SBP faz críticas às políticas públicas para diagnóstico e tratamento do câncer infantojuvenil no Brasil

A dificuldade de acesso ao tratamento pelos pacientes com câncer e a desorganização do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento pleno às crianças e aos adolescentes foram criticados pela diretora-financeira da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra Maria Tereza Fonseca da Costa, durante a abertura do XV Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica, realizado pela …

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A dificuldade de acesso ao tratamento pelos pacientes com câncer e a desorganização do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento pleno às crianças e aos adolescentes foram criticados pela diretora-financeira da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra Maria Tereza Fonseca da Costa, durante a abertura do XV Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica, realizado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), no Rio de Janeiro (RJ). Na oportunidade, ela representou a Diretoria da SBP, quando ressaltou, ainda, que a entidade entende como missão apoiar “esse evento ao abordar o câncer infantojuvenil como um problema importante de saúde pública”.

Dra Maria Tereza diz que a situação atual implica na redução das chances de cura para os doentes. Ela defende mudanças que possibilitem o diagnóstico precoce e ofereçam respostas que têm impacto no tratamento, como a desigualdade social e o fato de muitas famílias terem que, em alguns casos, mudar de cidade para ter acesso aos centros de referência em câncer. “Há vários desdobramentos que devem ser abordados de forma mais integral e o pediatra pode ajudar muito nisso, olhando a família como um todo”, ponderou.

“Embora tenhamos grandes centros de referência no tratamento de oncologia pediátrica, com excelentes profissionais, boa parte das crianças e adolescentes com câncer não conseguem ter resultados terapêuticos satisfatórios por diversas razões, uma delas é a questão do diagnóstico precoce”, observa a dra. Maria Tereza Fonseca da Costa. Segundo ela, os pediatras têm papel fundamental nesta etapa, que permite o encaminhamento oportuno e adequado aos pacientes para receberem cuidados segundo protocolos já existentes, aumentando, assim, as chances de sobrevida.

DISCUSSÃO – Em seu discurso, a presidente da Sobope, dra. Tereza Cristina Cardoso Fonseca, disse que o Congresso trará informações primordiais aos participantes “no sentido de melhorar o atendimento às crianças e adolescentes com câncer no Brasil e no mundo”. Por sua vez, a presidente do Congresso e 2ª vice-presidente da Sobope, dra. Sima Ferman, lembrou que o câncer representa a primeira causa de morte por doença em crianças de 1 a 19 anos. Segundo ela, nos últimos anos, tem havido uma diminuição importante da mortalidade por câncer nos países desenvolvidos, sendo uma doença curável em 80% dos casos. No entanto, o maior desafio para atingir esses resultados é preciso ampliar o diagnóstico precoce.

Para a dra. Ana Cristina Pinho, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer infantojuvenil deve ser prioridade na agenda política de saúde do Governo Federal. Em sua avaliação, essa é a única possibilidade de melhorar os indicadores de cura. “A família e a criança portadora de uma doença crônica como o câncer merecem atenção especial não só do ponto de vista biológico, mas também psicológico, social, econômico e espiritual. Parte do suporte social é que auxilia a terapêutica juntamente com os amigos e o hospital”, explicou.

Na abertura do Congresso, que ocorreu na quarta-feira (16), também estiveram presentes o dr. Julio Barredo, representando a Sociedade Americana de Oncologia Pediátrica; o dr. Odilon Souza Filho, representando o  presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia; Hellen Pedroso, gerente-geral do Instituto Ronald McDonald no Brasil; Ilder Campos, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Apoio às Crianças e Adolescentes com Câncer; Anemeri Livinalli, representando o presidente da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia; a e dra. Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

HOMENAGEADOS – O escritor Ziraldo foi um dos homenageados pelo Congresso pela sua constante atuação na luta, por meio da sua arte, contra o câncer infantojuvenil.  O cartunista foi o autor do desenho que compõe a logo do Congresso de Oncologia. Outra homenageada foi a modelo Daniella Sarahyba, madrinha do Inca Voluntário, que também atuou como mestre de cerimônias do evento. Na oportunidade, foi também apresentado vídeo com os melhores momentos das Paralimpíadas Rio-2016, mostrando a superação e vitória dos atletas portadores de deficiência.

O XV Congresso Brasileiro de Oncologia Pediátrica aconteceu no Centro de Convenções do Windsor Barra Hotel, entre os dias 15 e 19, com cerca de mil congressistas de todo o País. Na programação científica, abordagens sobre questões de vigilância da doença no Brasil e no mundo; modelos de sucesso no tratamento; e estratégias de controle do câncer pediátrico em outros países. Também foram debatidos os aspectos psicossociais e as alterações nutricionais, além de uma sessão dedicada à oftalmologia para discutir as neoplasias oculares, dentre outras.

“Desenvolvemos a programação desse Congresso com a participação de vários profissionais da área de saúde que lidam com a criança com câncer, desde graduandos, profissionais da Atenção Primária e da Secundária, equipes multidisciplinares que atuam nos centros especializados e pesquisadores. Além disso, estamos fazendo uma integração com todos os profissionais que, de alguma forma, podem estar atuando com pacientes com câncer para que possamos estreitar cada vez mais os laços de cooperação com os nossos apoiadores”, comentou a dra. Sima Ferman.