EDITORIAL

Ac. Mário Santoro Jr

Presidente da Academia Brasileira de Pediatria

A vida nos prega preças com as quais jamais podíamos esperar.

Quem poderia esperar, há alguns meses, o que estamos vivendo hoje!                

O Mercúrio - Boletim eletrônico da Academia Brasileira de Pediatria

Estávamos em ritmo acelerado com nossos trabalhos na Academia Brasileira de Pediatria. De repente fomos surpreendidos pelo COVID 19 e tudo mudou, não só no País mas no mundo. Creio que não haja uma só pessoa que, de uma forma ou de outra, não tenha sentido o efeito desta pandemia. Não apenas os milhares de afetados clinicamente pela COVID 19 e dos muitos que, infelizmente, sucumbiram à essa doença, mas falo também dos efeitos que ela ocasionou nas relações pessoais, familiares, sociais e na economia. 

No dizer do colunista da Revista Fórum Luiz Roberto Alves, “As epidemias são compulsivas,comoventes e fazem passar do horror ao amor, ao desejo de encontro sob solidão. A trincheira faz sonhar e ver novas primaveras”.

Nossa Academia fisicamente parou. Vimos com horror que nossos projetos tiveram que ser suspensos ou adiados. Mas do horror cresceu a esperança de que em breve teremos novas primaveras. Voltaremos mais fortes, mais experientes por tudo e não foi pouco o que aprendemos nestes dias de distanciamento social. Vimos renascer em muitos a solidariedade,o desejo de ser mais humanos. Vimos muitos aprenderem a lição da humildade e renascer o sentimento de igualdade, pois pouco importa bens materiais quando a vida está ameaçada.

Vimos nossos profissionais de saúde, particularmente os médicos, serem reconhecidos pela sociedade, pela sua doação, disponibilidade e amor para com o paciente. Todos viram que nosso juramento, ao nos graduamos, estava longe de ser mera formalidade. Assistimos assuntos técnicos serem debatidos e muitas vezes politizados.

Como disse Vitor Hugo: “O inverno cobre a minha cabeça, mas uma eterna primavera vive em meu coração”.

Desejo que todos os confrades e confreiras aproveitem a primavera que vive em seus corações, para que em breve, ao voltarmos às nossas atividades, nosso espírito acadêmico resplandeça, como sempre assim foi.

Portanto considerem esse boletim um convite.

Abraços, Mario Santoro Junior

Acontece na Academia

1 - A nova diretoria para o biênio 2020-2021, que tomou posse na última Assembleia, já estava trabalhando ativamente em conjunto com a Dra. Marynea do Valle para a realização do próximo Fórum, que ocorreria em São Luiz do Maranhão de 23 a 25 de junho de 2020. Infelizmente, em função da pandemia do COVID 19 essa atividade foi suspensa. Ainda não temos data para efetivá-la. O mesmo ocorre com a realização da 40ª. Assembleia da ABP. 

2 - Alguns assuntos merecem destaque neste número de “O Mercúrio”:

2-1 - Continuamos preocupados com a agilização das Comissões, pois apesar das facilidades para sua realização terem sido oferecidas, como reuniões via web, não tivemos notícia de nenhuma ocorrência;

2-2 - Livro com a “HISTÓRIA DA ACADEMIA”. Dr. Mário Santoro Jr. Relata que a elaboração dolivro comemorativo dos 25 anos da ACADEMIA conta com a aprovação da Diretoria da SBP, epossibilidade de impressão pela Editora Manole. Para tanto foi realizada uma reunião comrepresentante da Editora Manole, Drs. Mario e Conceição visando sua operacionalização. 

2-3 - A proposta para que os acadêmicos possam gravar mensagens com depoimentos de 30segundos sobre temas de sua escolha voltado para pediatras, embora reforçada junto ao mktda SBP, ainda não teve resposta por parte dos acadêmicos.

2-4 - Estamos aguardando a aprovação de moção para que o Dr. Cesar Victora obtenha o títulode pediatra e, no caso desse provimento, seja contemplado com o Título de Acadêmicohonorário.

3 - Os Acadêmicos Dioclécio de Campos e Milton Hênio vêm publicando brilhantes artigos naimprensa de seus respectivos estados.

