A ingestão precoce de álcool é a principal causa de morte de jovens entre 15 e 24 anos em todas as regiões do mundo. Em entrevista ao programa Conexão Futura, exibido pelo Canal Futura, o dr. João Paulo Becker Lotufo, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e representante da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para o assunto de drogas, falou sobre a dimensão do problema no Brasil.

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Durante o programa, dr. Lotufo falou ainda dos riscos à saúde provocados pelas bebidas alcoólicas. “O cérebro do jovem está em formação até os 25 anos de idade, em média. Ou seja, qualquer droga iniciada antes da maturação do cérebro aumentam as chances de dependência química. Do ponto de vista pediátrico temos que retardar a experimentação de drogas com nossos pacientes” explicou.

No bate-papo de quase 30 minutos com a apresentadora Karen de Souza e a psicóloga cognitivo-comportamental, Talita Moura, ele apresentou ainda o documento especial elaborado pela SBP sobre o tema – “Intervenção breve na prevenção de álcool e drogas na consulta pediátrica”, que reúne orientações gerais aos pediatras no tratamento do assunto com seus pacientes e familiares.

PESQUISAS – De acordo com pesquisa conduzida por ele com jovens de escolas públicas do entorno da USP, o uso do álcool no consumo familiar é bastante elevado (43,5%), seguido pelo tabaco (34,5%), maconha (27,5%) e depois pelo crack (11,5%). “Entrevistei 6.500 jovens e vi que crianças entre 9 e 10 anos de idade já estão iniciando no consumo de bebidas alcoólicas, sendo que até 70% dos jovens até 17 anos já se iniciaram no álcool”, comentou o especialista.

Em 2016, o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) avaliou mais 70 mil adolescentes em 124 municípios e observou a prevalência elevada do início precoce do uso do álcool. Cerca de 20% dos entrevistados tinham consumido bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias e 24,1% beberam pela primeira vez antes dos 12 anos de idade.