Ac. Mário Santoro Jr
Presidente da Academia Brasileira de Pediatria
Ao longo da história da humanidade muitos foram os anos que a marcaram indelevelmente.
Seja porque fatos históricos notáveis ocorreram, seja por fatos religiosos ou culturais, seja porque a humanidade passou por graves privações decorrentes de guerras, pestes ou pandemia ou tantos outros trágicos acontecimentos. Este ano ficará marcado pelo aparecimento do terrível SARS COV2 que nascido na China se disseminou por todos os continentes. Por onde passou grandes foram as perdas, os sofrimentos e as dores.
Muitos de nós choramos por entes queridos, por amigos e colegas que a ele sucumbiram.
Desnecessário lembrar as trágicas cenas vividas nos hospitais com as UTIs lotadas!
Economia destruída em muitos países. Um passeio pelas cidades nos mostra que muitas delas ficaram quase cidades fantasmas. A quarentena, o isolamento social, os equipamentos de proteção individual, a higienização de mãos e objetos foram palavras de ordem comuns.
Como uma moeda, tudo tem dois lados. A par de tudo isso a humanidade teve que se reinventar pois, como diz o poeta, viver é preciso!
Na ordem do dia surgiram as compras on-line, a solicitação de delivery, o ambiente virtual. Neste, “lives“e reuniões virtuais proliferaram na internet.
Não foi diferente na nossa querida Academia Brasileira de Pediatria. Pela primeira vez em 25 anos de existência a assembleia de nossa Assembleia foi virtual. E pelos “feedbacks” recebidos parece ter sido um sucesso. Por óbvio que sentimos saudades dos abraços e do encontro presencial. Nada poderá substituir essas emoções e, assim, nossas Assembleias serão ainda muitas vezes presenciais. Mas, certamente, também haverá lugar para nossos encontros virtuais.
Alguns assuntos cabem melhor num encontro presencial e em função disto postergamos a posse dos Acadêmicos eleitos e a eleição de candidatos à Acadêmicos. O primeiro assunto porque entendemos que uma posse num sodalício deve se revestir da pompa e circunstância e que só uma solenidade presencial pode conferir esse requisito. O segundo assunto porque nosso Estatuto exige votação secreta, também mais bem feita em uma reunião presencial.
Apesar de todo transtorno dessa pandemia nossa Academia continuou com seu trabalho diário.
As biografias tanto cobradas têm sido entregues. Nosso próximo Fórum - que se denominará “Fórum Prof.ª Dra. Luciana Rodrigues Silva” - continua sendo carinhosamente preparado, devendo ocorrer no Maranhão em junho de 2021.
Nossa prezada Acadêmica Prof.ª Dra. Sheila Knupp de Oliveira editou um maravilhoso livro denominado “História da Reumatologia Pediátrica “que já se encontra disponível em nosso site. Que sirva de inspiração para novas colaborações sobre a História das Especialidades Pediátricas.
O nosso prezado Acadêmico dr. Milton Hênio Neto de Gouveia nos brinda neste número do Mercúrio com um excelente artigo intitulado “Solidão e depressão fruto do Coronavírus. Neste lindo texto do confrade Milton Hênio não só constata a existência do fenômeno como, resultado de sua imensa experiência de vida pessoal e profissional, aponta a saída para essa terrível armadilha que o Coronavírus nos preparou.
E já que o tempo é de ficar em casa nada melhor que aproveitar a indicação de leitura feita pela nossa diretora Cultural Académica Prof.ª Dra. Conceição Aparecida de Mattos Segre na sessão “Cultura” do nosso Boletim, o Mercúrio.
Também permito-me lembrar aos confrades e confreiras que estamos com o Edital aberto para preenchimento da vaga do acadêmico Roberto Nunes. Pedimos a gentileza de veicularem essa notícia.
Por fim a lamentar profundamente o passamento ocorrido esse ano do nosso querido Acadêmico Prof. Dr. AZOR JOSĖ DE LIMA! Que sua Alma esteja descansando na paz de Deus.
1 – Assembleia ordinária virtual
A Assembleia ordinária da Academia Brasileira de Pediatria que, segundo normas regimentais deve ocorrer uma vez ao ano, em função da pandemia do novel coronavírus neste ano de 2020, ocorreu virtualmente em 11 de setembro de 2020, com base na lei 14.010 de 10 de junho de 2020 e no artigo 16, item 1 e Parágrafo Primeiro.
Foram abordados os seguintes assuntos de relevância:
a) Deliberação sobre a passagem do Acadêmico Titular Roberto Moreira Nunes da Silva a Acadêmico Emérito conforme o artigo 17, item VI, letra b.
b) Deliberação sobre a vacância da cadeira de no. 25 ocupada pelo Acadêmico Roberto Moreira Nunes da Silva de acordo com o artigo 15, item IV, uma vez aprovada a solicitação assinalada no item “a” anterior;
c) Ações referentes à comemoração dos 25 anos da Academia Brasileira de Pediatria;
d) Adesão da ABP à uma campanha de conscientização da população em geral sobre a importância da asfixia perinatal – campanha “Setembro Verde Esperança” da SBP.
e) Solicitação aos Acadêmicos para que entreguem suas biografias que deverão constar no livro comemorativo dos 25 anos da ABP.
