Entre outras, a COVID reafirma requisitos essenciais da Medicina!
Inegavelmente, 2020 e 2021 foram anos atípicos, não previstos e que marcaram definitivamente nossa vida, assim como, despertaram vários sentimentos e deixaram importantes lições. A mortalidade alarmante e descontrolada na fase aguda da epidemia escancarou nossa vulnerabilidade e fragilidade. A sensação de desamparo aumentava à medida que a fragilidade da saúde pública era revelada de forma cruel com mortes desassistidas e médicos trabalhando sem as mínimas condições. Não havia como não se indignar ou se revoltar com a incompetência administrativa e desvio de recursos públicos, tantas vezes denunciada, protagonistas do caos que nosso país viveu nos picos da pandemia.
Porém, aos poucos o cenário foi-se modificando. As profecias de personagens sem a mínima base intelectual para qualquer protagonismo foram fragorosamente desmascaradas (é apenas uma gripezinha; teremos menos óbitos que na epidemia do H1N1; as vacinas modificarão o DNA dos vacinados; a imunidade de rebanho controlará a epidemia; uso precoce de antihelminticos, antibióticos e corticoides é protetor; e tantas outras sandices). Resultado de um conjunto de fatores, a maioria deles alheios e em oposição às determinações governamentais, alcançamos consistentes decréscimo nas taxas de contágio e mortalidade, dentre as quais há que ressaltar: a determinação e resiliência de médicos e enfermeiros que atuaram na linha de frente, a perseverança dos cientistas na busca de vacinas, a prudência de grande parte da população por 2 aderir ao resguardo e uso de máscaras e, especialmente, a adesão maciça da sociedade ao programa de vacinas.
Na perspectiva médica fica um grande legado e algumas reafirmações. Demonstrou-se, mais uma vez, que a arrogância na ciência leva a cegueira intelectual, por causar incapacidade de identificar fatos realmente relevantes. Pois, os avanços no controle da epidemia só ocorreram por haver cientistas capacitados e dotados de humildade para reconhecer e identificar as lacunas de conhecimento. Outra grande afirmação é que os médicos na linha de frente que realmente fizeram a diferença no enfrentamento dessa doença, além de excelente qualificação técnica, tinham em comum alguns atributos fundamentais, tais como: empatia, compaixão, resiliência, determinação e capacidade de liderança.
É inegável que a tecnologia está e estará presente de forma crescente e imprescindível em várias de nossas atividades. Na saúde, a tecnologia permitiu avanços imensuráveis influindo decisivamente nos índices de cura, mortalidade, prognóstico e, inclusive, mudanças na epidemiologia de doenças. Entretanto, em nossa ação diária junto aos pacientes, a tecnologia atua de forma complementar às habilidades e competências que consolidaram a medicina ao longo dos séculos como ciência. Ao médico é esperado que além do conhecimento técnico, demonstre empatia, compaixão, seja sensível e solidário com seus pacientes. Esses atributos não são substituídos e tampouco compensados pela tecnologia. Nos diversos estudos e depoimentos envolvendo pacientes sobreviventes da epidemia de Covid, uma manifestação comum e recorrente era a gratidão de pacientes e familiares aos profissionais por estarem ali de forma solidária no dia a dia dando todo o suporte. Gestos simples como fazer uma videochamada com os familiares para que se comunicassem com um paciente imediatamente após sua extubação tiveram um significado enorme e impacto imensurável na capacidade de recuperação.
Frequentemente, cruzava nos corredores do hospital com colegas da UTI saindo exaustos de seu plantão noturno, mas, mesmo assim, com um sorriso revelador da satisfação do dever cumprido. Em nossos curtos diálogos, enquanto escutava as incríveis histórias que protagonizaram em seus plantões, me ocorria uma frase que um colega e professor da faculdade repete como um mantra: “Para ser médico, tem que gostar de gente”! Mais outra grande a afirmação que esta epidemia confirmou plenamente.
