Luiz Torres Barbosa nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 5 de setembro de 1910. Aprendeu a gostar de lidar com crianças acompanhando seu pai, Luiz Pedro Barbosa (1870-1949), que alcançou enorme projeção como pediatra e gestor público, Cresceu freqüentando a Policlínica de Botafogo, dirigida por ele. No final do século XIX e início do século XX, a Policlínica chegou a ser um dos mais importantes centros de atendimento médico privado da cidade.
Em 1920, Luiz Pedro Barbosa foi nomeado Diretor de Higiene e Assistência Pública da cidade do Rio de Janeiro, chegando a reformular os serviços de Pronto Socorro e de Assistência Médica nos bairros onde se concentravam grandes massas operárias. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria em 1931. Os grandes expoentes da medicina e da pediatria naquela época, freqüentaram sua casa. Carlos Chagas, Fernandes Figueira e Moncorvo Filho foram seus contemporâneos. Luis Torres Barbosa viveu, portanto, desde a mais tenra idade, em um ambiente médico e político.
Durante a graduação, concluída na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1934, Luiz Torres Barbosa participou do diretório acadêmico e destacou-se como o melhor aluno da turma. Iniciou sua carreira como auxiliar técnico e assistente de seu pai na Policlínica de Botafogo. Como militante da Sociedade Brasileira de Pediatria, foi tesoureiro da diretoria presidida por Adamastor Barbosa, em 1936. Dois anos mais tarde, foi para Paris estagiar no serviço do Professor Robert Debré (1882-1978), considerado o pai da pediatria moderna e dos centros hospitalares universitários. Lá se destacou, mais uma vez, como o melhor aluno, recebendo o título de assistente estrangeiro da Faculdade de Medicina de Paris. Voltou ao Rio de Janeiro e à Policlínica. Em 1942. desejando aprimorar, ainda mais, seus conhecimentos pediátricos, iniciou a residência médica em pediatria no “Bobs Roberts Memorial Hospital”, da Universidade de Chicago.
Com pouco mais de 30 anos de idade e 10, de formado, Torres Barbosa se tornara um profissional completo. havia sido o melhor aluno de todos os ambientes acadêmicos médicos e pediátricos que freqüentara, seja no Rio, em Paris ou em Chicago. Quando voltou ao Brasil, foi professor da cadeira de Serviço Social, do Curso de Puericultura e Administração do Departamento Nacional da Criança e dirigiu o berçário da Policlínica de Botafogo. Nenhuma das atividades por ele desenvolvidas deu-lhe tanta notoriedade quanto a direção do Serviço de Pediatria do Hospital dos Servidores de Estado (HSE), no Rio de Janeiro, para onde foi nomeado em 1947.
No HSE, inovou e formou gerações de pediatras e líderes da pediatria. Inovou, porque trouxe, para um dos mais importantes centros médicos do país da década de 1940/1970, tudo que aprendera em sua passagem na França e nos Estados Unidos.
Trouxe, de sua experiência em Chicago, a prática da Residência Médica, até então inexistente no Brasil. A residência funcionava como um sistema, piramidal onde o residente do primeiro ano prestava contas ao do segundo ano que, por sua vez, se reportava a um assistente do serviço, sempre que surgisse algum caso mais complexo ou complicado.
Torres Barbosa era extremamente exigente no que se referia ao horário, aparência, vestuário, e, principalmente, em relação ao cumprimento dos deveres. Ele mesmo, chagava ao Serviço pela manhã e só retirava no final da tarde, Trabalhava em tempo integral e dedicação exclusiva.
Pessoalmente, visitava, todas as manhãs, setor por setor, acompanhado dos assistentes, residentes e internos. Nessas ocasiões, discutia os casos, opinava, dava sugestões e principalmente, anotava em uma cadernetinha preta, sua companheira inseparável, tudo aquilo que deveria ser cobrado ou corrigido.
