A temática do Dia Mundial do Cuidado Paliativo deste ano, celebrado no próximo sábado (13), traz luz à experiência vivida por pessoas com doenças ameaçadoras da vida, focando no que é mais importante: as necessidades de cuidados paliativos em pacientes e seus familiares. Segundo a presidente do Departamento Científico de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Simone Brasil, a data traz consigo a oportunidade de falar ao mundo sobre a importância desse assunto.
“Ao longo dos anos houve um aumento das doenças crônicas. Com todas as medidas técnicas de melhoria da saúde, as pessoas morrem menos de doenças agudas. No passado, muitas crianças que nasciam prematuras faleciam precocemente, mas hoje isso não ocorre mais. Os bebês se beneficiam imensamente dos recursos terapêuticos disponíveis, porém podem desenvolver sequelas, às vezes neurológicas, às vezes pulmonares, e nós temos que lidar com essas doenças que se tornam crônicas”, destacou a especialista. Segundo ela, a campanha não é voltada apenas aos pediatras, mas à sociedade como um todo, que precisa “conhecer mais sobre o tema e entender seu valor”.
No tema deste ano estão envolvidos elementos sobre direitos humanos e justiça, com o questionamento: “se eu importo, então por que não estou recebendo os cuidados de que preciso?”. A temática foi definida pela instituição britânica The Worldwide Hospice Palliative Care Alliance (WHPCA) e no Brasil a iniciativa é coordenada pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP).
Dentre os propósitos da campanha estão o aumento da disponibilidade dos cuidados paliativos ao redor do mundo, por meio da criação de oportunidades de se falar sobre esses assuntos; a ampliação da compreensão sobre as necessidades – médicas, sociais, psicológicas e espirituais – das pessoas que vivem com uma doença que limita suas vidas e a de suas famílias; e o apoio aos serviços de cuidados paliativos em todo o mundo.
Neste ano, o Dia Mundial do Cuidado Paliativo também marcará o centenário da pioneira na área, dra. Cicely Saunders, médica, assistente social e enfermeira que dedicou sua vida ao alívio do sofrimento humano, sendo inspiração e guia para paliativistas no mundo todo. A especialista trouxe uma abordagem holística, de olhar o paciente em todas as suas dimensões: física, psicológica, social e espiritual.
PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O DIA, ACESSE O SITE DA ANCP E DA WHPCA.
HISTÓRICO – O surgimento oficial do Cuidado Paliativo ocorreu em 1960, no Reino Unido, por meio de sua pioneira, dra. Cicely Saunders. Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu pela primeira vez o cuidado paliativo, sendo este voltado aos portadores de câncer, preconizando uma assistência integral, com foco nos cuidados de final de vida. Já em 2002, esse conceito foi revisto e ampliado e incluiu a assistência a doenças cardíacas, renais, congênitas, genéticas, degenerativas, neurológicas e a AIDS.
“Atualmente, o cuidado paliativo é definido pela OMS como uma abordagem voltada para a qualidade de vida, tanto dos pacientes quanto de seus familiares frente a problemas associados a doenças que põem em risco a vida. A atuação busca a prevenção e o alívio de sofrimento através do reconhecimento precoce, de uma avaliação precisa e criteriosa, e do tratamento da dor e de outros sintomas, sejam eles de natureza física, psicossocial ou espiritual”, explica a dra. Simone.
ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA – Em 2017, o DC de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos da SBP divulgou o documento científico “Cuidados Paliativos Pediátricos: O que são e qual a sua importância?”. O texto aborda formas de cuidados que ampliam a qualidade de vida da criança e do adolescente durante o enfrentamento de enfermidades crônicas ou que levam à morte.
Enquanto entre os pacientes adultos que necessitam de tratamentos paliativos prevalecem casos de câncer, a maioria dos pacientes infantis que precisam desses cuidados são vítimas de doenças congênitas e genéticas, de condições neurológicas crônicas e de transtornos onco-hematológicas. Os cuidados paliativos em pediatria, no entanto, devem ser implementados progressivamente e de forma individualizada para cada criança.
O documento da SBP adapta os principais cuidados paliativos para a pediatria, uma vez que não se pode extrapolar para o paciente infantil todos os conceitos e estratégias utilizadas em adultos. Entre eles estão a abordagem mais holística, orientada para a família e baseados na parceria e a integração de uma proposta terapêutica curativa que não se contraponha a sua introdução. Os cuidados podem ser coordenados em qualquer local (hospital ou na casa do paciente) e devem ser consistentes com as crenças e valores da criança ou adolescentes e de seus familiares.
EVENTO EM BH – Sob o tema: “Consolidando Conquistas/Rompendo Barreiras”, será realizado entre os dias 21 e 24 de novembro, em Belo Horizonte (MG), o VII Congresso Internacional de Cuidados Paliativos. O evento é realizado pela ANCP, com apoio institucional da SBP e de outras sociedades de especialidades. O Congresso terá entre seus palestrantes renomados paliativistas de diversas regiões do Brasil e do exterior.
Durante os três dias de atividades serão abordados diversos temas relacionados a políticas públicas; comunicação; diretivas antecipadas de vontade e testamento vital; cuidados com a equipe; espiritualidade; graduação; pesquisa; cuidados paliativos pediátricos e perinatais; entre outros.
Além das palestras, no dia 21 serão realizados quatro cursos pré-congresso. Os temas das aulas englobam “Gestão em Cuidados Paliativos: uso da linha de excelência paliativa”; “Enfermagem – competências e habilidades do enfermeiro em Cuidados Paliativos – O Que, Como e Quando podemos/devemos fazer?”; “Psicologia – Luto Antecipatório: conceitos e possibilidades de intervenção em Cuidados Paliativos”; e “Medicina – tópicos avançados em Medicina Paliativa”.
(*Com informações da Assessoria de Imprensa da ANCP)
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