Dr. Jefferson Pedro Piva
Presidente da Academia Brasileira de Pediatria (gestão 2021-2023)
1) No dia 03/12/2021, a Universidade Federal do Paraná concedeu à Turma Médica UFPR-1961, o Diploma de Jubilamento - bodas de Diamante, pelos 60 anos de formados. Foi escolhido para ser o orador da turma o prof. Dr. Nelson Grisard, Titular da Cadeira nº 20 na Academia Brasileira de Pediatria. O discurso emocionou a todos tendo sido o orador aplaudido de pé. Academia Brasileira de Pediatria parabeniza o Ac. prof. Dr. Nelson Grisard.
2) O prof. Dr. João Régis, Titular da Cadeira nº 26 é autor do interessante e atualíssimo artigo: “Considerações do Momento sobre a Pandemia de Covid- 19”, publicado no Boletim Informativo do Instituto Pernambucano de História da Medicina. Recomendamos a leitura. Disponível no link: https://www.jornalmemorialdamedicina.com/index.php/jmm/libraryFiles/downloa dPublic/8
3) No final do ano próximo passado o prof. Dr. Mario Santoro Junior foi um dos médicos homenageados pelo CREMESP-Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. A Cerimônia que ocorreu com 2 anos de atraso , em função do atual momento pandêmico, homenageou os médicos paulistas que alcançaram 50 anos de Exercício Ético da Medicina. Na ocasião foi entregue a cada homenageado um Diploma e uma Medalha.
4) O Ac. Mario Santoro Junior, atual Diretor de Comunicação da Academia Brasileira de Pediatria, foi indicado pelo Presidente prof. Dr. Jefferson Pedro Piva, para substituir a profª Dra Conceição Aparecida de Matos Segre como representante da Academia Brasileira de Pediatria – ABP junto à Fundação Sociedade Brasileira de Pediatria - FSBP, haja vista que nosso sodalício ocupa uma cadeira naquela Fundação com direito a voz e voto.
5) o Presidente da Academia Brasileira de Pediatria, prof. Dr. Jefferson Pedro Piva enviou a prof ª Dra Conceição Aparecida de Mattos Segre um ofício com os agradecimentos pelo seu trabalho junto àquela Fundação.
6) O Ac. prof. Dr. Sidnei Ferreira, professor Associado da Faculdade de Medicina da UFRJ, lançou o livro “Mistanásia”, referente aos seis anos que antecederam a pandemia e o primeiro ano desta, analise de ações e omissões.
Expoente da Pediatria em Maceió, prof. Dr. Milton Hênio conta sua história profissional
A partir desta edição, o boletim “O Mercúrio”, da Academia Brasileira de Pediatria (ABP), contará com a seção “Entrevista com os Acadêmicos”. E, para inaugurá-la, o primeiro convidado é o Acadêmico Dr. Milton Hênio Netto de Gouveia, ocupante da cadeira de número 27, cujo patrono é a professora. Dra. Amélia D. C. de Macedo Ribeiro.
Nascido em 6 de maio de 1937, dr. Milton Hênio tomou posse na ABP em 7 de março de 1997 e passou para Acadêmico Emérito em 26 de abril de 2019. Com vasta experiência na medicina, também atuou em outros segmentos para contribuir com a melhoria de vida da população alagoana.
Com 59 anos de profissão, recentemente anunciou sua aposentadoria e, em seguida, recebeu o reconhecimento da Câmara Municipal de Maceió (AL) pelos seus serviços prestados durante esse período.
Durante o bate-papo, o pediatra compartilhou suas experiências ao longo da carreira, falou sobre o reconhecimento e homenagens recebidas, e do gosto pela literatura, entre outras atividades exercidas em prol das crianças e adolescentes.
