Médicos receberam bem o convite feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e Fundação Itaú Social para que incentivassem as famílias a lerem para as crianças. Os pediatras estão incluindo em suas consultas momentos de orientação sobre a importância da leitura para o desenvolvimento integral desde a primeira infância.
Por meio da campanha Receite um Livro, os profissionais foram mobilizados a estimular a leitura parental para as crianças de zero a seis anos. Todos os pediatras associados à SBP, cerca de 17 mil, participaram da ação, que contou com material informativo (manual, marcador, cartaz e folhetos) e coleção de livros infantis.
Avaliação realizada pela Fundação Itaú Social identificou que a campanha foi efetiva para reforçar o entendimento dos médicos que já valorizavam a importância da leitura para a criança e o papel do pediatra na recomendação da prática pela família. Além disso, mobilizou os profissionais que ainda não estavam engajados. O uso dos livros foi uma ferramenta eficaz nesse sentido, auxiliando-os a abordar o tema durante a consulta (confira os números no box abaixo).
A leitura é considerada um dos principais estímulos para a criança e quanto mais cedo ele se iniciar, melhor. A proposta da campanha foi que os pediatras orientassem as famílias a ler em voz alta diariamente para os pequenos, pois isso resulta no fortalecimento do vínculo familiar e da capacidade de aprendizado, com reflexos positivos até a vida adulta. É durante a primeira infância que 90% das conexões do cérebro são formadas.
“Quanto mais estímulos adequados de leitura esse cérebro recebe, mais fortes e duradouras tornam-se as conexões neurais relacionadas com as áreas da linguagem expressiva e receptiva, escrita e comunicação. Isso resulta em aquisição precoce de linguagem falada, melhor compreensão, mais facilidade na alfabetização e melhores resultados em nível de inteligência a longo prazo”, afirma dra Luciana Rodrigues Silva, presidente da SBP.
Identificados como formadores de opinião, os médicos têm grande potencial de influência junto a um vasto público. Por isso, foram considerados estratégicos para a campanha. “A partir de uma pesquisa, identificamos que os pediatras são considerados, pelas famílias, uma das fontes mais seguras e confiáveis de informação sobre o desenvolvimento infantil”, explica o diretor-presidente da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Eduardo Queiroz.
Com o intuito de mensurar a eficácia das estratégias de divulgação da campanha, a Fundação Itaú Social realizou uma avaliação de impacto aleatorizada a partir da coleta de entrevistas com 1.503 pediatras, divididos em três grupos: dois grupos de tratamento – que receberam conjuntos distintos de materiais de divulgação -- e um grupo de controle.
Os resultados demonstraram que a campanha foi importante tanto para conscientizar os pediatras sobre seu papel no incentivo à leitura, como para reforçar a importância de ações de propagação desta prática. Além disso, identificou-se potencial de impacto ainda maior entre médicos do sexo masculino e entre profissionais sem filhos, cujo contato com os temas da educação infantil é menor.
“Este estudo endossa a pertinência de ações de conscientização sobre a leitura na primeira infância, tema ainda não inserido completamente na cultura brasileira. Os médicos já reportaram a mudança no comportamento das famílias, portanto campanhas como a Receite um Livro tem o potencial de proporcionar às crianças ganhos significativos, que perduram ao longo de toda a vida adulta”, avalia a especialista em Mobilização Social da Fundação Itaú Social, Claudia Sintoni.
Resultados da campanha
O envio da coleção de livros e dos informativos da campanha aos médicos aumentou em:
-- 7,2 pontos percentuais a proporção de pediatras que se sente responsável por incentivar que os adultos leiam histórias infantis para as crianças;
- 2,8 pontos percentuais a proporção de consultas em que o médico estimula o fortalecimento do vínculo familiar;
- 20 pontos percentuais a proporção de pediatras que relatou aumento na indicação da leitura de histórias infantis para seus pacientes;
- 11 pontos percentuais a proporção de pediatras que apontou que mais da metade das famílias atendidas relataram ter lido histórias para as crianças.
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