2- As pautas referentes à aprovação da Ata da última Assembleia e posse dos novos acadêmicos titulares foram postergadas para a próxima assembleia presencial.
3 - A eleição de novos Acadêmicos Titulares para três vagas existentes, também foi postergada para a próxima assembleia presencial.
4 - Na sessão “Tertúlia” da Assembleia da ABP foram abordados os seguintes temas:
a) Cuidar de crianças dá lucro? – Ac. Nelson Grisard
b) Zika, a mais recente arbovirose emergente no Brasil – Ac. João Regis
c) Saúde perinatal e covid 19 – Ac. Lícia de Oliveira Moreira
d) Paralelo entre duas grandes epidemias ocorridas no Brasil – Ac. Jayme Murahovschi
Ao término das apresentações houve acalorado debate entre os Acadêmicos.
5 – 22º. Fórum da ABP – Foi mantida a sede do Fórum “Prof.ª Dra. Luciana Rodrigues Silva” no Maranhão, em 06 de julho de 2021 (manhã e tarde), bem como a assembleia da Academia em 07 de julho (manhã e tarde) e 08 de julho (manhã), que serão realizados se houver possibilidade sanitária.
6 – A Acadêmica Shelia Knupp publicou o livro “História da reumatologia pediátrica” que se encontra disponibilizado no site da ABP para consulta de todos os pediatras. Trata-se de uma publicação primorosa, rica em detalhes, um marco na reumatologia brasileira. Parabéns à Acadêmica Sheila.
Ac. Milton Hênio de Gouveia
Solidão e depressão – frutos do Coronavírus
Estudos bem recentes têm mostrado que o isolamento das pessoas em decorrência dessa pandemia, tem levado muita gente ao desespero, principalmente os idosos, pela sua fragilidade orgânica e afetiva. A vida de cada pessoa do mundo mudou completamente com essa verdadeira tempestade, causada por esse agressivo vírus, que tem levado ao pânico e a morte milhões de seres humanos.
Para impedir o seu contágio e sua evolução, o Ministério da Saúde recomenda em todos os países do mundo que as pessoas evitem aglomerações e não saiam de casa. Esse isolamento, essa quarentena são indispensáveis para que as pessoas não sejam contagiadas. Isso é imprescindível, uma necessidade que assim seja feita. Vivemos atualmente em um mundo super habitado, agitado e em constante transformação. E quem mais sofre com essa agitação causada por essa epidemia, por esse isolamento são os idosos com sua convivência atribulada, perturbada, em apartamentos às vezes pequenos e cheios de familiares. Essa situação de isolamento tem angustiado muita gente, não só no Brasil como no mundo inteiro. O desemprego em massa também rompe a paz e a tranquilidade do ser humano. O bem estar do corpo e o bem estar da mente estão super ligados. Assim sendo, o aposentado ou o idoso após os 60 anos gosta de caminhar, de conviver na praça com os amigos do passado, de frequentar a casa dos amigos para distrair sua mente. De repente, ele se vê imobilizado. A disseminação do novo e infernal vírus tirou a sua paz. Ele está sentindo-se em plena solidão e muitos entram logo em depressão. E fica triste, sente-se isolado, chora às vezes e adoece.
Na verdade, no momento atual são muitas as pessoas até jovens, que estão aflitas, sentindo-se angustiadas, nervosas, com insônia, medrosas, inquietas, em decorrência da situação atual que nos encontramos.
Vamos esperar que Deus nos ajude, livrando-nos em tempo desse maldito vírus que tem transformado a vida do ser humano no Planeta Terra.
Pela sua natureza, o ser humano não tende à solidão, mas à comunhão. Isso em sua maioria. No fundo, nós temos a extrema necessidade de sentir-se alguém que precisa do outro. Com efeito, o sofrimento que provoca o sentido de solidão, de isolamento é terrível, pois transmite para quem recebe uma sensação de desespero e quebra o seu sistema imunológico. Suas endorfinas (hormônio produzido quando você está feliz) estão sempre em baixa quando você está triste.
Meu caro companheiro idoso, tenha certeza de que essa tempestade vai passar e logo vamos caminhar vendo belas paisagens. Na vida tudo passa. É só seguir em frente ao ritmo da fé e da esperança. Fique aí no seu isolamento enquanto dura esse período, ouvindo uma boa música, fazendo uma boa leitura, caminhando se possível em torno de sua casa 30 min por dia, fazendo massagem nos pés, ouvindo o canto da passarada ao amanhecer e lembrando-se sempre das palavras animadoras do Cristo: “ Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Sejam sempre felizes.