“Participei intensamente da minha vida de médico, transformando a medicina na minha missão divina, buscando fazer as pessoas mais felizes” declarou dr. Milton Hênio. 5
Leia, a seguir, a íntegra da entrevista.
O Mercúrio – Recentemente, o senhor, após anunciar sua aposentadoria, recebeu o reconhecimento da Câmara Municipal de Maceió por seus 58 anos de atividade profissional. Poderia nos contar um pouco sobre esse reconhecimento?
Dr. Milton Hênio – Em 15 de dezembro de 2021, completei 59 anos de medicina e, então, desde que me formei eu atendi meus pacientes em Maceió, capital de Alagoas, cidade com 60 mil habitantes e fiz um ciclo de amizade muito grande. Fui nomeado médico da Polícia Militar, depois de dois meses formado, e médico da prefeitura. Assim, fiz muitas amizades, de modo que, para você ter uma ideia, cada menino que nascia e examinava, eu era convidado por algum pai, que me dizia: “doutor, o senhor não quer ser padrinho desse menino?” E, por conta disso, eu nem sei quantos afilhados eu deixei lá. Já na Câmara de Vereadores, muitos deles foram meus clientes quando eram pequenos, e então, eu fazia muito trabalho cultural, independentemente de ser pediatra. Participava de reuniões na Sociedade de Medicina todos os meses, eu fazia reuniões e palestras para as mães na Polícia Militar. Na Câmara de Vereadores de Maceió, recebi, por duas vezes, honrarias e títulos. Na Assembleia Legislativa do Estado também recebi a Comenda Ledo Ivo, de modo então que essas homenagens são uma forma de gratidão para comigo. A minha vida de médico foi dedicada à população, eu fundei APAE de Maceió com a dona Leda, mãe do Fernando Collor. Passei 30 anos frequentando essa instituição, cuidando daqueles meninos com lesão cerebral, com o maior prazer do mundo. De certo modo, minha atuação na medicina me proporcionou transformar o meu trabalho em missão divina, pois procurei fazer as pessoas felizes. Me sinto profundamente realizado ao concluí-la.
O Mercúrio – É de conhecimento público que o senhor é um profissional consagrado nas suas atividades. Poderia nos contar como se deu sua escolha pela medicina e, particularmente, pela pediatria?
MH - Eu escolhi a medicina porque, quando criança, tinha um tio meu que era pediatra no Rio de Janeiro, com o meu nome, Milton Braga Neto. E ele, então vinha passar Natal em Maceió e sempre me dizia que eu seria médico. Ele atuou no Ministério da Saúde na época do governo do presidente Dutra e, então, na minha adolescência, eu ia para o Rio de Janeiro e meu tio me levava para frequentar reuniões no Hospital dos Servidores do Estado (HSE), despertando em mim o interesse pela pediatria. Foi a minha melhor escolha, ser pediatra, e ter a oportunidade de tratar das crianças, sobretudo as que sofrem depressão e são atingidas emocionalmente com traumas que podem causar danos para o resto de suas vidas.
O Mercúrio – Poderia nos contar sobre sua trajetória profissional? O senhor sempre clinicou em Maceió? Além de sua farta clientela particular, o senhor exerceu outras atividades clínicas?
Dr. Milton Hênio – Além das minhas atividades clínicas, atuei como membro da Sociedade Alagoana de Pediatria; da Academia Brasileira de Pediatria; do 6 Rotary Club de Maceió; do Conselho Regional de Medicina. Mas em todas as rotinas, por ser médico naquele tempo, havia então em mim uma psicose em fazer palestras para as pessoas. Na APAE, por exemplo, eu me senti muito realizado, porque durante 30 anos fui coordenador. Em minhas palestras, sempre procurei fazer as pessoas felizes e transmitir a importância do afeto, da gentileza e do amor para quem me ouvia.
O Mercúrio – Sabemos que o senhor foi inovador até mesmo no atendimento a pessoas em situações de rua. Poderia nos contar sobre essa sua vivência em assuntos comunitários?
