Relatos emocionantes de mães de crianças com alguma deficiência têm viralizado pelas redes sociais. As histórias compartilhadas através da hashtag #eSeFosseSeuFilho apresentam situações reais interpretadas por artistas, em que crianças consideradas atípicas são expostas a momentos de constrangimento devido à falta de empatia expressada por desconhecidos ou até mesmo por amigos e familiares. A iniciativa sensibilizou lideranças da Sociedade Brasileira de Pediatria e de suas filiadas que a consideraram pertinente e importante de ser compartilhada com os especialistas.
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Num dos vídeos, a atriz Betty Gofman conta a história de uma mãe que se deparou com a polícia em sua porta, devido às crises do filho autista. “Talvez fosse o calor ou alguma dor que ele estivesse sentindo e não conseguia me explicar. Eu sei que naquele dia ele estava berrando mais do que o habitual. Foi quando a polícia bateu na minha porta. A minha vizinha tinha chamado a polícia, dizendo que não aguentava mais ouvir aqueles berros. Quando o policial percebeu que o meu filho tinha autismo, ficou sem graça e me pediu desculpa”, narra a atriz.
O movimento surgiu a partir de um grupo de mães organizadas através das redes sociais, que compartilhavam entre si experiências pessoais. Em setembro de 2018, o desabafo de uma das participantes, a respeito dos pedidos sucessivos para que seu filho fosse retirado da escola, serviu como gatilho para que as mães formulassem a campanha #eSeFosseSeuFilho, chamando atenção para a difícil realidade enfrentada pelas crianças que têm alguma deficiência.
REFLEXÃO - A campanha tem como objetivo estimular a reflexão sobre como o simples ato de se imaginar no lugar do outro pode evitar comportamentos inapropriados ou que reproduzem formas de violência social. A ação já conta com vídeos gravados por Isabela Garcia (atriz), Lau Patron (escritora); Mariana Lima (atriz), Luciano Mallmann (ator) e Daniel Gonçalves (documentarista).
De acordo com dra. Evelyn Eisenstein, membro do Grupo de Trabalho sobre Drogas e Violência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), expor criança ou adolescente a situação de vexame ou constrangimento, além de configurar absoluta falta de cidadania, é legalmente proibido, conforme descrito pelo artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“O ECA assegura o direito ao respeito, que consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral de crianças e adolescentes. Não é admissível que ainda ocorram tantas situações vexatórias, que geram impactos negativos ao bem-estar social de quem mais precisa de proteção. É preciso estimular o debate a respeito da inclusão de pessoas com deficiência na sociedade e investir em mais programas educacionais junto à escola”, afirma.
DOCUMENTO - Em 2017, o Departamento Científico (DC) de Adolescência da SBP lançou o documento “Atualização sobre Inclusão de Crianças e Adolescentes com Deficiência” para orientar pediatras, pais e responsáveis sobre os cuidados necessários ao paciente com essas características desde o momento do diagnóstico.
Segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, seja visual, motora ou intelectual. O número corresponde a 23,9% da população. Para conhecer mais sobre da iniciativa #eSeFosseSeuFilho, acesse o Instagram e Facebook da campanha.
(*Com informações do portal Singularidades)
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