Ac. Mário Santoro Jr
Presidente da Academia Brasileira de Pediatria
Prezados confrades e confreiras
Neste momento difícil o qual todos estamos vivenciando, a Academia Brasileira de Pediatria lamenta as vidas que sucumbiram devido à COVID19. Entre essas estão as de muitos colegas que tombaram no enfrentamento desse vírus! A eles nossas sinceras homenagens póstumas! Honraram seu juramento ao cumprirem seus deveres profissionais e, desta forma, nos dignificaram!
É senso comum, e muito se fala disso, que o mundo pode ser dividido entre antes e após a pandemia!
Teremos que nos reinventar para viver uma nova era! Neste novo tempo, mudanças comportamentais, sociais e tecnológicas darão um novo padrão. E isso acontecerá em nossas vidas familiares, profissionais, acadêmicas e associativas.
Temos que pensar em uma nova Academia Brasileira de Pediatria, certamente mais tecnológica para nos permitir um maior contato entre todos. O isolamento que, “prima fascie” tendia a nos afastar, acabou por favorecer nossos encontros, ainda que virtuais!
Será o bastante? Penso que não, pois sentiremos falta da presença física, dos abraços e dos encontros. A resultante deverá ser um sistema híbrido. Nossas Assembleias presenciais e nossos Fóruns existirão ao lado das reuniões virtuais. No final teremos ganhos!
Serão novas atitudes!
E já que este número de o Mercúrio traz uma linda crônica do Ac Milton Hênio Neto de Gouveia sobre Machado de Assis lembremo-nos de uma frase desse genial escritor na não menos genial obra “DON CASMURRO”:
“É necessário ter atitudes porque palavras...o vento leva”.
1 - Em função da pandemia do novo coronavírus as atividades presenciais da ABP foram totalmente suspensas e adiadas “sine die”.
2 - A posse dos acadêmicos recém eleitos, Profs. Drs. Werther Brunow de Carvalho, Sergio Cabral e Nelson Rosário que segundo o nosso Regulamento devem ocorrer em sessão solene foram adiadas para acontecer na próxima atividade presencial da ABP, com data ainda pendente.
3 - Teatro e coral são desligados da ABP e da SBP.
Embora ligados à diretoria da ABP, efetivamente a SBP é que exercia a gestão dos grupos de teatro e coral, cujas atividades eram na prática regionalizadas, resumindo-se de maneira objetiva à cidade do Rio de Janeiro. Assim sendo, a diretoria da ABP havia solicitado que essas atividades fossem formalmente transferidas para a SBP que, por sua vez, em reunião de diretoria houve por bem deliberar sobre o desligamento definitivo daqueles grupos, com concordância da diretoria da ABP.
Ac. Milton Hênio de Gouveia
APRENDENDO COM AS LIÇÕES DA VIDA
As vitórias conquistadas na caminhada da vida são consequências das atitudes positivas produzidas pelo indivíduo. O sucesso em cada profissão só é válido quando você tem a sensação de felicidade dentro de você, naquilo que você faz. Foi o que aconteceu com Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiros. Esse grande escritor, primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras e seu fundador em 1896, era mulato, feio e de origem extremamente pobre. Praticamente não teve a convivência e o carinho dos pais, pois sua mãe, uma portuguesa, morreu quando ele tinha apenas 10 anos e o pai, um pintor de paredes, mulato forte, morreu quando ele completou 12 anos. Ele ficou sendo educado pela madrasta, a lavadeira Maria Inez. Machado de Assis teve uma puberdade e uma adolescência de lutas para ajudar no sustento da casa; foi vendedor de balas e até sacristão. Mas esse tipo de trabalho era inseguro e ele tentou arrumar um emprego mais garantido. Foi exatamente nesse emprego – a Tipografia Nacional – que houve o despertar de sua brilhante carreira literária. Convivendo diariamente com Manoel Antônio de Almeida, autor de “Memórias de um Sargento de Milícias”, este o incentivou e o encorajou a escrever. Muito educado, cumpridor dos seus deveres, começou a fazer desabrochar os dons presenteados por Deus.
Machado de Assis sentia-se entusiasmado com os estímulos recebidos e um ano depois dessa grande amizade publicou o seu primeiro trabalho – o poema Ela, no jornal “A Marmota Fluminense”, em 1855. E dali em diante não parou mais. Eu digo sempre que um dos textos bíblicos que mais admiro é aquele que diz: “Tudo tem o seu tempo, tudo tem a sua hora”. Graças a esse poema, Machado de Assis conheceu o dono do jornal, Francisco de Paula, que o introduziu nos meios literários e com quem fez uma sólida amizade. Começou a frequentar o mundo dos intelectuais cariocas e a trabalhar na redação de diversos jornais do Rio. A vida sorria para Machado de Assis e sorriu ainda mais no dia em que se casou com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, em 1869. Ela tornou-se o grande amor de sua vida. Os ataques de epilepsia e o reumatismo atormentavam Machado de Assis, porém ele não se deixou dobrar e continuou a sua intensa vida literária. Em 1908, ao entardecer do dia 29 de setembro, Machado de Assis completou a sua passagem terrena.
Vejam vocês que a vitória é consequência de uma atitude positiva diante da vida. Assumir os nossos sonhos e querer bem às pessoas que ajudam a materializá-los, é essencial na vida.
Acadêmica Conceição A.M. Segre
Título – Uma fortuna perigosa
A dangerous fortune
Autor – Ken Kollett
Copyright © 1993
Copyright da tradução © 2019 Editora Arqueiro Ltda.
