O atual Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP) nasceu em 13 de junho de 1960 e foi denominado na época Instituto de Medicina Infantil de Pernambuco. Foi fruto do sonho do Prof. Fernando Figueira, que conseguiu agregar alguns professores de Pediatria e iniciar fundação do IMIP. É uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, declarada como de utilidade pública pelos Governos da União, do Estado de Pernambuco e Município do Recife.
Na sua origem, o objetivo era garantir uma forma de atender melhor às crianças que precisavam de internamento hospitalar, uma vez que até então, na Clínica Pediátrica, as crianças tinham que ficar em enfermarias comuns, com os adultos, na época do Hospital Pedro II, onde funcionava o curso de Medicina. A grande meta foi ter um hospital pediátrico, seguindo modelos de assistência do sul do país e outros lugares do mundo e que fosse destinado a prestar a melhor assistência possível às crianças de baixa renda. O professor era enfático ao dizer que a morte de uma criança por um motivo evitável era um verdadeiro atentado contra os planos de Deus.
Com o IMIP, nasce uma nova escola de Pediatria no Nordeste. Desde o início, estabeleceu-se também o compromisso com ensino, pesquisa e extensão, definindo assim a sua missão. Em 1961, o Prof. Fernando Figueira assumiu a cátedra da disciplina de Pediatria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e seus alunos passaram posterior- mente a frequentar o IMIP do quarto ao sexto ano do curso de Medicina.
Alicerçado no compromisso com a pesquisa e o ensino, no ano de 1966 é iniciado o programa de residência médica em Pediatria do IMIP. Ao longo destes 57 anos, este programa se destacou como uma referência na formação do pediatra no país, contando hoje com quase dois mil ex-residentes de Pediatria distribuídos pelo Brasil. Em 2014, a residência em pediatria do IMIP foi um dos cinco programas iniciais que serviram de projeto-piloto para o aumento de tempo na formação do pediatra, passando de dois para três anos, proporcionando um currículo mais adequado na aquisição das atuais competências necessárias.
Pela necessidade de ampliar o cuidado com a família, no ano de 1987 é criado o Centro de Atenção à Mulher (CAM), o que tornou o IMIP o Instituto Materno Infantil de Pernambuco, sendo referência e centro colaborador da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Organização Mundial de Saúde (OMS) e tantas outras instituições estrangeiras que atuam na assistência materno-infantil.
A luta que o Prof. Fernando Figueira travou em prol do aleitamen- to materno e do direito à amamentação tomou ainda maiores proporções quando o professor e colaboradores decidiram inaugurar no IMIP em abril de 1987 o Banco de Leite Humano. Ficou desde então estabelecido que todos os recém-nascidos e/ou lactentes menores de três meses internados nas enfermarias do IMIP ou em fase de hidratação oral na emergên- cia pediátrica ou no ambulatório receberiam seus alimentos e/ou líquidos, mesmo que não se tratasse de leite humano, no copo ou na colher, criando a rotina do não oferecimento de mamadeiras. Esta prática foi a precursora do Passo 9 da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC)
- “Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas”, também contribuindo para a relactação de lactentes internados. A maternidade do IMIP adotou, desde o início de suas atividades, a não utilização de mamadeiras e chupetas.
Quando o Ministério da Saúde iniciou a implantação da IHAC no Brasil, em 1992, o IMIP já vinha trabalhando de maneira efetiva em todos os passos da iniciativa. Em 5 de agosto daquele ano, o IMIP recebeu o título do Hospital Amigo da Criança, sendo o primeiro “Hospital Amigo da Criança” do Brasil, distinção outorgada pela OMS/UNICEF/MS.
O IMIP foi a primeira instituição no Nordeste (e a terceira no Brasil) a ser certificada como Hospital de Ensino, conjuntamente pelo Ministério da Educação e Ministério da Saúde. Desde que foi fundado, o IMIP assumiu como um dos pilares de sua missão institucional o compromisso social na formação e capacitação profissional de excelência. Em 1993, foi iniciada a sua pós-graduação strictu senso, com o primeiro mestrado em Saúde Materno Infantil do Brasil, e, em 2001, também foi iniciado o programa de doutorado com o mesmo perfil do mestrado. O reconhecimento do papel do IMIP no ensino pode ser aferido na grande procura pelos seus programas e cursos, por profis- sionais da área de saúde de várias outras localidades, em especial da região nordestina e de países africanos de língua portuguesa.
Em 1987, a Revista do IMIP foi concebida, iniciando as publicações, entretanto, a partir do ano 2000, recebeu o nome de Revista Brasileira de Saúde Materno-Infantil, um periódico de circulação internacional, com a missão de divulgar artigos científicos abordando investigações acerca da saúde da mulher, gestante e criança, nas suas dimensões clínicas e epidemiológicas.
O IMIP foi ainda o primeiro Centro de Referência Nacional do Méto- do Mãe Canguru, idealizado em 1994, posteriormente adotado pelo Ministério da Saúde como Política Pública Nacional de Saúde.
Em 2005, é criada a Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), incorporando ao estado de Pernambuco a terceira escola de Medicina, juntamente com as escolas de Enfermagem, Psicologia, Fisioterapia e Farmácia.
A instituição também sempre esteve na vanguarda do país na im- plantação de programas e serviços, entre os quais merecem destaque na Pediatria: Mãe Acompanhante; Incentivo ao Aleitamento Materno; Agentes Comunitários de Saúde; AIDS Infantil; Transplante Renal Pediátrico; Medicina Fetal; Implante Coclear; Cuidados Paliativos; Tratamento dos Defeitos da Face; Genética Médica e as subespecialidades pediátricas.
Em 2007, quando foram anexadas novas estruturas físicas ao prédio original do IMIP, especialmente o centenário Hospital Pedro II, que durante anos foi o Hospital das Clínicas da UFPE, foi criado o setor de atendimento ao adulto, permitindo desta forma prestar cuidados a toda família, momento em que o IMIP passou a ser denominado Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira.
Entre as ações de extensão, ressalta-se que o IMIP foi pioneiro no Brasil, com o “Projeto de Ações Básicas de Saúde para a População de Baixa Renda” criado em 1983, com o apoio do UNICEF. Atualmente, denominado Programa de Extensão Comunitária (PEC), desenvolve em parceria com as Secretarias Municipais de Saúde do Recife e Olin- da, atividades voltadas à melhoria da qualidade de vida de aproximadamente 70 mil pessoas residentes em oito comunidades carentes, as quais são assistidas por 13 Unidades de Saúde da Família (USF). Estas USF realizam ações básicas de saúde para os moradores das comunidades e têm o IMIP como referência para exames e procedimentos de alta complexidade.
O trabalho institucional com sólido e completo envolvimento com o SUS, ao qual destina a exclusividade das suas atividades assistenciais e capacidade física instalada; a ampla e intensa colaboração prestada a universidades e órgãos oficiais de saúde, a educação e tecnologia na formação e qualificação de recursos humanos para a saúde, assim como a tradicional preferência pela assistência aos socialmente vulneráveis, define a singular condição do IMIP de entidade pública não estatal. Já são mais de seis décadas de uma história de contribuição com o bem-estar direcionado, integral e exclusivamente, à família usuária do sistema público de saúde.
No objetivo de reunir forças, potencializar competências e habilidades coletivas para alcançar os resultados positivos, foi essencial apoiar-se nos ensinamentos do Prof. Fernando Figueira, notadamente no que diz respeito à defesa do direito à vida como bem maior que todos os outros.
“Para sentir o que se deve fazer por uma criança, basta acreditar no futuro. Nela estão todos os roteiros.” Fernando Figueira