.
DADOS ALARMANTES – Um estudo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), foi apresentado durante o evento e apontou que 85% dos adolescentes entre 9 e 17 anos de idade no Brasil conectam-se na internet, sendo 91% pelo smartphone e 60% pelo computador pessoal. A pesquisa também relatou que 52% dos pais, não sabem o que os filhos veem na internet.
Outro tema da pauta foi o de brincadeiras ou jogos perigosos. Sobre ele, a psicóloga Fabiana Vasconcelos abordou alguns tipos e consequências desses jogos para a saúde dos jovens, além de indicadores que apontam para uma a evolução acelerada da problemática no Brasil. Segundo Fabiana, jogos de asfixia podem trazer sequelas como amnésia, hemorragia retinal, aneurisma, convulsões e outros danos cerebrais.
Pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 2015, relatou que 40% dos jovens no Brasil já brincaram de asfixia e 10% deles chegaram ao desmaio durante a brincadeira. Um levantamento feito em uma rede de compartilhamento de vídeos na internet também revelou que, em 2010, 500 vídeos de desafios de asfixia haviam sido postados somente naquele ano. Em 2017, o número subiu para 18.400.
DOCUMENTO CIENTÍFICO – A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por meio do seu Departamento Científico de Adolescência, publicou no ano passado o Manual de Orientação “Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital”, que aborda a saúde de crianças e adolescentes na era digital. Nele estão informações sumárias para que pediatras, educadores, pais e crianças possam agir diante de cenários de risco.
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