Contra a exposição de crianças e adolescentes a conteúdos impróprios na TV

NOTA À SOCIEDADE E AOS MÉDICOS:

 

 

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em nome de cerca de 40 mil especialistas na saúde física, mental e emocional de cerca de 60 de milhões de crianças e adolescentes, vê com preocupação o anúncio de estreia, no segundo semestre de 2018, de um desenho animado, a ser exibido em plataforma de streaming, cuja trama gira ao redor de jovens que se transformam em drag queens super-heroínas.

A SBP respeita a diversidade e defende a liberdade de expressão e artística no País, no entanto, alerta para os riscos de se utilizar uma linguagem iminentemente infantil para discutir tópicos próprios do mundo adulto, o que exige maior capacidade cognitiva e de elaboração por parte dos espectadores.

A situação se agrava com o fim da Classificação Indicativa, decretado em sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) que declarou inconstitucional o dispositivo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que estabelece multa e suspensão às emissoras de rádio e TV ao exibirem programas em horário diverso do autorizado pela classificação indicativa.

Essa decisão deixa crianças e adolescentes dependentes, exclusivamente, do bom senso das emissoras de TV e plataformas de streaming, agregando um complicador a mais às relações delicadas existentes no seio da família, do ambiente escolar e da sociedade, de forma em geral.

Isso por conta do risco de exposição indevida desse segmento, por meio de programas, como esse desenho animado, a imagens e conteúdos com menções diretas e/ou indiretas a situações de sexo, de violência, de emprego de linguagem imprópria ou de uso de drogas.

Vários estudos internacionais importantes comprovam os efeitos nocivos, entre crianças e adolescentes, desse tipo de exposição. Ressalte-se o período de extrema vulnerabilidade pela qual passam esses segmentos, com impacto em processos de formação física, mental e emocional.

Sendo assim, a SBP reitera seu compromisso com a liberdade de expressão e com a diversidade, mas apela à plataforma que cancele esse lançamento, como expressão de compromisso do desenvolvimento de futuras gerações.

Além disso, a SBP pede aos políticos que, considerando a impossibilidade de recurso à decisão do STF, reabram o debate sobre a retomada da Classificação Indicativa ouvindo a contribuição dos especialistas, o que permitirá encontrar solução que não comprometa questões artísticas e assegure mecanismos de proteção para o público composto por crianças e adolescentes.

 

 

Rio de Janeiro (RJ), 16 de julho de 2018

 

 

 Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

 

 

 

REPERCUSSÃO:

O Globo - Animação sobre super heroínas drag queens atacada por pediatras: 'Imprópria para crianças'

Veja Rio - Netflix tem seu 1º desenho animado no Brasil criticado por médicos

G1 - Sociedade Brasileira de Pediatria condena 'Super Drags", animação brasileira que é voltada para adultos

UOL - Ministério Público pede a Netflix que Super Drags não entre em catálogo infantil

Estado de Minas - MPF recomenda que Netflix retire animação com drag queens do catálogo infantil

O Tempo - MPF pede que Netflix não classifique animação com drag queens como "infantil"

Metrópoles - MPF recomenda à Netflix incluir a série Super Drags no catálogo adulto

Gaúcha Zero Hora - MPF recomenda que Netflix não inclua animação com heróinas drag queens no catálogo infantil

Tudo Rondônia - MPF recomenda à Netflix que animação não seja incluída no catálogo infantil