A prática da puericultura é a menina dos olhos da pediatria, devido a sua importância na proteção e promoção da qualidade de vida do ser humano e de sua prole. Há que se sinalizar, nessa prática, a importância do processo de ensino e aprendizagem; dos benefícios da puericultura a curto, médio e longo prazo; e ratificar que em solo fértil, com raízes sadias, é possível garantir o sucesso desse empreendimento orgânico, que somos nós! A ação continuada do pediatra, aplicando os princípios da puericul- tura, é similar a realizar procedimentos de alta complexidade, por atuar na promoção da saúde, prevenção de agravos e de doenças crônicas do adulto, tendo como foco a programação metabólica e prática das competências primordiais do pediatra na puericultura.
“Evidências comprovam que os primeiros 1000 dias de vida do ser humano precisam ser estendidos para 2200 dias, incluindo os 100 primeiros dias do período pré- concepcional até a idade de cinco anos.”
Evidências comprovam que os primeiros 1000 dias de vida do ser humano precisam ser estendidos para 2200 dias, incluindo os 100 primeiros dias do período pré-con- cepcional até a idade de cinco anos. Nessa prática, ressalta-se a importância da família, na qual regras básicas devem permear essa relação: pertencimento, ordem e equilíbrio, atitudes estas, que interagem no comportamento e construção desse novo ser, cuja meta é o “adulto – adulto”, e não o “adulto-infantilizado”.
Portanto, o pediatra tem que se capacitar na área comportamental e não somente na área de biotecnologia, entre outras. Partindo do pressuposto que medicina não pode alcançar a imortalidade, porque isso iria contra o plano de reciclagem da natureza, o objetivo passa a ser aumentar a longevidade com qualidade de vida. Daí a importân- cia da capacitação plena em puericultura, por meio de um processo de ensino apren- dizagem, que delimite o que são competências, habilidades e atividades diárias.
Nesse cenário pediátrico, haverá crescente uso da biotecnologia, com o risco de des- personalização da puericultura e prejuízo da comunicação. Por conseguinte, deve- se manter um compromisso abrangente que inclua competências biotecnológicas e humanas, com adoção de capacitação em comunicação, por meio de ferramentas como o mapa da empatia, o Trivium, e as mídias sociais, reforçando o vínculo com a família dentro do conceito de interações biopsico-neuro-sociais.
O uso de estratégias proativas, nas quais se estabelece metas, como na Aprendiza- gem Baseadas em Projetos — que pode envolver todas as outras metodologias —, reforça a autoestima, a autoconfiança e a independência do aluno, pelo retorno que proporciona. Precisamos de um número maior de pediatras que acreditem em si mesmos, em sua missão, em sua formação, em suas capacidades, e em seu valor. Isso significa ser um pediatra líder (leadiatrics): aquele que faz, que sabe por que faz e quando fazer, que ensina, que conduz, que inspira.