Opinião do Acadêmico

Ac. Emérito Milton Hênio

Tempos modernos e doenças

Cada época teve suas enfermidades características. Atualmente, são essas viroses agudas que agridem as pessoas de todos os países, levando-as ao desespero e até a morte. É a dengue, a Zika, a Chikungunya e agora o Coronavírus, que está apavorando a população do mundo todo. O homem moderno está assediado por mais pressões cada vez maiores do que em qualquer outra época. Talvez essas mudanças que o homem moderno sofre a todo instante, impõe exigências físicas e mentais.

No momento eu diria que os frequentes distúrbios orgânicos do homem são resultantes em sua maioria de causas psicológicas. Pesquisas recentes mostram as drásticas mudanças na vida da família brasileira nos últimos anos. O mundo em que vivemos hoje é altamente estressante, concorrendo para a quebra do sistema de defesa do organismo. Corpo e mente andam juntos. Milhões de comprimidos de tranquilizantes são consumidos diariamente no Brasil. Para nós brasileiros, sinal de que andamos meio angustiados. À medida que a situação econômica do País piora, com tantas notícias de corrupção, com o aumento do desemprego e, automaticamente, o empobrecimento do povo, aumenta também o número de pessoas com estresse, com emoções negativas, crescendo dessa forma também, o número de enfartados, de deprimidos, de aflitos, constituindo-se numa verdadeira geração de estressados.

Há séculos Aristóteles já dizia que tudo que afeta a alma envolve o corpo: paixão, ódio, amor, inveja, medo etc. O fumo, a obesidade, as dietas ricas em gorduras, a hipertensão e a falta de exercícios regulares, têm sido consideradas pelos estudiosos os fatores principais no desenvolvimento das coronariopatias (infarto, por exemplo). Entretanto, está provado que o pior de todos esses fatores é a tensão emocional. A raiva mata mais do que a comida. Ou qualquer emoção negativa. Foi feita uma pesquisa em são Paulo, no Instituto do Coração, mostrando que de 100 pacientes portadores de coronariopatias ali atendidos na faixa dos 40 a 50 anos de idade, 95% tinham dois empregos, trabalhavam mais de 60 horas por semana, almoçava correndo e trabalhavam com insegurança e intranquilidade. Isso é horrível para o ser humano.

Saúde é alegria de viver. É ter um processo de equilíbrio do organismo. Nosso corpo é uma máquina notável, perfeitíssima, mas que como toda máquina precisa de zelo, de manutenção, de cuidados. E o mais importante é que essa máquina tem como principal lubrificante os seus pensamentos. Se você está feliz ela irá funcionar muito bem. Se você estiver preocupado, estressado, angustiado, ela se descontrola toda. A população aumenta de forma assustadora e o presidente Bolsonaro tem que correr para atingir toda essa demanda de doentes precisando de socorro. 

Saiba cuidar-se bem, meu caro leitor, de tal forma que você possa ter uma longa vida sem doenças.

Cultura em O Mercúrio

Acadêmica Conceição A.M. Segre

Título – Paisagem de outono

Autor – Leonardo Padura

Tradução – Ivone Benedetti

Boitempo Editorial

1ª. Edição - novembro 2016

Leonardo Padura, nascido em Havana, é romancista, ensaísta, jornalista e autor de roteiros para cinema. Provavelmente sua obra mais conhecida seja “O homem que amava os cachorros”, de 2013. Premiado em Cuba em 2012, recebeu na Espanha, em 2015, o prêmio“Princesa de Astúrias” pelo conjunto de sua obra.

Dito isto, é fácil reconhecer seu brilhantismo literário. Neste livro, “Paisagem de outono”, com seu estilo particular, traça uma história policial, mas ao mesmo tempo romanceada,descrevendo com detalhes marcantes a vida em Havana. Seu herói é um investigador à procura de um assassino. 

A ação se inicia com a expectativa de um furacão real, que faz paralelo com um furacão interior que assola o personagem. 

É uma leitura cativante e envolvente. Vale a pena ler!

Histórico

Em destaque o histórico do patrono Domingos Matos Pereira.

