Carlos Arthur Moncorvo de Figueiredo nasceu no dia 31 de agosto de 1846. Foi o filho único do diplomata Dr. Carlos Honório de Figueiredo (1824-1881) e D. Emília Dulce Moncorvo de Figueiredo que faleceu quando seu filho tinha cinco anos de idade. Cresceu na cidade do Rio de Janeiro, sob o regime monárquico de Pedro II, acompanhando o processo político que levou à abolição do trabalho escravo e à Proclamação da República. Sua trajetória e perfil profissionais não diferiram de muitos de seus contemporâneos que seguiram a carreira médica. Foi um médico do século XIX. Culto, amante das letras e das artes, preocupado com a clínica e produtor de conhecimento. Seu circuito internacional se fazia, sobretudo, em Paris, onde estudou e atuou profissionalmente. Do ponto de vista exclusivamente, clínico foi o fundador da Policlínica Geral do Rio de Janeiro, que durante décadas formou os primeiros pediatras do Brasil e atendeu a milhares de pessoas no centro da cidade. Além disso, publicou os primeiros ensaios em que a criança era o centro das preocupações.
Sua formação básica se fez no prestigioso Imperial Colégio D. Pedro II. Em 1865 recebeu o grau de Bacharel em Letras. No ano seguinte, ingressou no curso médico da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se graduou em 1872. Na época, a conclusão do curso médico se fazia com a defesa de uma Tese de Doutoramento. A sua intitulou-se “Dispepsias e seu tratamento”. Logo após sua formatura, seguiu viagem para a Europa onde permaneceu dois anos. Na oportunidade, freqüentou os principais centros médicos europeus, principalmente na França, onde estagiou na Escola Prática da Faculdade de Medicina de Paris. Lá dedicou-se ao estudo de doenças tipicamente infantis. Seu interesse pela pediatria já se fazia sentir, portanto, desde os primórdios de sua carreira.
De volta ao Brasil inicia sua prolífera carreira de escritor. Apesar de ter tido apenas cerca de 30 anos de prática profissional (1872/1901), sua reputação de médico sério, estudioso, dedicado e inovador, atravessou os oceanos. Ao longo de sua vida profissional publicou mais de 80 títulos, muitos em francês, espanhol, inglês ou italiano. Foi colaborador de 12 jornais e revistas médicas, 2 espanholas, 2 italianas, 1 argentina, 2 americanas, 1 alemã e várias brasileiras.
Seus livros, relatos de casos ou memórias médicas tratavam de temas variados. Eles iam desde a cólera, elefantíase, influenza, reumatismo, coqueluche, dilatação de estômago, impaludismo, malária, até as diarréias. Além disso, foi colaborador de inúmeras revistas e jornais especializados no Brasil, como a “Revista Médica” e “O Progresso Médico”, e no exterior como a “Revue Générale de Clinique et de Thérapeutique Infantiles”, a “Revista de Enfermidades de los Niños” e o “Archivio Italiano di Pediatria”. O coroamento de sua produção bibliográfica se fez quando recebeu o prêmio “The World”s Columbian Comission” pela publicação do livro “Children”s diseases and their remedies” (1893). Várias instituições do mundo conferiram a Carlos Arthur Moncorvo de Figueiredo medalhas, prêmios e títulos.
A prática clínica como base para a formação profissional foi uma de suas preocupações essenciais. No dia 28 de julho de 1882, com a presença do imperador D. Pedro II, inaugurou a Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Nela criou o primeiro curso regular de pediatria do país. A Policlínica Geral do Rio de Janeiro era também uma forma de conseguir crianças para as aulas práticas. O contexto histórico tendia para a especialização na medicina, mas sofria resistências. Parte da elite médica, calcada em uma prática essencialmente generalista, resistia à diferenciação resultante da divisão do trabalho e à criação de áreas diferentes no interior do conhecimento. Depois de gerar grande controvérsia, seu curso foi finalmente reconhecido e regulamentado e passou a funcionar em sua própria casa na rua da Lapa 95, centro da cidade do Rio de Janeiro. No serviço de pediatria da policlínica prestava atendimento ambulatorial ou domiciliar. Este curso prático para formação de pediatras funcionou regularmente durante 19 anos até seu falecimento em 1901. Neste estabelecimento, criou gerações e gerações de pediatras, entre os quais se destacou seu descendente predileto: Moncorvo Filho.
Preocupava-se com a questão do aleitamento materno, uma vez que este se fazia, em larga escala, por mulheres negras alforriadas ou escravas. No Regulamento para as amas de leite (1880) buscou padronizar comportamentos e posturas morais desta prática de saúde, pouco valorizada na época.
Faleceu em 25 de julho de 1901, quando ia completar 55 anos de vida. É reconhecido pelo conjunto dos pediatras como o pai da Pediatria Brasileira. Por esta razão, a Sociedade Brasileira de Pediatria lhe conferiu a Cadeira 1 de sua Academia Brasileira de Pediatria.
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