Uso da chupeta pode atrapalhar a amamentação materna e causar outros problemas para o bebê, alerta a Sociedade Brasileira de Pediatria


Evidências consistentes apontam que o uso da chupeta por crianças de um a 24 meses pode ser um dos vilões contra a prática da amamentação. Isso ocorre por que ele é o fator mais associado ao desmame precoce. O dado consta de documento científico Uso da chupeta em crianças amamentadas: pós e contras produzido pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e que faz um alerta aos pais sobre o tema. No texto, disponível no site da entidade desde esta terça-feira (8), há recomendações sobre como os pediatras podem orientar as mães e seus companheiros sobre os problemas relacionados à chupeta.

Esse é o segundo documento divulgado pela SBP como parte das comemorações do Agosto Dourado, mês dedicado ao estímulo e à divulgação do aleitamento como prática recomendável. O primeiro texto (Doenças maternas infecciosas e amamentação) tratou sobre a possibilidade de mulheres com diagnósticos de infecções poderem continuar a dar leite para seus filhos. Pelo menos outros dois materiais devem ser divulgados até o fim do mês.

CONFIRA A ÍNTEGRA DO TEXTO USO DA CHUPETA EM CRIANÇAS AMAMENTADA

ACESSE AQUI O DOCUMENTO DOENÇAS MATERNAS INFECCIOSAS E AMAMENTAÇÃO

De acordo com o Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP, responsável pela organização do trabalho, as diversas evidências científicas disponíveis não deixam dúvidas de que o uso da chupeta é um risco à manutenção da amamentação. Portanto, chamam atenção para a necessidade de se evitar os excessos com a ajuda de médicos e demais profissionais de saúde fornecendo informações claras para que os pais possam fazer suas próprias opções.

Um ponto destacado no documento da SBP é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) desencoraja o uso de chupetas em crianças amamentadas. Por outro lado, a Academia Americana de Pediatria recomenda às mulheres que desejam amamentar que a chupeta seja introduzida após o hábito do aleitamento estar estabelecida, quando a criança tiver em torno de três ou quatro semanas como forma de prevenir a Síndrome da Morte Súbita do Lactente.

Além de riscos de desmame precoce, o uso da chupeta por bebês pode aumentar a possibilidade de ocorrência de outros problemas. Alguns estudos afirmam que podem surgir alterações no desenvolvimento da linguagem oral, com impacto negativo sobre a produção dos sons da fala. A respiração também seria diretamente afetada pelo uso da chupeta. Enquanto a amamentação favorece a respiração nasal, promovendo o adequado desenvolvimento craniofacial, o bico artificial faz com que a criança muitas vezes para de respirar pelo nariz, o que é desejado, e passe a respirara pela boca.

Os estudiosos lembram ainda que o uso de chupeta por crianças com mais de três anos pode alterar a arcada dentária das crianças, que costuma ficar com mordida cruzada. É preciso considerar também que as chupetas são reservatórios de infecção, ressalta o Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP. Isso, consequentemente, aumenta a possibilidade de casos de doença diarréica, vômitos, febre, cólicas, aftas e candidíase. O documento da SBP destaca inclusive estudo recente que constatou que o uso prolongado de chupeta na infância pode favorecer o início do uso do cigarro na adolescência. A relação é explicada porque os dois hábitos são usados com intuito de acalmar.

Contudo, o trabalho da SBP aponta a existência de divergências em diferentes estudos sobre a relação da chupeta com o desmame precoce e que ainda há lacunas na compreensão dos mecanismos envolvidos nessa associação. Ainda não existe uma recomendação única sobre o uso da chupeta em crianças amamentadas. A falta de consenso sobre a questão tem sido um desafio para profissionais de saúde e pais. O documento científico tem o propósito de apresentar os prós e contra do uso da chupeta. Mas o número de contraindicações supera as vantagens.

Repercussão

SBP lança guia sobre o uso de chupetas em crianças amamentadas