Dr. Milton Hênio - Sim, eu encontrava meninos aflitos e angustiados, e sempre eu procurava levá-los para uma sala na APAE, onde eu reunia todos eles. A partir daí, procurava ajuda do comércio de Maceió, e com parceria das lojas, euos ajudava. Naquele tempo não tinha o Sistema Único de Saúde (SUS), tendo em vista que este foi criado pelo Fernando Collor de Mello. Ou seja, naquele tempo, era a figura do indigente, que era a pessoa muito pobre. Tínhamos uma enfermaria na Santa Casa só de indigente com duzentos leitos, e eu tratava de todos eles, sempre usando a palavra como estímulo e tentando cada vez mais melhorar a mente de cada um deles. Como eu era estagiário da polícia e depois fui médico, eu pegava o ônibus da polícia todo sábado, colocava os doentes que estavam em situação melhor e ia passear em um coqueiro que ficava em uma praia chamada Gogó da Ema. Fiz isso todo o sábado durante anos. Levava-os para um passeio na praia. Aqueles que tinham condições, molhavam os pés no mar e isso os deixava muito felizes. Essa atitude me mostrou que, de fato, estimular a mente de um doente, alguém que está sofrendo ou sem esperanças com a vida, é importantíssimo. Então, eu sempre prezei pela palavra como fator importante, para ser espalhada entre aqueles que estão aflitos, angustiados e sofridos.
O Mercúrio – Pode nos falar sua experiência em entidades beneméritas e associativas?
Dr. Milton Hênio - Então, tudo era diferente de hoje, porque naquele tempo, Maceió era uma cidade pequena, tudo era mais fácil. Hoje a população cresceu demais. Tinha uma famosa loja, chamada Brasileiras, que oferecia lanches. Todo sábado eu ia lá buscar com os enfermeiros da Santa Casa, pois eles faziamum lanche diferente. Todo o sábado vinha um padre celebrar uma missa às 10 horas da manhã na APAE na Santa Casa, sempre desenvolvendo o sentindo devida e esperança naquelas crianças carentes. Nosso objetivo era fazer com queaquelas pessoas sofridas não ficassem desesperadas. Eu estimulava muito coma palavra, por meio de crônicas que eu escrevia para os jornais. Penso que a palavra pode tocar almas. Sempre procurei estimular bons pensamentos nas pessoas sofridas que eu encontrava, de modo a fazê-las felizes.
O Mercúrio – O senhor é um membro reconhecido da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES). Poderia nos contar sobre essa sua outra vocação, ou seja, o seu amor pela literatura?
Dr. Milton Hênio - Sim, eu sempre gostei de literatura desde a minha adolescência, porque eu gostava de escrever no colégio. Eu tenho mais de dez livros e todos falando sobre a arte de curar e sobre o próximo. Produzi títulos que expandem a capacidade das pessoas acreditarem no seu melhor, porque o mundo é muito sofrido. Vi que poderia ser um mensageiro da paz, e, nesse processo, produzi vários livros, centenas de artigos para expandir entre os amigos da região e para as pessoas. Nesses anos de medicina fui membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores; da Associação Alagoana de Imprensa; da Academia Alagoana de Letras; da Academia Brasileira de Pediatria; e do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello. Há 40 anos faço parte da diretoria do jornal Gazeta de Alagoas, pois foi uma forma de eu expandir o meu pensamento e, também, ajudar as pessoas. Aqui no Nordeste, 17% da população é composta por semianalfabetos, e isso é uma triste realidade no ano de 2021. Então, sempre converso com os prefeitos para eu poder fazer palestras nos grupos, para que a cultura seja frisada no povo nordestino, pois sem cultura ninguém evolui.
