Atlas da Violência 2018 traz avaliação do atual panorama da violência no País

O Brasil alcançou a marca histórica de 62.517 assassinatos por ano, em 2016. Entre as vítimas, destaca-se o grupo formado por jovens. Os números nacionais informam que esse segmento da população responde por 56,5% das causas de óbito de homens entre 15 a 19 anos, situação ainda mais preocupante nos estados do Norte e Nordeste.

Esses dados constam do Atlas da Violência 2018, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação federal vinculada ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A publicação apresenta, de forma sistematizada, diferentes indicadores sobre o acentuado processo de violência que atinge o Brasil, com foco na evolução do número de homicídios na última década.

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De acordo com dra. Evelyn Eisenstein, do Departamento Científico (DC) de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o documento representa um importante instrumento de avaliação do atual panorama da violência no País, em especial contra a juventude. Essas informações devem ser utilizadas em novo documento científico abordando as diferentes formas de violência sofridas pela população pediátrica. “Nosso foco é orientar os pediatras a respeito do reconhecimento e encaminhamento dos casos suspeitos. Além disso, o texto deve abordar quais são os fatores de risco e potencias medidas de proteção”, destacou.

“O homicídio de jovens corresponde a um problema de primeira importância no caminho do desenvolvimento social do Brasil. Os dados devem ser utilizados pela SBP como base para análise e desenvolvimento de novas ações em parceria com outras entidades, visto que o enfrentamento da violência sistêmica, em particular a urbana, envolve áreas que transcendem a atividade médica, mas sem excluí-la”, pontuou a pediatra.

DESIGUALDADE - Outro indicador ressaltado no documento, refere-se à desigualdade das mortes violentas em relação à cor de pele. “Em 2016, enquanto se observou uma taxa de homicídio para a população negra de 40,2 por 100 mil habitantes, o mesmo indicador para o resto da população foi de 16, o que implica dizer que 71,5% das pessoas que são assassinadas a cada ano no país são pretas ou pardas”, esclarece o texto.

O DC de Adolescência lançou um “Guia Prático de Atualização sobre Violência e Saúde de adolescentes e jovens  - como o pediatra deve proceder” para orientar os profissionais de medicina a respeito dos procedimentos que devem fazer parte da rotina de atendimento para a prevenção primária, secundária e terciária em relação à violência doméstica. O trabalho foi produzido com contribuições da SBP, da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM).

De acordo com a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, a morte sistemática de jovens no Brasil é um fenômeno que carece de mais políticas públicas que efetivamente venham a enfrentar o problema. “A SBP vem atuando continuamente na conscientização dos pediatras e da população em geral sobre os principais meios para reduzir a violência. Entretanto, a criação de uma sociedade mais pacífica passa necessariamente pelo investimento em área que garantam o desenvolvimento social e melhores índices de qualidade de vida para toda a população”, concluiu.