O número de suicídios cresceu 19% na população de crianças e adolescentes com idades de zero a até 19 anos. Esse percentual foi observado no período de 2006 a 2016, segundo dados do Sistema de Informações em Mortalidade (SIM), mantido pelo Ministério da Saúde. As maiores variações de incidência foram observadas no Acre, Maranhão, Tocantins e Roraima. Em São Paulo, o total de registros passou de 23, em 2006, para 1.284, em 2016. No Brasil, nesse período aconteceram 8.495 casos com esse perfil.
Para a presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Rodrigues Silva, se trata de um grave problema de saúde pública que deve ser visto de forma objetiva e sem preconceitos. “Não podemos fechar os olhos para essa triste realidade que assola nossas crianças e adolescentes. Todos nós, profissionais de saúde e sociedade civil, precisamos estar alertas aos sinais a fim de evitar esse mal”, comenta.
Em 2017, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), com o apoio de inúmeras entidades, entre elas a SBP, lançaram a campanha Setembro Amarelo, a fim de estimular a reflexão e as formas de prevenção que impeçam o avanço dos casos de suicídio no Brasil. Esse ano, está sendo conduzida a segunda edição dessa iniciativa.
NÚMEROS ABSOLUTOS - A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que mais de 800 mil pessoas por ano morrem dessa causa em todo o mundo. Isso equivale a uma morte a cada 40 segundos. A cada três segundos, uma pessoa atenta contra a própria vida. A meta da OMS é reduzir a taxa de suicídio global em 20% até o ano de 2020. Os países com os maiores índices são a Guiana, com índice de 44,2 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, e a Coreia do Norte, com 38,5. Em números absolutos, Índia, China e Estados Unidos têm os maiores índices.
Números divulgados pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), todos os anos no Brasil são registrados mais de 10 mil suicídios. No entanto, a instituição considera os dados subestimados em função da gravidade do problema. Do ponto de vista clínico, a estimativa é de que a cada 10 tentativas de suicídio, uma se concretize.
Dentre os principais fatores que causam o suicídio estão os transtornos de humor (35,8%), os transtornos relacionados ao uso de substâncias (22,4%), os transtornos de personalidade (11,6%), a esquizofrenia (10,6%) e os transtornos de ansiedade/somatoformes (6,1%). As conclusões são do estudo Diagnósticos Psiquiátricos e Suicídio – uma perspectiva mundial, publicado em 2002.
REDES SOCIAIS – Dra. Evelyn Eisenstein, do Departamento Científico de Adolescência da SBP, destacou que atualmente 79% dos adolescentes brasileiros estão nas redes sociais, 11% já usaram formas de se machucar, enquanto 6% experimentaram formas de cometer suicídio. “É uma porcentagem alta quando constatado que existem aproximadamente 35 milhões de adolescentes no país”, destaca.
Dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil dão conta de que 11% das crianças e adolescentes entrevistadas em pesquisa sobre o assunto relataram ter acessado páginas que ensinavam formas de se machucar e 6% orientavam sobre como cometer suicídio. Esses percentuais representam um alcance de mais de 2,5 milhões de crianças e adolescentes no País.
“Trata-se de tema muito relevante, um problema de saúde pública, pois o suicídio é considerado uma forma de violência auto-infligida. São mortes que podem ser evitadas com a ajuda de suporte familiar e social, e não devem ser tratadas com comentários pessoais ou opiniões sem qualquer fundamento ou pesquisa”, frisa.
Para ela, posturas inadequadas podem glamourizar o problema e os precisam estar atentos aos sinais que os filhos emitem quando estão depressivos. Irritabilidade excessiva, choro, falta de apetite, falta de sono, isolamento dos amigos e da família, alteração de humor e queda do rendimento escolar são alguns deles.
*(Com informações do jornal Folha de São Paulo)
PED CAST SBP | "Neuroblastoma"
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