O Mercúrio – Seus artigos muitas vezes trazem reflexões sobre a família além de versarem sobre aspectos espirituais e sobre crianças. Como o senhor vê a família neste momento em que vivemos? Como vê as crianças inseridas nestas famílias?
Dr. Milton Hênio - Eu vejo com muita preocupação e desgosto, porque o mundo mudou. Recentemente foi divulgado que 56% dos jovens casais que se casam hoje não completam cinco anos de matrimônio. Ou seja, é grande a quantidade de crianças que sofrem quando os pais se separam. A criança grava para sempre o que ela vê na sua infância. Aquilo que é de graça, isto é, o beijo, o abraço e o afeto, a criança recebe como um prêmio e ela cresce com todas as imagens que viu na infância. Essas imagens são reproduzidas e não sairão nunca da cabeça delas. Desse modo, serão adultos felizes ou adultos infelizes no futuro. Hoje o mundo mudou, temos muito mais jovens drogados, casais separados, e uma quantidade imensa de pessoas infelizes no Brasil e no mundo. E isso é terrível para o futuro das crianças. Como será o caminhar delas pela vida? Isso, é uma coisa que me preocupa muito. A quantidade de crianças que perdem a virgindade muito cedo, tanto meninas como meninos, são muito grandes no Brasil inteiro, como também é grande a quantidade de crianças que nascem em famílias desestruturadas, seja o sem o pai ou a mãe presente. Então, isso me entristece, sobretudo para uma pessoa da minha idade, porque não era isso que a gente via no passado. A modernidade trouxe crescimento e atualização, mas as pessoas sofrem, sobretudo quando saem dos seus limites. Prezo para que as pessoas se conscientizem de não sair dos seus limites, pois quando isso ocorre, nossa vida não fica nada agradável.
O Mercúrio – Qual sua visão do mundo de hoje?
Dr. Milton Hênio - A minha visão do mundo de hoje é que se não mudar, veremos grandes tragédias por toda banalidade nas relações entre as pessoas, sobretudo na juventude e o modo de como as pessoas têm levado a vida, ao ponto de elas esquecerem que a vida é uma passagem. As pessoas agem com 8 negligência sem ao menos pensar no que está plantando, porque no fim, importa o que você fez em vida. Então, eu procuro conscientizar as pessoas que a vida é uma passagem, que o importante é viver o dia de hoje com alegria, ternura e valores.
O Mercúrio – Em sua opinião, a espiritualidade combina com a medicina de hoje, cada vez mais cheia de protocolos e fluxogramas?
Dr. Milton Hênio - É pelo seguinte, a população cresceu muito. Hoje 80% dos brasileiros dependem do SUS. A população do Brasil é imensa e desprovida de dinheiro, de modo que é necessário um alto volume de médicos para atender uma população tão grande. Os próprios médicos sofrem muito, porque não têm tempo e condições favoráveis para conversar com seus pacientes, são muitos constrangimentos e dificuldades envolvendo o trabalho do médico com seu paciente. Consequentemente, o paciente sofre até ser atendido. Minha maior esperança é que chegue um governante que melhore essa situação, reconhecendo o valor da medicina, evitando certos constrangimentos que dificultam o nosso trabalho a fim de gerar um melhor ambiente para todos, uma vez que é necessária a conscientização que a mente e o corpo andam juntos, pois é importante ter esse equilíbrio para viver uma vida saudável.
O Mercúrio – Qual sua vivência e como o senhor vê a trajetória da ABP nestes 26 anos de existência?
Dr. Milton Hênio - A Academia Brasileira de Pediatria foi uma das maiores graças que eu consegui. A partir da Academia de Medicina fui conhecendo a minha turma. Benjamin Kopelman e Jayme Murahovschi são alguns da infinidade de amigos queridos, que estão sempre convivendo comigo e eu enviando meus artigos, que escrevo todo sábado na Gazeta, para eles. De modo que todos eles me respondem, como Lauro Machado, Benjamin Kopelman, Edward Tonelli, Ennio Leão, Nubia Mendonça, enfim todos eles que são maravilhosos, e que procuram expandir os cuidados que a criança brasileira tem que ter. Deste modo, todos que estão na Academia Brasileira de Pediatria são criaturas extraordinárias, foi uma felicidade enorme eu pertencer à ABP. Participei de vários fóruns, sendo que tenho um resumo de quase todos eles guardados com muito carinho.