Tradução – A. B. Pinheiro Lemos
Ken Follett realmente sabe como contar uma história e prender a atenção do leitor do começo ao fim de um livro!
Esta história se passa na era vitoriana e tem seu início em uma escola inglesa para a alta aristocracia onde acontece um trágico acidente com um dos seus alunos.
Décadas depois, dois egressos dessa escola, que são primos e vivenciaram aquela ocorrência, se encontram em posições antagônicas disputando a mais alta posição no banco da família. Aquele acidente, porém, ainda fará parte de suas decisões e de suas vidas. Perpassa esta terrível disputa, que acontece entre os primos, uma vilã que no dizer do próprio autor é sua primeira personagem do sexo feminino a desempenhar esse papel. Fascinante!
Todos os acontecimentos daquela época, entremeados por uma teia de intrigas que envolve também um violento e excêntrico personagem sul-americano (!), são “pano de fundo” para que se desenvolva uma trama de tirar o fôlego.
Como sempre, quando se começa a ler um livro de Ken Follett não se consegue parar mais...
O dia 11 de abril foi instituído como data de comemoração do Dia do Médico Infectologista, tendo sido escolhido por ser o dia do nascimento de Emílio Ribas, eminente médico que foi o pioneiro no estudo e cura de doenças infecciosas no país.
Em tempos desta terrível epidemia que estamos vivendo O Mercúrio vem prestar singela homenagem àquele que foi considerado pelo saudoso Prof. Álvaro Aguiar (patrono da cadeira de no. 13 da ABP) como o “o criador da Infectologia Pediátrica no Brasil”, o Prof. Dr. Calil Kairalla Farhat, que infelizmente nos deixou em 08 de setembro de 2010.
Ele fez seu curso fundamental no Grupo Escolar de Fernando Prestes (1943 a 1946) e, a seguir, no Colégio Bandeirantes em São Paulo (1947 a 1953). Ingressou na Escola Paulista de Medicina (EPM) em 1954, tendo colado grau em 17 de dezembro de 1959.
Tomou posse na ABP em 13 de outubro de 2002 passando então a ocupar a cadeira de no. 19.
Em Saúde Pública destacou-se desde logo. Assim, em 1962 foi um dos coordenadores de campo do Plano Piloto de Vacinação contra a Poliomielite, elaborado e coordenado pelo Dr. Albert Sabin.
O Prof. Calil atuou de maneira incansável e contínua na Escola Paulista de Medicina (EPM) – hoje Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e Hospital Emílio Ribas (hoje Instituto de Infectologia Emílio Ribas – IIER). E foi Professor Titular da Faculdade de Medicina de Marília.
Atuou ainda com grande empenho na área de ensino, tanto na graduação como na pós graduação nas instituições às quais pertencia.
Na área de pesquisa, também se destacou: coordenou, no Brasil, alguns projetos internacionais relacionados a antibióticos, vacinas contra influenza, tendo sido premiado por pesquisas de interesse universal como por exemplo pelo Center for Disease Control and Prevention de Atlanta, EUA (CDC), relativo à vacinação de gestantes contra meningococos A e C e a passagem de anticorpos para o recém-nascido. Outros trabalhos pioneiros foram aqueles relativos à cinética da ceftriaxona quando injetada por via endovenosa ou intra muscular e o tratamento das meningites purulentas.
Participou da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações da Secretaria de Estado de Saúde do Estado de São Paulo desde sua criação, em 1967.
No entretanto, por opção pessoal, nunca disputou nenhum cargo eletivo na Associação de Pediatria de São Paulo (antiga Sociedade de Pediatria de São Paulo – SPSP), nem na Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Contudo nunca deixou de colaborar com as atividades dessas instituições, por meio de participação em congressos, seminários, jornadas, aonde ministrava suas sempre brilhantes e disputadas conferências e aulas. Presidiu os Comitês de Infectologia da SPSP e da SBP.
Durante vários anos, foi revisor do Jornal de Pediatria, Revista de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP, e ocasionalmente de diversas outras Revistas (Revista de Enfermedades Infecciosas en Pediatria-SLIPE; Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, entre outras.
Foi também Presidente do IV Capítulo do XI Distrito da Academia Americana de Pediatria e um dos fundadores da SLIPE – Sociedad Latinoamericana de Infectología Pediátrica, tendo participado também da criação da WSPID (World Society of Pediatric Infectious Diseases).
Foi o organizador, no país, dos primeiros Cursos de pós-graduação de Infectologia Pediátrica e de Imunizações.
Na área de ensino orientou inúmeras teses de mestrado e doutorado. Participou de um sem número de concursos/bancas, de Mestrado, de Doutorado, de Livre Docência e de Professor Titular.
Sua produção científica, foi profícua. Teve inúmeros artigos publicados não somente no Brasil como também no exterior. Além disso organizou e/ou editou duas dezenas de livros adotados nos cursos de Medicina em todo o país e foi autor de mais de uma centena de capítulos de livros.
Pertenceu a 12 Sociedades Médicas nacionais e internacionais, tendo recebido, entre prêmios e títulos honoríficos, 63 láureas dentre as quais podem-se destacar: Diploma de Honra conferido pela American Academy of Pediatrics (AAP) e Life Member of AAP – Honraria conferida pela AAP. Essas honrarias, sem nenhuma dúvida, exaltam e notabilizam alguém que teve devotada grande parte de sua vida à Infectologia Pediátrica.
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