Em pouco tempo, a Residência do HSE tornou-se uma das mais reputadas e disputadas do país. Seu sonho, que conseguiu tornar realidade, era o de contribuir decisivamente para a formação de uma elite de pediatras, principalmente para as regiões mais carentes do Brasil. Por isso, sempre reservava vagas para estados mais carentes, como os do Norte e Nordeste. Na escolha, valorizava a entrevista e a indicação dos ex-Residentes. E ai daqueles que fizessem uma má indicação. Entre os líderes aí formados, destacam-se os ex-presidentes da Sociedade Brasileira de Pediatria Julio Dickstein, Jairo Valle, Sérgio Cabral e Pedro Celiny, e os patronos da Academia Brasileira de Pediatria Nicola Albano, Luiz Osório Serafim, Amélia Denise Macedo. Além desses, formou uma série de pediatras que se tornaram professores universitários ou chefes de serviços de Pediatria.
A Neonatologia, muito deve ao Dr. Luiz Torres Barbosa. Promoveu e realizou, desde 1954, durante mais de quinze anos, no HSE, cursos sobre o recém-nascido. Foi o idealizador da Maternidade e Policlínica Alexander Fleming, onde pediatras e obstetras trabalhavam de forma integrada, no pré-parto e na sala de partos, Foi ele que primeiro lutos para que o recém-nascido fosse atendido por pediatras na sala de partos, o que aconteceu pela primeira vez na Maternidade Alexander Fleming e hoje se tornou uma prática em quase todas as maternidades. Foi ele pioneiro na motivação dos pediatras para a prática do alojamento conjunto.
Outra área que muito deve a ele, está relacionada aos aspectos sociais da Pediatria. Fez vária conferência sobe p tema no Brasil e no Exterior.
Luiz Torres Barbosa era um assíduo freqüentador das reuniões e participou ativamente das atividades promovidas pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Ele foi um entusiasta na criação do Comitê de Neonatologia, que chegou a presidir durante muitos anos. Exerceu a Vice-Presidência da Sociedade Brasileira de Pediatria, entre 1954 a 1955, quando os presidentes eram respectivamente Pedro de Alcântara, de São Paulo e Décio Martins Costa, do Rio Grande do Sul. Foi membro do Comitê de Residência da SBP. Durante muitos anos representou o Centre International de l´Enfance (CIE), de Paris, no Brasil. Promoveu, em Brasília, com a participação da Organização Pan-Americana da Saúde, do CIE, do Instituto Interamericano del Nino e da Universidade de Brasília, o primeiro Curso Internacional de Problemas Perinatais, com a participação de trinta bolsistas latino-americanos e vários brasileiros, , que teve um papel marcante não difusão e desenvolvimento da Neonatologia e na Perinatologia, na América Latina.
Compartilhava da mesma visão de Álvaro Aguiar sobre a necessidade de nacionalizar a entidade, permitindo a filiação das sociedades estaduais de pediatria já existentes e também de pediatras nos estados que não dispunham ainda de uma sociedade. O incremento do “Curso de Atualização em Pediatria” também fazia parte de seus ideais. Assim, entendia que a SBP estaria prestando um enorme serviço ao país e à pediatria ao oferecer esses cursos fora do eixo Rio – São Paulo.
Livre-Docente desde 1948 lecionou em várias instituições, entre elas, a Escola Médica de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Por sua atuação no campo da Pediatria foi eleito sócio honorário de várias Sociedades de Pediatria do continente. Por indicação de seu ex-assistente e acadêmico Antonio Marcio Junqueira Lisboa, tornou-se o patrono da cadeira número 1, da Academia de Medicina de Brasília.
Luiz Torres Barbosa foi Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria em 1962/1963. Faleceu em 3 de abril de 1986. É reconhecido como um dos mais importantes formadores de pediatras da história da pediatria brasileira. Por estas razões, a Sociedade Brasileira de Pediatria lhe conferiu a Cadeira 16 de sua Academia Brasileira de Pediatria.
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