Abelardo Santos (1916-1988)

Abelardo SantosAbelardo Santos nasceu em 3 de dezembro de 1916, em Belém do Pará. Sua trajetória de vida e sua carreira profissional revelam um homem que associou medicina e cultura. Um pediatra que formou pediatras. Um homem de letras que fez medicina. Um gestor de saúde. Um crítico de arte. Um paraense. Um brasileiro. Um pioneiro na pediatria paraense. Como muitos médicos, medicina e arte caminhavam juntas dentro de um mesmo ser humano.

Abelardo Santos cresceu nos áureos tempos da borracha da Amazônia. Estudou em colégios particulares, tendo uma formação básica de alto nível. Aprovado no vestibular ingressou no curso médico da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará. O diploma foi obtido em 1939, com a tese de doutoramento abordando a inapetência infantil. Ao se formar, fez estágios de Pós-Graduação no Rio de Janeiro no Hospital Jesus e no Instituto Nacional Puericultura: duas referências no tratamento de crianças. Nos anos seguintes, sua carreira profissional desenvolveu-se exclusivamente em Belém.

A assistência, a gestão e a formação profissional na área pediátrica configuram um tripé indissociável em sua trajetória profissional.

Como clínico e gestor, trabalhou e chefiou o serviço de pediatria do Instituto Ofir Loiola e do Hospital da Santa Casa da Misericórdia do Pará, onde permaneceu até 1980. Foi médico do serviço de assistência social da Prefeitura Municipal de Belém e da Liga Brasileira de Assistência, desde 1940. No início dos anos 1950, começou a organizar, nos porões da Santa Casa da Misericórdia, as bases para o ensino da pediatria no Pará. Em 1949 defendia sua tese de livre-docência assumindo a cadeira de Clínica Pediátrica Médica e Higiene Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará. Dez anos depois tornou-se catedrático da mesma disciplina. Abelardo Santos se firmou, com o passar dos anos, como uma das mais importantes referências de pediatria na região, formando o que se pode chamar de Escola Pediátrica Paraense.

Abelardo Santos deixou um legado para as gerações que o sucederam na pesquisa e prática da medicina pediátrica. Autor de dezenas de artigos relevantes na área científica, obteve, ao longo dos anos, amplo reconhecimento das autoridades por sua dedicação às atividades didáticas em seu estado natal. Detentor de vários títulos honoríficos, foi membro titular do Instituto Paraense de História da Medicina, membro fundador da Academia Paraense de Medicina e membro do Conselho Universitário da Universidade Federal do Pará. Integrou e dirigiu todas as entidades de sua área no Pará, representando o estado em dezenas de congressos, conferências e simpósios. Ele foi fundador e presidente da Sociedade Paraense de Pediatria e presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Enquanto ocupou o posto máximo da SBP, procurou chamar a atenção de seus associados para os temas da assistência aos prematuros e aos recém-nascidos, estimulando a ampliação da formação profissional no tocante à higiene e à medicina preventiva.

O traço distintivo de sua trajetória reside, exatamente, no fato de ter alcançado tamanha projeção no meio médico e pediátrico local, e ter desenvolvido, ao mesmo tempo, intensa e significativa atuação no campo cultural. Cultura e medicina se fundem em sua história.

Desde os tempos de estudante demonstrava seu pendor pelas letras. Ao longo de sua vida, suas intensas atividades acadêmicas e profissionais não o impediram de manter constante atuação como arguto cronista social e crítico de artes em publicações como “Novidade”, “A Semana”, “Folha do Norte”, “O Estado do Pará” e “O Liberal”. Neste último, manteve, por longos anos, uma coluna semanal intitulada “Cultura”. Nela, Abelardo Santos abordava assuntos os mais variados, angariando elogios e reverências de seus leitores. Amante da música erudita dedicou-se ainda à crítica de espetáculos musicais, meio em que construiu notável reputação por sua independência. Seus comentários revelavam ser um observador em sintonia com seu tempo. Embora fosse um defensor incansável da cultura paraense, Abelardo Santos, sempre que a ocasião lhe parecesse oportuna, repudiava todas as manifestações de traço provinciano. Sua marcante trajetória também como homem de letras, acabou lhe valendo a eleição, na década de 1970, para o “Conselho Estadual de Cultura do Pará” e o “Instituto Histórico e Geográfico do Pará”. O coroamento definitivo viria em 1986, com sua eleição para a “Academia Paraense de Letras”.

Abelardo Santos faleceu no dia 12 de novembro de 1988. Ele ocupou a presidência da Sociedade Brasileira de Pediatria em 1959 e foi homenageado pela Sociedade Paraense de Pediatria sendo indicado como patrono da Cadeira 21 da Academia Brasileira de Pediatria.



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