Acadêmica Conceição A.M. Segre
Título – Favores vulgares – A história real do homem que matou Gianni Versace
Vulgar favors – The hunt for Andrew Cunanan, the man who killed Gianni Versace
Autor – Maureen Orth
Tradução – Jim Anotsu
Copyright 1999
Copyright da tradução 2018
Editora Vestígio
Este livro inspirou a série de TV vencedora do Emmy de 2018. Maurren Orth, sua autora, é jornalista premiada por seu trabalho de reportagem para escrever este livro. Ela já traçou o perfil de grandes nomes internacionais desde Margaret Thatcher e Angela Merckel até Taylor Swift. A narrativa jornalística em Fatores vulgares contém uma análise detalhada e instigante sobre o perfil do assassino de Gianni Versace, o famoso designer de moda. Ela foi a fundo para conhecer tudo sobre Andrew Cunanan, o assassino. Ao mesmo tempo descreve com minúcias o ambiente do final do século XX, de São Francisco a New York. Fatores vulgares é um livro que prende a atenção desde a primeira até a última página.
Prof. Dr. Azor José de Lima
Academia Brasileira de Pediatria recebeu com grande pesar o passamento do Acadêmico Prof. Dr. Azor José de Lima, ocorrido em 22/08 deste ano de 2020, na cidade do Rio de Janeiro.
Prof. Dr. Azor José de Lima, ocupante da cadeira n°9, cujo patrono é Dr. José Martinho da Rocha, foi responsável pela formação de um grande número de Pediatras e deixou um enorme legado para a Medicina, especialmente para a Pediatria.
Pela sua obra Prof. Dr. Azor José de Lima se tornou imortal e, certamente, continuará a ser exemplo a todos que almejam ser Pediatras!
Azor José de Lima nasceu em 1934, em Ituverava (SP). Seu nome origina-se do nome de sua mãe “Rosa”, lido de traz para frente. Seu pai morreu cedo e a família se uniu, diante desta adversidade. Aos doze anos teve febre tifoide, doença extremamente letal na época. Ainda doente, conta a lenda, teve a visão de uma freira dizendo que o salvaria, se ele dedicasse sua vida às crianças. Azor se curou, decidiu ser médico e cuidar de crianças.
Mudou-se para o Rio de Janeiro um ano antes de começar a faculdade de Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O prestígio do campus da Praia Vermelha e o fato de ter um irmão estudando na instituição impulsionaram sua vinda. Como interno, frequentou o Departamento de Clínica Pediátrica da Policlínica Geral do Rio de Janeiro.
Quando se formou, em 1958, prestou concursos públicos para a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Foi avaliado pelo professor José Martinho da Rocha que, diante de seu desempenho no exame, o convidou para integrar sua equipe no Instituto Martagão Gesteira. Azor trabalhou com o professor no período de 1963 a 1969. Em 1967, fez o concurso de Livre-Docência, mas saiu do Fundão para organizar cursos de graduação de Pediatria, inicialmente em Vitória (ES) e depois na UNI-Rio, no Rio de Janeiro.
Em Vitória, foi convidado para organizar a implantação do Serviço de Pediatria no Espírito Santo. Além disso, organizou um centro de estudos, a Residência Médica em Pediatria e a Sociedade Espírito-santense de Pediatria, entidade que se tornou responsável pelo exame para obtenção do Título de Especialista em Pediatria (TEP).
Em 1965, publicou o livro Pediatria Essencial e, com a Pediatria estabelecida em Vitória, voltou ao Rio de Janeiro, onde fez concurso para a UNI-Rio. Inicialmente rudimentar, com um único ambulatório, sem enfermaria, berçário ou sala de aula, a instituição foi aos poucos transformada por Azor. Com o tempo, montou uma equipe de assistentes, construiu um amplo espaço de formação de pediatras com UTI bem equipada, organizou a primeira Residência da Universidade e cursos de especialização.
Na Sociedade Brasileira de Pediatria, fez parte de vários comitês e deu vários cursos por todo o País. Em 1981, sucedeu a Reinaldo Martins na Presidência, quando conseguiu organizar 45 Cursos de Integração Pediátrica em âmbito nacional.
Durante sua campanha para a Academia Nacional de Medicina, esbarrou em vários obstáculos, devido ao baixo prestígio da Pediatria na entidade. Ainda assim, conseguiu ocupar uma de suas cadeiras e tornou-se o único Pediatra a ocupar, ao mesmo tempo, uma cadeira naquela entidade e no Conselho Acadêmico da SBP.
O nome do Prof. Dr. Azor José de Lima não será jamais esquecido porque seus ex-alunos e amigos, companheiros de lutas e ideais, dele sempre se recordarão com afetuosa saudade perpetuando-o na história da Pediatria Brasileira.
Caros confrades e confreiras, nossos votos de Boas Festas e um feliz 2021 sem vírus, sem máscaras e sem isolamento! Viva a vida normal!!!
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