Maria Helena de Moura Leite nasceu em Recife, capital de Pernambuco, no dia 2 de setembro de 1915. Viveu sua infância e adolescência com dificuldades financeiras. Por esta razão, teve que trabalhar desde os 16 anos como datilógrafa na “Casa de Engenharia e Eletricidade Byington & Companhia” e depois no “Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários”. Ela foi um verdadeiro arrimo de família, pois foi uma pessoa que amparou sua família, constituída por seis irmãos, ministrando-lhe os meios de subsistência. Esta condição explica porque concluiu tardiamente a graduação de medicina com a idade de 37 anos.
Maria Helena de Moura Leite soube enfrentar as dificuldades impostas por sua condição financeira, de idade e de gênero. Enfrentou e venceu cada uma delas com desmedida perseverança. Ao final de sua vida conseguiu alcançar o prestígio e reconhecimento junto à categoria e se transformou em um exemplo de obstinação na área médica e pediátrica de Pernambuco.
Formou-se em medicina em 1952, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, depois de ter ficado em terceiro lugar no vestibular. Durante a graduação foi monitora da cadeira de Histologia e estagiária da cadeira de Semiologia Cirúrgica e de Semiologia Clínica. No sexto ano foi estagiária de Puericultura e Clínica da Primeira Infância, trabalhando sob a direção de Martagão Gesteira. Este contato, foi determinante em sua opção pela pediatria.
Sua vida profissional dividiu-se, sobretudo, entre o Instituto Materno-Infantil de Pernambuco – IMIP, a Universidade Federal de Pernambuco e a Universidade Federal Rural de Pernambuco. Clínica pediátrica e formação profissional foram as duas ênfases que deu à sua carreira. No primeiro caso, trabalhou como pediatra da Vila dos Operários, em Casa Amarela e no Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários, em Maceió, onde ingressou por concurso público. Foi ainda chefe da Clínica Pediátrica Médica e Higiene Infantil do Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP).
Durante toda a sua carreira, atuou no magistério superior, tendo sido professora adjunta da Clínica Pediátrica Médica e Higiene Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco e professora assistente da cadeira de Puericultura e de Clínica da Primeira Infância da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Além disso, deu aulas no Instituto de Higiene, na Escola de Enfermagem e no Instituto de Nutrição e no Instituto de Puericultura do Nordeste. Era uma profissional com uma vasta cultura médica. Abordava os mais diversos temas com grande desenvoltura. Além da Pediatria e Puericultura, deu cursos sobre ginecologia, radiologia clínica, cirurgia de ambulatório, histologia, clínica médica e anestesiologia. Participou de diversos eventos científicos ministrando palestras sobre pediatria e nefrologia em Lisboa, Rio de Janeiro e México. Publicou vários trabalhos. Fez viagens de estudo a Paris, México e Estados Unidos.
Conciliou sua vida profissional com intensa prática associativa. Participou de várias entidades associativas, integrando na década de 1970, o Conselho Fiscal e a Comissão de Sindicância da Sociedade Brasileira de Pediatria, assim como a Academia Pernambucana de Medicina. Na condição de mulher, foi uma pioneira na luta pela valorização profissional da pediatria. Pertenceu à “Sociedade Internacional de Nefrologia” e foi fellow da “Academia Americana de Pediatria”.
Boa parte da sociedade médica pernambucana reconhece nela o valor de uma mulher que conseguiu enfrentar as dificuldades impostas pela vida e soube vencer. Na “Academia Americana de Pediatria” foi indicada como vice-chairman (vice-presidente). Recebeu na Academia Pernambucana de Medicina a Medalha Armando Meira Lins, como reconhecimento por seu trabalho e dedicação à pediatria pernambucana. Na ocasião da entrega desta medalha, Fernando Figueira, ilustre pediatra pernambucano, ressaltou que não sabia definir ou apontar qual a mais feliz decisão, a criação da medalha ou a escolha da sua primeira recipiendária.
Morreu no dia 19 de setembro de 1978, com 68 anos de idade.
Por tudo que representou para a pediatria pernambucana, Maria Helena de Moura Leite foi homenageada pela Sociedade de Pediatria de Pernambuco sendo indicada como patrono da Cadeira 26 da Academia Brasileira de Pediatria.
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