Álvaro Pontes Bahia (1891-1964)

Álvaro Pontes BahiaÁlvaro Pontes Bahia nasceu em Salvador, Bahia, em 17 de dezembro de 1891. Ele foi filho de José Estanislau Bahia e Júlia Lopes Pontes Bahia, concluindo seu curso médico em 1913. Dedicou-se, inicialmente, à medicina legal. Foi médico no Serviço Médico Legal, do Instituto Nina Rodrigues, na Bahia, e secretário do Conselho Médico Legal. Foi ainda professor assistente voluntário de Medicina Legal.

A partir de 1915, sua vida profissional voltou-se quase que integralmente para as questões vinculadas com a gestão de políticas públicas para a criança, em instituições governamentais e filantrópicas e com a formação e valorização dos pediatras. No primeiro caso, podemos mencionar os cargos públicos de destaque que ocupou e o papel que desempenhou na criação da Liga Baiana Contra a Mortalidade Infantil e na construção do Hospital Martagão Gesteira. No segundo, destaca-se sua atuação no magistério superior e na Sociedade Brasileira de Pediatria, onde foi Presidente em 1958.

No âmbito da gestão de saúde foi, durante a década de 1930/1940, chefe do Dispensário Silva Lima, diretor da Divisão de Saúde Pública e inspetor técnico e diretor presidente do Departamento Estadual da Criança da Bahia. Na oportunidade foi convidado pelo Governo Norte Americano, para realizar cursos de especialização nos Estados Unidos. Todos estes cargos foram possíveis graças à sua competência, desempenho e às excelentes relações que travava com a elite política baiana da época. Era capaz de lidar com a arte da política, pois conseguia travar um bom relacionamento com Juracy Magalhães – interventor nomeado por Vargas para governar o Estado da Bahia, durante o Estado Novo.

Em 1923, idealizou a “Liga Baiana Contra a Mortalidade Infantil”. Nesta instituição filantrópica defendeu, de forma mais sistemática, a saúde das crianças de famílias mais pobres. Participou da criação desta sociedade ao lado dos médicos Martagão Gesteira, Álvaro Rocha, Durval Gama, Hélio Ribeiro e Carlos Levindo. Sua dedicação levou-o a ocupar o cargo de Vice-Presidente (1931) e de Presidente (1935 e 1937). Enquanto esteve à frente da Liga, promoveu uma campanha para a construção de um hospital para atendimento infantil. O Hospital Martagão Gesteira só foi inaugurado no dia 15 de agosto de 1965, um ano após sua morte.

No magistério, foi professor da Escola de Puericultura Raymundo Pereira de Magalhães, fundada em 1938, pertencente à Liga; da Escola Bahiana de Medicina e Livre-Docente da Cadeira de Clínica Pediátrica, da Faculdade de Medicina da Bahia. Associou sua vida de professor com a de autor de 23 artigos científicos na área de Puericultura e Pediatria. Foi também responsável pela criação da Revista “Pediatria e Puericultura”, onde publicou vários textos. A lactante, sua alimentação e a “maternidade desamparada” constituíam um conjunto de preocupações de Pontes Bahia. Outros temas clínicos sobre a vida do recém-nascido também despertaram seu interesse. Neste caso podem ser encontrados, em sua produção bibliográfica, estudos sobre observações de cardiopatia congênita, pneumonia crônica em recém nascidos, tétano neo-natal e “infância desajustada”.

Sua preocupação com a prática médica pediátrica também foi traduzida por sua participação como membro fundador e Presidente da Sociedade Baiana de Pediatria. Sua atuação na filiada baiana credenciou Pontes Bahia para assumir a presidência da Sociedade Brasileira de Pediatria, em 1958.

Sua trajetória profissional se deu em consonância com a de Martagão Gesteira. Em 1937, a convite do Presidente Vargas, Gesteira transferiu-se para o Rio de Janeiro, assumindo a Cadeira de Puericultura e Clínica da Primeira Infância e a Direção do Instituto de Puericultura da Universidade do Rio de Janeiro. Na oportunidade, Pontes Bahia substituiu Martagão Gesteira no cargo de Diretor do Departamento Estadual da Criança e na Cátedra de Pediatria. A parceria com Martagão Gesteira possibilitou também a implementação, na Bahia, do “Banco de Sangue Refrigerado” e do “Banco de Leite Moderno”.

Álvaro Bahia tornou-se conhecido na Pediatria pela construção do Hospital Martagão Gesteira, por sua concorrida clínica particular, e por seu papel na assistência social à infância. Neste caso organizou o serviço de “Colocação Familiar”, primeiro do Brasil, com a finalidade de proteger e acompanhar as crianças órfãs tuteladas por famílias e instituiu o “Prêmio de Amamentação”, o concurso de “Robustez Infantil” e a “Assistência Obstétrica Domiciliar”. Álvaro Pontes Bahia morreu em Salvador no dia 8 de outubro de 1964, aos 72 anos de idade em conseqüência de um Acidente Vascular Cerebral.

Álvaro Pontes Bahia foi Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria em 1958 e foi homenageado por ela e pela Sociedade Baiana de Pediatria, ao ser indicado Patrono da Cadeira 14 da Academia Brasileira de Pediatria.



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