O Mercúrio – Para finalizar, qual conselho poderia dar aos jovens médicos que pensam em se especializar em pediatria?
Dr. Milton Hênio - O conselho que dou a eles é este: lembrem-se que vocês são mensageiros da paz, que a sua palavra possui um remédio. Sempre digo, nenhuma farmácia vende esse remédio, que é a palavra do médico. Procure tratar o seu doente com paciência, entusiasmo, abnegação e amor, procurando esclarecer a doença daquela criança, verificar qual o diagnóstico e tranquilizar os pais. O sorriso que a criança recebe do seu médico possui um valor enorme. Criem esse laço fraterno, não se limitem ao carinho, pois esse laço entre médico e paciente ajuda inegavelmente no processo de recuperação da doença. Digo isso por experiência própria. Durante 59 anos de medicina eu tive essa conduta 9 e me realizei por isso. Por distribuir amor entre as pessoas sofridas, participei da vida de cada um como se fosse um pai ou avô. Então, o que digo para o jovem médico é isso: exerça sua profissão com amor, dedicação, carinho e entusiasmo, sempre olhando para a frente com alegria e fé no coração
Sob a coordenação geral do prof. Dr. Navantino Alves Filho o livro “Primórdios da Neonatologia no Brasil” já se encontra com 368 páginas e conta até o momento com 300 figuras.
As Diretorias da Academia Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade de Puericultura e Pediatria do Maranhão estão trabalhando com afinco para a realização do 22º Fórum profa Dra Luciana Rodrigues Silva que será realizado em junho do corrente ano na cidade de São Luís do Maranhão.
Para tanto foram constituídas as Comissões Organizadora Central e Local:
Comissão Organizadora Central
Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria
Luciana Rodrigues Silva
2º Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria
Edson Ferreira Liberal
Diretor Presidente da Academia Brasileira de Pediatria
Jefferson Pedro Piva
Diretor Vice-presidente da Academia Brasileira de Pediatria
Navantino Alves Filho
Diretora Secretária da Academia Brasileira de Pediatria
Sheila Knupp de Feitosa de Oliveira
Diretor de Comunicação da Academia Brasileira de Pediatria
Mário Santoro Junior
Comissão Organizadora Local
Presidente da Sociedade de Puericultura de Pediatria do Maranhão
Marynea Silva do Vale
Membro Titular do Conselho Consultivo da Sociedade de Puericultura de Pediatria do Maranhão
Zeni Carvalho Lamy
Membro Titular do Conselho Consultivo da Sociedade de Puericultura de Pediatria do Maranhão
José Francisco das Chagas M. Avelar
Presidente do Encontro Multiprofissional
Milady Cutrim Vieira Cavalcante
Tesoureira da Sociedade de Puericultura de Pediatria do Maranhão
Gabriella Miranda Martins
O 22º Fórum será realizado no Hotel Luzeiros em São Luís do Maranhão. Em breve será anunciada a Programação Científica. Acesse os links abaixo e conheça o Hotel Luzeiros em São Luís do Maranhão e a linda cidade de São Luis do Maranhão https://www.luzeirossaoluis.com.br/index
http://turismosaoluis.com.br/historia_da_cidade/100
Seguem abaixo duas sugestões de leitura, com textos agradáveis e enriquecedores.