Domingos Matos Pereira nasceu em Coroatá, no estado do Maranhão, em 15 de setembro de 1910. Formou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1938. Permaneceu em Salvador, por cerca de três anos, depois de formado, como estagiário do Hospital São Lucas. Em 1942 conseguiu um posto como médico do Pronto Socorro do Hospital Getúlio Vargas em Teresina,no Piauí. A partir do final da década de 1940 passou a trabalhar em São Luis, capital do estado do Maranhão, onde se tornou uma referência na organização dos serviços de atenção à criança e na formação de pediatras.

Em termos de assistência médica trabalhou como médico da “Escola Técnica do Estado do Maranhão”, foi pediatra da “Legião Brasileira de Assistência” e do “Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários” (IAPB). Além disso, dedicou parte de sua vida ao “Asilo de Mendicidade”, onde chegou a ocupar o cargo de diretor, na década de 60.

No âmbito do ensino de medicina, foi professor assistente da Cadeira de Pediatria da Universidade Federal do Maranhão, tendo sido, na década de 70, chefe de um dos departamentos da Faculdade de Medicina desta Universidade. Influiu na formação de dezenas de pediatras que hoje, reconhecem nele uma referência em sua formação profissional.

Em termos científicos, seu principal interesse concentrava-se nos estudos sobre a carência nutricional provocada, principalmente, por avitaminoses. Com isso, procurava conhecer as razões e condições de evolução dos distúrbios nutricionais prevalentes na criança que não recebia a mínima quantidade de vitaminas necessárias para viver uma vida saudável.Dedicou-se particularmente ao estudo das razões das avitaminoses A, C e D e seu respectivo tratamento. Preocupava-se ainda com as doenças infecciosas prevalentes que afetavam as crianças do Maranhão, como a esquistossomose, o sarampo, a difteria, a coqueluche e a varíola. Em todos os casos buscava, em seus artigos científicos, apresentar o diagnóstico e indicar a profilaxia e o tratamento. As verminoses também constaram de sua agenda científica.

Nos anos 60, o aleitamento materno era, ainda, objeto de controvérsia científica e encontrava fortes resistências e preconceitos na sociedade e na categoria médica. Enfrentando esta polêmica, publicou em 1961 um artigo onde apresentava as vantagens do leite humano na alimentação do recém-nascido.

Domingos Matos Pereira foi um pediatra preocupado com a miséria que dominava e assolava o Nordeste e comprometia a saúde de suas crianças.

Com o passar do tempo, Domingos Matos Pereira tornou-se uma referência para a pediatria e os pediatras da região maranhense. A partir da década de 70, com pouco mais de sessenta anos de vida, foi responsável por cursos de atualização em pediatria em Natal, Salvador, São Luís, Belém e Fortaleza. Os temas abordados traduzem o amplo espectro de suas preocupações. Deu cursos de patologia renal e nefropatias, perinatologia e neonatologia,insuficiência respiratória, infecção urinária e educação médica.

Atuou como membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e Puericultura do Maranhão e da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Maranhão. Foi homenageado, pela Academia Maranhense de Medicina tornando-se o Patrono de sua Cadeira número 13. Do Conselho Regional de Medicina do Maranhão recebeu, como homenagem, o certificado de Honra ao Mérito. Paralelamente a carreira médica, atuou como jornalista do “Jornal do Povo”,envolvendo-se também com o “Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Luiz”.

Domingos Matos Pereira Faleceu em 9 de setembro de 1986, pouco antes de completar 76 anos de idade.Domingos Matos Pereira foi homenageado pela “Sociedade de Puericultura e Pediatria do Maranhão”, sendo indicado como patrono da Cadeira 19 da Academia Brasileira de Pediatria.

NOTA DE FALECIMENTO – É com imenso pesar que registramos o falecimento de uma ilustre Pediatra e grande Neonatologista brasileira, Dra. Cleide Enoir Petean Trindade. Dra. Cleide foi professora de Pediatria na UNESP, campus de Botucatu, onde formou inúmeros pediatras brasileiros, foi muito atuante na SBP, brilhante pesquisadora reconhecida nacional e internacionalmente, e deixa um enorme vazio. Era acadêmica titular da Academia de Medicina de São Paulo. Nossa homenagem a essa ilustre PEDIATRA.

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