Quando me candidatei a uma cadeira em nossa instituição, tinha como intenção juntar-me aos colegas com quem vivi desde os idos de 1978 quando, terminando a Residência Médica no Hospital dos Servidores, iniciei minha carreira de Pediatra. Meu alvo era ser um médico de crianças que salvasse muitas vidas e, também, ser um professor de Pediatria, multiplicando o que já tinha e continuava aprendendo, de Medicina.
Consegui atingir esses dois alvos, dedicando-me, principalmente, ao atendimento de emergências e terapia intensiva pediátrica, enquanto iniciava uma carreira acadêmica na Universidade UNIRIO. Aprendi também que muito do que fazemos decorre de oportunidades que surgem em nosso caminho e podemos escolher, se estivermos preparados.
“Consegui atingir estes dois alvos, dedicando-me, principalmente, ao atendimento de emergências e terapia intensiva pediátrica, enquanto iniciava uma carreira acadêmica...”
Meu caminho levou-me à presidência das Sociedades de Pediatria do Rio, do Brasil e da Internacional. Estas oportunidades me permitiram liderar um trabalho mais amplo de atenção às crianças, junto aos colegas e amigos que me ajudaram, voltando agora a encontrar muitos deles na Academia Brasileira de Pediatria. Cada um com sua história, mais idosos (maduros!) porém, ativos e prontos a auxiliar o desenvolvimento contínuo da Pediatria.
Quando fui empossado como acadêmico, minhas netas perguntaram às minhas filhas: “o que o vovô está fazendo com esta roupa preta e medalha no pescoço?”. Minhas filhas disseram “ele agora é imortal”. Ouvindo isto, pensei, como muitos, por que seremos imortais? Encontrei uma ótima possível resposta, em texto da jornalista Dad Squarisi:
“As pessoas só morrem quando deixam de ser lembradas, por isto grandes artistas permanecem vivos graças à obra que legaram ao mundo.”
Nós, pediatras, legamos como obra as muitas vidas de crianças que cuidamos e salvamos. Somos imortais!