Vera Lúcia Vilar de Araújo Bezerra
Membro Titular da cadeira n. 8 da Academia Brasileira de Pediatria
Meu nome é Vera Lúcia Vilar de Araújo Bezerra. Nasci em Natal, no Rio Grande do Norte, no ano de 1945, no pós-guerra imediato.
Em 1964, fui aprovada no vestibular para o curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e me graduei em 1969. A seguir, cursei Residência Médica em Pediatria na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto (SP), serviço chefiado pelo prof. Dr. Jacob Renato Woiski.
No segundo semestre do ano de 1971, fui para Brasília para trabalhar na Universidade de Brasília. Comecei o meu trabalho no CIAMI (Centro Integrado de Atenção Materno Infantil), serviço idealizado e chefiado pelo professor João Bosco Rennó Salomon. A partir daí, foi fundado o CREN (Centro de Recuperação e Educação Nutricional), o primeiro implantado no Brasil. Este Centro era de excelência e constantemente visitado por renomados professores estrangeiros e foi modelo nacional para todos os centros de recuperação de desnutridos do nosso país.
Foi nesse cenário que comecei minha atividade de docência na Medicina. Em 1971, trabalhei no ambulatório de crescimento e desenvolvimento cuja primeira chefe foi a professora Josenilda Caldeira Brant, que era neonatologista e encaminhava todas as crianças nascidas no Hospital de Sobradinho para acompanhamento ambulatorial. Em 1980, o ensino prático do curso de Medicina da UnB foi transferido para o Hospital do Ipase, hoje, Hospital Universitário de Brasília.
Com a aposentadoria da professora Josenilda, me foi passada a chefia dos ambulatórios de Pediatria e continuei minha atividade de docência no ambulatório de crescimento e desenvolvimento, onde atuo até hoje. Cursei Mestrado na Universidade de Londres e Doutorado na Universidade Federal de São Paulo nas áreas da Nutrição Infantil e de Pediatria.
Sempre me preocupei com a evolução da Pediatria brasileira e, por esse motivo, participava das reuniões que eram convocadas pela Sociedade de Pediatria do Distrito Federal e da qual posteriormente fui eleita presidente por duas vezes, em diferentes períodos. Participei, em várias gestões, de cargos junto à Sociedade Brasileira de Pediatria. Assisti à criação da Academia Brasileira de Pediatria. Achei muito imponente a sua criação e o seu funcionamento. Jamais pensei em pertencer a tão importante Instituição e nunca encaminharia meu curriculum procurando ocupar uma cadeira na Academia.
Fiquei extremamente surpresa quando recebi e-mail da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal informando que o meu nome havia sido escolhido para concorrer àquele órgão. Achei que não teria chance, uma vez que estaria concorrendo com pediatras de todo o Brasil e que teriam mais méritos que eu, e não acompanhei o processo. Imaginem a minha surpresa ao receber a notícia de que havia sido a escolhida.
Hoje, sou membro da Academia Brasileira de Pediatria, ocupando a cadeira de número 8, cujo patrono é o médico Augusto Gomes de Mattos (1899-1978).
Sinto-me completamente lisonjeada e cada vez mais sinto a necessidade de trabalhar com todos os confrades e confreiras em prol da Pediatria brasileira.