Olympio Olinto de Oliveira (1866-1956)

Olympio Olinto de OliveiraOlympio Olinto de Oliveira nasceu na cidade de Porto Alegre, em 5 de janeiro de 1866. Graduou-se, em 12 de janeiro de 1887, pela Faculdade Nacional de Medicina, onde fora discípulo de Carlos Arthur Moncorvo de Figueiredo. Quando estudante estagiou na Policlínica do Rio de Janeiro, dirigida pela família Moncorvo.

A trajetória profissional de Olympio Olinto de Oliveira pode ser dividida em dois tempos. Um, passado em Porto Alegre, durante sua infância e adolescência. Outro, vivido na cidade do Rio de Janeiro capital da República, onde fez sua formação médica. Nos dois casos, dedicou-se com obstinação e pioneirismo à formação de pediatras e à implementação de políticas públicas de proteção da criança. No Rio de Janeiro, participou com Fernandes Figueira da fundação da Sociedade Brasileira de Pediatria, em 1910.

Assim que se formou, com 21 anos de idade, voltou a residir em Porto Alegre, onde fundou em 1898, em companhia de outros colegas, a terceira Faculdade de Medicina do país. Na época só havia as faculdades da Bahia e do Rio de Janeiro. Olympio Olinto de Oliveira lecionou química, biologia, anatomia, fisiologia, anatomia patológica, clínica médica, ortopedia pediátrica e clínica pediátrica, inaugurada em 1903. Chegou a ser Diretor desta instituição. Na oportunidade criou o instituto Pasteur – para tratamento preventivo da Raiva e o Instituto Oswaldo Cruz. Em 1890 fundou o dispensário de crianças da Santa Casa da Misericórdia. Clinicava, ainda, no Serviço de Crianças da Santa Casa da Misericórdia. Como muitos médicos do século XIX, percebia sua prática profissional como uma arte, sujeita aos subjetivismo e à sensibilidade humana. Homem de cultura vasta e diversificada, ajudou a organizar a Academia Rio-Grandense de Letras (1901), aonde chegou a ocupar a cadeira 26 (1944). Além disso, colaborou com a criação do Instituto Livre de Belas Artes, em Porto Alegre, que presidiu em 1918. Tinha, ainda, uma coluna no “Correio do Povo” de Porto Alegre, com o pseudônimo de Maurício Bohn.

Em 1918 transferiu-se para o Rio de Janeiro, dando início, junto com outros colegas de faculdade, entre os quais Fernandes Figueira, a intensa atividade em favor da criança, sobretudo no Hospital Artur Bernardes, hoje Instituto Fernandes Figueira, onde atendia crianças e formava pediatras. Lá foram dados os primeiros passos da organização da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Na oportunidade, a Sociedade desenvolvia apenas reuniões científicas, com a participação restrita exclusivamente aos associados residentes na cidade do Rio de Janeiro.

No final dos anos 20, criou com Américo Augusto o periódico “Arquivos de Pediatria”. Esta revista científica chegou a ter uma circulação mensal, tratando de temas relacionados com a clínica, a higiene infantil e a puericultura em geral. Sua visão sobre a importância da divulgação científica pediátrica pode ser bem identificada quando afirmou, em um dos Arquivos de Pediatria:

“É tempo de se irem agrupando (os pediatras brasileiros) em torno do ideal comum, de se conhecerem e auxiliarem, e de constituírem a grande família da Pediatria Nacional. Que se congreguem as sociedades pediátricas, que se publiquem trabalhos, observações e contribuições, que se reúnam em sessões conjuntas os grupos vizinhos, até que tenhamos, enfim, o nosso Congresso Nacional da especialidade”.

Com a morte de Fernandes Figueira (1928), Olinto de Oliveira assumiu a presidência da Sociedade Brasileira de Pediatria. Na oportunidade, fez a reforma do estatuto da Sociedade e dinamizou o “Jornal de Pediatria” – órgão oficial da entidade.

A Era Vargas trouxe Olinto de Oliveira para a cúpula do poder público referente à assistência à criança. Inicialmente, foi Chefe da Inspetoria de Higiene Infantil. Em 1933, convocou e presidiu a “Conferência Nacional de Proteção e Assistência à Infância”, quando os pediatras e sanitaristas brasileiros presentes fizeram sugestões ao governo em relação à saúde infantil. No ano seguinte, esta inspetoria foi transformada na Diretoria de Proteção e Assistência à Infância.

Com o Estado Novo (1937/1945), as políticas públicas em favor da criança assumiram uma centralidade inédita na História do Brasil. Em 1940, Olinto de Oliveira criou e dirigiu o “Departamento Nacional da Criança”. Seu objetivo era normatizar nacionalmente o atendimento ao binômio mãe-filho e combater a mortalidade infantil. Olinto de Oliveira projetou para este departamento representações nos diversos estados da federação: os “Departamentos Estaduais da Criança”. Além disso, organizou os “Cursos de Puericultura e Administração”, destinados à formação de puericultores nos serviços regionais. Os profissionais que concluíam o curso, ao retornarem aos estados de origem, assumiam coordenações ou chefias dos Postos de Puericultura. Este curso era ministrado no Hospital Artur Bernardes, atual Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz. Nesta mesma época, Olinto de Oliveira remodelou este Hospital, vinculando-o ao próprio “Departamento Nacional da Criança”.

Sua produção científica reúne mais de cem artigos sobre pediatria, higiene e assistência à infância em periódicos científicos brasileiros, franceses e italianos, que traduzem sua interlocução internacional. Foi Membro Honorário da Academia Nacional de Medicina, da Academia Americana de Pediatria e da Sociedade de Pediatria de Paris.

Olympio Olinto de Oliveira faleceu no Rio de Janeiro no dia 31 de maio de 1956, pouco depois de ter completado 90 anos. Sua contribuição à medicina brasileira fez com que seu nome fosse inscrito, em 1953, no Livro de Mérito dos Grandes Vultos Nacionais. Entre seu legado consta seu filho, Mário Olinto de Oliveira, que seguiu seus passos: foi pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Olympio Olinto de Oliveira oxigenou a assistência à infância no Brasil. Ele foi Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria em 1928, 1929 e 1932. Foi homenageado por ela ao ser indicado Patrono da Cadeira 4 da Academia Brasileira de Pediatria.



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