Documento da SBP garante que a maior parte dos medicamentos usados pelas mães não deve interferir na amamentação

O uso de medicamentos por mulheres que amamentam e usam medicamentos é muito comum. Na maioria das vezes as mulheres interrompem a amamentação quando estão tomando remédios porque são erroneamente orientadas pelos médicos ou influenciadas negativamente pelas bulas dos remédios. Para evitar que o desmame precoce nestes casos ocorra, o Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou durante o Agosto Dourado o documento “Uso de medicamentos e outras substâncias pelas mulheres durante a amamentação”.

O estudo lançado é mais um esforço da SBP em contribuir para ampliação da prática da amamentação no Brasil. A interrupção da amamentação devido ao uso materno de medicamento só deveria ocorrer quando o medicamento em questão fosse considerado, pela literatura científica, contraindicado para o uso durante a lactação.

No entanto, o pouco conhecimento sobre a segurança do uso de medicamentos durante a lactação, muitas vezes, tem levado à interrupção da amamentação, causando o desmame precoce, que afeta a saúde da criança.  Segundo o documento científico, as informações presentes em bulas de medicamentos acerca da segurança para uso durante a lactação podem não ser confiáveis, uma vez que sua redação visa à proteção legal da indústria farmacêutica e não a divulgação do conhecimento científico.

DROGAS - O documento aborda ainda os riscos do uso de drogas durante a amamentação. De acordo com os especialistas da SBP, as mulheres devem ser fortemente desencorajadas a utilizarem drogas durante a gestação para evitar danos à saúde do bebê. Em relação ao álcool e etanol, substância depressora do sistema nervoso central, se sabe que a ingestão de 0,3 g/kg de álcool pode reduzir em até 23% a ingestão de leite pela criança.

Há ainda relatos de alteração do odor e do sabor do leite materno após o uso de bebidas alcoólicas, o que pode levar a criança a recusar o leite. Estudos mostram que o tabagismo entre as mães também tem sido associado à redução da produção láctea, ao menor tempo de aleitamento materno e ao risco de síndrome de morte súbita do lactente.

Ainda assim, o estudo da SBP recomenda que a mães tabagistas mantenham a amamentação, uma vez que filhos de mulheres tabagistas amamentados apresentam menor risco de doenças respiratórias que filhos de tabagistas não amamentados. Em suma, a amamentação associada ao tabagismo materno é menos prejudicial à criança que o uso de fórmulas infantis.

ESTÉTICA – O trabalho elaborado pelo DC de Aleitamento desmistifica a ideia de que as mulheres devem parar de tingir o cabelo durante a amamentação.  Se o produto não tiver chumbo em sua composição, a pintura do cabelo é segura. A informação de que tinturas contendo amônia devem ser evitadas durante a lactação, não encontra respaldo científico. As escovas progressivas também podem ser realizadas desde que não tenham formol. É improvável também que o uso da toxina botulínica, conhecida popularmente como botox, cause efeitos adversos sobre o lactente. Já as tatuagens nas mamas não são recomendáveis durante a amamentação.

Além de uma série de orientaçõess, o documento traz uma tabela completa de classificação de riscos para uso de medicamentos durante a lactação de fármacos que atuam no Sistema Nervosos Central, analgésicos e anti-inflamatórios, anti-infecciosos, fármacos cardiovasculares, fármacos hematológicos, fármacos para o aparelho respiratório, fármacos para o trato digestório, hormônios e antagonistas e fármacos para a pela e mucosa.