Mais uma conquista importante para a pediatria: a criação da especialidade Emergência e o reconhecimento da Área de Atuação Emergência Pediátrica. A aprovação ocorreu em agosto, em reunião da Comissão Mista de Especialidades (CME), integrada pela AMB, pelo CFM e pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). Representando a Sociedade, participaram Eduardo da Silva Vaz, presidente; os diretores Dennis Burns e Sandra Grisi; Sulim Abramovici, presidente do Departamento Científico de Emergências e Cuidados Hospitalares; Ricardo Halpern, presidente do Departamento de Desenvolvimento e Comportamento e Sérgio Amantea, chefe da emergência do Hospital Santo Antônio, de Porto Alegre e ali representando o dr. Jefferson Piva, coordenador das Áreas de Atuação da SBP.
História e dificuldades enfrentadas
Há anos a SBP vem lutando para que a Emergência Pediátrica volte a ser área de atuação. Até 2002, os pediatras se formavam na Residência em Pediatria e depois cursavam mais um ano opcional na área de Emergência Pediátrica.
– Por motivos até hoje desconhecidos, a Emergência passou a ser área de atuação exclusiva da Clínica Médica. E, não sendo área de atuação da pediatria, não havia como manter este Programa de Residência reconhecido. A formação foi então suspensa. Essa situação absurda permaneceu até agosto, apesar dos reiterados pedidos enviados pela SBP à CNRM e à AMB. A impossibilidade trouxe enormes prejuízos à população, à pediatria, ao ensino e à pesquisa em nosso meio, salienta Jefferson Piva.
O pleito começou em 2009, quando Dioclécio Campos Jr. – à época presidente da SBP – encaminhou ofício ao então secretário da AMB e da Comissão Mista, Aldemir Humberto Soares, solicitando que a Área de Atuação em Emergência Pediátrica fosse configurada como domínio de conhecimento especializado, tendo em vista a crescente demanda de atendimento nos Serviços de Emergências Pediátricas nos hospitais públicos e privados em todo o país.
Leia aqui a primeira carta da SBP à AMB.
Conquistas passo a passo
Em 2014, o CFM aprovou a Emergência Pediátrica como área de atuação da pediatria. Era preciso ainda que a área fosse aprovada pelo Conselho Científico da AMB e pela CNRM.No dia 06 de agosto, 20 instituições brasileiras – dentre elas a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Federal de São Paulo (Unifesp), a USP de São Paulo, a USP de Ribeirão Preto e a Federal de Minas Gerais (UFMG) – solicitaram autorização para oferecer a Residência em Emergência e também na Área de Atuação em Emergência Pediátrica já a partir de 2016. “Há doze anos lutamos para tentar restabelecer o importante papel da Emergência como especialidade médica”, frisa Sérgio Amantea.
Objetivo internacional
Segundo Sulim Abramovici, atualmente 46 países, dentre os quais os EUA, a Alemanha, a Argentina e a Colômbia, reconhecem a Emergência como um campo específico. A Emergência Pediátrica é a área de atuação que mais cresceu nos EUA – em torno de 500% no período entre 1992 e 1999 – e é a segunda mais procurada pelos pediatras que concluíram a Residência básica, ficando atrás apenas da Neonatologia. De acordo com o presidente do DC da Sociedade, a necessidade de voltar a Emergência Pediátrica como área de atuação foi identificada a partir de vários fatores, como a formação insuficiente na área de Emergência e a carência de profissionais atuando na área.
A preocupação da SBP é formar líderes para a atuação em serviços de Emergência – uma demanda não só da população brasileira, mas mundial. “Nos Estados Unidos, essa é uma área crucial e foi escolhida como preferencial nas pesquisas dos próximos anos. Tanto a Emergência quanto a UTI e a Medicina de Reabilitação são as áreas de atuação mais importantes para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa nos próximos vinte ou trinta anos. Já são essenciais hoje e só têm a crescer”, ressalta o dr. Piva.
Benefícios para a pediatria
Aprofundar o conhecimento, as habilidades e as competências nas áreas de Urgência e Emergência Pediátrica nos seus diversos cenários, desenvolver a capacidade de geração de conhecimento dentro de quatro componentes: habilidade clínica, pesquisa, educação e gestão são alguns dos benefícios práticos que a Emergência Pediátrica oferecerá aos pediatras que fizerem a Residência nessa área de atuação. “A formação em Emergência Pediátrica é um estímulo para atrair indivíduos talentosos, líderes, fixá-los nesta importante área da medicina, promovendo crescimento na assistência, na pesquisa e no ensino”, ressalta Sulim Abramovici.
Qualificação e confiança
A diretora de ensino e pesquisa da SBP, Sandra Grisi, lembra também que tanto decorrentes de doenças agudas quanto crônicas, quando os problemas na saúde da criança e do adolescente se tornam agudos, na maioria das vezes, o atendimento é realizado por um emergencista. “A Área de Atuação em Emergência Pediátrica oferecerá uma formação especial, além de treinamento em procedimentos nos quais, em seu cotidiano, normalmente um pediatra ou especialista não realiza”, diz.
Para o dr. Jefferson Piva, o pediatra emergencista vai liderar processos de assistência nas emergências e melhorar também o processo de pesquisa. “Será um profissional altamente qualificado, o que trará benefícios não apenas à população como para todos os que trabalham no setor”.
– No cenário atual da Saúde, o pediatra emergencista é extremamente importante e nosso meio carece desse profissional. Se conseguimos normatizar um programa de formação, vamos melhorar significativamente a qualidade da assistência nas emergências, com a alocação de recursos, de pessoal, de investimento – pondera Sérgio Amantea.
O começo de um final feliz
A partir de 2016, 20 renomadas instituições já terão os programas de Residência Médica em Emergência (doze programas) e em Área de Atuação em Emergência Pediátrica (treze). “Serão 32 vagas em Emergência Pediátrica e 75 em Emergência”, comemora Eduardo da Silva Vaz.
Veja aqui a lista das instituições.
Leia também o Programa de Residência em Área de Atuação de Emergência Pediátrica, aprovada em reunião no CFM em julho de 2015
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