Programa de Reanimação Neonatal da SBP atinge marca histórica de 100 mil profissionais treinados

O Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria (PRN-SBP) alcançou neste mês a marca de 100 mil aprovados em seus cursos de treinamento. De acordo com as coordenadoras do Programa, dras. Maria Fernanda Branco de Almeida e Ruth Guinsburg, o número representa uma grande conquista para a pediatria brasileira.

“Em 1994, quando o PRN-SBP foi criado, o objetivo era mudar o panorama do ensino da reanimação neonatal no Brasil. Esse número demonstra que está sendo concretizado um sonho: de que todo pediatra saiba como dar assistência ao recém-nascido, caso aconteça alguma intercorrência durante o parto”, destacaram as coordenadoras.

As estimativas apontam que um em cada dez recém-nascidos precisa de ajuda para respirar no momento do nascimento, por isso, o conhecimento sobre a aplicação de manobras de ressuscitação é fundamental. No Brasil, a cada ano cerca de 300 mil recém-nascidos necessitam de auxílio para que o pulmão se encha de ar e para que o coração e toda a circulação sanguínea se adaptem e funcionem bem.

Segundo as especialistas, é prioritário que tenha um profissional devidamente habilitado para atuar durante os primeiros sessenta segundos de vida do bebê, o que reduz bruscamente as chances de lesão cerebral e óbito.

BALANÇO – Segundo os dados atualizados do Programa, todos os cinco cursos oferecidos pelo PRN-SBP têm demonstrado resultados positivos. Desde 2016, quando foram lançadas as novas diretrizes da SBP para reanimação neonatal, 13.307 médicos e 7.202 profissionais de saúde concluíram treinamentos nas aulas práticas e teóricas do curso de Reanimação Neonatal. Além disso, 813 instrutores foram atualizados e 257 novos formados.

O curso de Transporte do Recém-nascido de Alto Risco contabiliza 575 profissionais treinados desde fevereiro deste ano, mês em que foram atualizados os protocolos do módulo. O curso de Reanimação do Prematuro em Sala de Parto apresenta 2.453 profissionais aprovados, a partir do ano de 2016, época em que foram divulgadas as novas diretrizes.

NOVIDADES – Um dos próximos passos do PRN-SBP é a formatação do Manual de Cuidados Pós-Reanimação. “Estamos em processo de consolidação daquilo que foi modificado pelas últimas diretrizes, lançadas em 2016. Além disso, já foi iniciada a etapa final de formatação de um novo manual, que trará indicações sobre como tratar do neonato durante as seis primeiras horas após a reanimação na sala de parto”, afirmam.

Ainda segundo as coordenadoras, um dos principais fatores que possibilitaram a ampliação do alcance das ações é justamente o engajamento dos pediatras. “Atualmente, somos o segundo maior Programa de Reanimação Neonatal do mundo. A nossa abrangência e capacidade de multiplicação se deve principalmente aos especialistas, que, com competência, abraçaram o PRN e tem difundido o conhecimento, algo essencial para o sucesso da iniciativa e também para diminuição dos índices de mortalidade neonatal no País”, afirmam.

Desde 2014, a portaria SAS/MS 371/2014 do Ministério da Saúde estabelece que o atendimento ao recém-nascido, desde o período imediatamente anterior ao parto até o encaminhamento ao abrigo de sua mãe, deve ser realizado por profissional de saúde – preferencialmente pediatra ou neonatologista – devidamente capacitado em treinamento teórico e prático de reanimação neonatal.

RECONHECIMENTO – Em junho deste ano as coordenadoras do PRN-SBP receberam o prêmio de melhor trabalho científico do Congresso de Simulação Clínica (SUN Brazil 2018), promovido pela Laerdal Medical. O trabalho vencedor – coordenado pelo dr. Milton Miyoshi, da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – apresentou como o treinamento com o auxílio de manequins de alta fidelidade contribui para a redução do tempo de execução das manobras de reanimação neonatal. O projeto tomou como base os resultados obtidos a partir da capacitação de 78 instrutores do PRN-SBP, ocorrida na sede da EPM, em São Paulo (SP).