José Martinho da Rocha nasceu em 11 de fevereiro de 1899, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Iniciou o curso secundário de humanidades em sua cidade natal e complementou-o em Berlim. Em 1917 matriculou-se na Escola Nacional de Farmácia, no Rio de Janeiro. No ano seguinte transferiu-se para Medicina e graduou-se, em 1923, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, atual Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Assim que se formou, sem alternativas de trabalho, voltou para sua cidade, Juiz de Fora. Deu aulas de História Natural no colégio secundário onde concluíra seus estudos e de Biologia e Higiene na Escola Normal da cidade. Na mesma época assume a direção do Serviço de Pediatria do Instituto de Proteção e Assistência à Infância de Juiz de Fora.
Em 1931 transferiu-se de vez para a cidade do Rio de Janeiro, então capital da República, para trabalhar no recém criado Departamento Nacional de Saúde Pública. Sanitarismo e pediatria foram duas faces da mesma moeda em sua carreira. Ao voltar para o Rio de Janeiro foi nomeado chefe da seção de pediatria do Hospital São Sebastião, vinculado ao Departamento Nacional de Saúde Pública – órgão do Governo Federal. Neste mesmo ano tornou-se sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Pediatria e seu Primeiro Secretário no ano seguinte. Em 1937 foi eleito Presidente. Na mesma época, como servidor do Ministério de Educação e Saúde, deu aulas no curso superior de Pediatria da Divisão de Amparo à Maternidade e à Infância. Nos primeiros anos na capital da República, José Martinho da Rocha acumulou este cargo com a chefia do Hospital São Sebastião e a militância na Sociedade Brasileira de Pediatria.
No início dos anos 1940 sua vida profissional sofreu uma alteração. Ao mesmo tempo em que se titulou Catedrático de Clínica Pediátrica Médica da Faculdade Nacional de Medicina, num concurso extremamente concorrido, assumiu a direção do serviço de Pediatria e Puericultura da Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Neste serviço, criado por Carlos Arthur Moncorvo de Figueiredo no final do século XIX, continuou trabalhando até 1954. Nesta oportunidade, Martagão Gesteira havia se aposentado e aberto a possibilidade de sua transferência para o Instituto de Puericultura e Pediatria, da Universidade do Brasil.
No final da década de 40 já era um nome respeitado em sua área de atuação, fazendo parte de diversas associações pediátricas como as da Argentina, Uruguai, Estados Unidos da América, Portugal e Peru.
Desde 1955, foi um dos poucos que acreditava no poder de cura dos vírus vivos para as vacinas, notadamente contra a poliomielite. Esta convicção o levou a ser Membro da Comissão Executiva da Fundação Brasileira contra a Paralisia Infantil. Além disso, construiu laços de amizade com Albert Sabin. Em 1961 integrou a comissão do Ministério da Saúde para a regulamentação do emprego da vacina anti-poliomielítica de Sabin no Brasil. Em 1966 foi representante brasileiro na Organização Mundial da Saúde, em comissões relacionadas às campanhas de vacinação em massa e à poliomielite.
Durante sua carreira, apresentou trabalhos de pesquisa e fez parte de comissões organizadoras de vários congressos no Brasil e no exterior. Publicou centenas de artigos científicos, principalmente no periódico Brasil Médico, do qual foi Redator-Chefe. Traduziu do idioma alemão importantes obras da pediatria. Chegou a publicar algumas crônicas nos periódicos nacionais e internacionais. Os temas de seus artigos variavam do mongolismo ao sarampo, da malária à sífilis. Eles revelam seu espírito investigativo e curioso. Em 1946 publicou uma obra de divulgação científica que estimulava o auto-atendimento denominada “Guia para criar o bebê”. No ano seguinte, escreveu um trabalho considerado ímpar na história da pediatria, “Introdução à história da puericultura e pediatria no Brasil”, re-editado recentemente na obra coordenada por Álvaro Aguiar e Reinaldo Martins.
Foi diretor do “Boletim do Instituto de Puericultura” da Universidade do Brasil. Construiu uma sólida carreira acadêmica, formando gerações de pediatras, dentre os quais destacam-se Walter Telles, Azor José de Lima, Álvaro Serra de Castro, Orlando Orlandi, Sidney Inocêncio Reis, José Joaquim Contente, Alfredo João Filho, Naum Podkameni, Gerson Carakushansky, Hugo Fortes e Yvon Toledo Rodrigues. Alguns de seus ex-alunos tornaram-se depois professores titulares nas Universidades Federais Fluminenses, do Rio de Janeiro e do Amazonas. Seus alunos são unânimes em afirmar que Martinho da Rocha possuía uma personalidade bastante forte. Isso não o impedia, entretanto, de ser amável. Ele não hesitava em assumir riscos por conta de suas convicções, envolvendo diferentes assuntos e pessoas.
Com sua aposentadoria, já com 70 anos, assumiu o desafio de ser o responsável pela disciplina de Pediatria na recém-criada Escola de Medicina de Vassouras. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1977. José Martinho da Rocha foi Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria em 1937 e foi homenageado por ela, ao ser indicado Patrono da Cadeira 9 da Academia Brasileira de Pediatria.
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