1) Comentários da Ac. Conceição Aparecida de Mattos Segre
Cadeira nº 29 da Academia Brasileira de Pediatria - ABP
Cadeira nº 28 da Academia de Medicina de São Paulo - AMSP
Título: Cartada final Título original: The Guardians
Autor: John Grisham
Tradução: Roberta Clapp e Bruno Fiuzza 1ª Edição – São Paulo, Editora Arqueiro Ltda, 202, 320 páginas
Aqueles que apreciam o gênero romance policial provavelmente já terão lido um livro (ou mais de um até) de John Grisham. O autor, advogado de profissão e atualmente aposentado, sempre coloca em seus livros aspectos contemporâneos do funcionamento da Justiça norte-americana.
Em “Cartada final” a estória se passa em uma pequena cidade da Flórida, quando um jovem negro, Quincy Miller, é preso, julgado e condenado à prisão perpetua pelo assassinato de um advogado local. A Guardiões da Inocência, uma pequena organização que se ocupa em lutar contra condenações injustas e a defender pessoas que foram acusadas de um crime que possivelmente não o tenham cometido, recebe uma carta do rapaz acusado e o advogado Cullen Post que é partícipe, ou melhor, sócio dessa organização resolve procurar a verdade. Acontece, porém, que o caso é mais complicado do que a princípio parecia e cheio de meandros que tornam a missão muito perigosa, colocando não somente a vida de Quincy em risco, mas a própria vida de Post também. Tem ele que desmascarar poderosos locais, os verdadeiros criminosos, que obviamente não querem que Quincy seja solto. Para complicar ainda mais o caso, tudo se passou há mais de 20 anos atrás.
O livro é realmente fascinante e uma leitura que propicia entretenimento garantido! Recomendo.
2) Comentários da Acadêmica Leontina da Conceição Margarido
Cadeira nº 50 da Academia de Medicina de São Paulo - AMSP
Título: Marie Rennote
Autor: Helio Begliomini
1ª Edição São Paulo, Expressão e Arte Editora, 2021,80 páginas
Jeanne-Françoise-Joséphine-Marie Rennotte, nasceu em 11 de fevereiro de 1852, numa pequena cidade da Bélgica; aos 22 anos, concluiu o Curso normal e após realizar exames em Paris, obteve (1874) o “Brevet de Capacité pour l’Enseignement Primaire”, concedido em caráter oficial, pela recém- constituída República francesa. Ainda no século XIX para o XX, mesmo com pouca idade, consegue incentivar, modificações das condutas religiosas e açõeseducativas inovadoras, como incluir meninas nas salas de aulas, fundamentadasna ciência já em evolução em alguns países europeus e, apoiada por políticos republicanos e outras lideranças cariocas e depois paulistas (Piracicaba) da época.
Após graduar-se em medicina nos EEUU (1892) e pós graduar-se em Paris (1895), aos 43 anos, instala-se na capital paulista, onde torna-se a primeira mulher a exercer medicina, como obstetra, ginecologista e neonatologista, dedicando-se à mulher e sua descendência, de diversos níveis sociais. Assim, também na medicina, abre novos horizontes, numa época em que a saúde pública era restrita à preocupação mais imediata com o saneamento urbano e, mais dedicada às camadas mais privilegiadas da sociedade; ela perseguia objetivos mais essenciais, sempre, inspirada nos valores libertários que haviam regido sua atuação como pedagoga.
Administrou a Maternidade de São Paulo, desde sua fundação, onde cria e significantes paradigmas, muito enaltecidos; igualmente, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, desenvolve trabalhos expressivos junto com Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho. Em 1908, com exemplar humanismo e dedicação ao próximo, organiza a Regional Paulista da Cruz Vermelha objetivando assistir crianças e jovens carentes.
Essa trajetória tão marcante, justificou sua eleição como a primeira mulher a integrar a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, “Academia de Medicina de São Paulo”.
Enaltecemos o Dr. Helio Begliomini pelo resgate dessa elogiável trajetória humanística e justa homenagem à Dra. Marie Renotte.
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