Palavra do Presidente

A promoção da saúde e a educação de crianças e adolescentes

Dra. Sandra Grisi

A Organização Mundial da Saúde (OMS) advoga a proposta de que é funda mental fazer com que as pessoas se tornem protagonistas no cuidado da própria saúde e se envolvam com as questões de saúde de suas comunidades. Desde em 1954, a Comissão de Especialistas em Educação em Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS) postula a necessidade de serem realizadas, dentro do espaço escolar, diversas atividades que favoreçam a promoção da saúde, e não somente o trabalho de transmissão de conhecimentos sobre aspectos relacionados à saúde. Nesse sentido, a OMS apresentou o conceito de Escola Promotora de Saúde e o Brasil, por resolução da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, propôs que o tema saúde seja abordado dentro do referencial curricular escolar. Essa abordagem proposta pela OMS está fundamentada no conceito de que “estabelecer comportamentos saudáveis desde a infância e adolescência é mais fácil e eficaz do que modificar hábitos na idade adulta”. A escola – além de seu papel formativo, tornando-se um ambiente favorável para as ações de promoção de saúde e prevenção de agravos – é também o local em que a criança e o jovem têm contato diário, propiciando a detecção mais precoce de problemas, particularmente aqueles que necessitem de suporte socioemocional. A educação desempenha um papel crucial na saúde de crianças e adolescentes, influenciando tanto o desenvolvimento físico quanto mental. Diversos estudos apontam que níveis mais elevados de educação estão diretamente as sociados a melhores resultados de saúde. Por outro lado, a saúde da criança é um aspecto fundamental para seu desenvolvimento pleno e competência para educação. Crianças saudáveis têm maior capacidade de se concentrar, partici par de atividades e interagir com os colegas, o que contribui para um melhor desempenho educacional. Ela engloba não apenas a ausência de doenças, mas também o bem-estar físico, mental e social. Assim sendo, educação e saúde são áreas inter-relacionadas e devem atuar de modo sinérgico. A educação em saúde pode ter forte impacto na saúde de crianças e sua vida futura influenciando-a de diversas formas: promovendo habilidades cogni tivas e emocionais para a resolução de problemas e o controle emocional; hábitos saudáveis, como a importância de uma ali mentação equilibrada, prática de atividades físicas e da prevenção de doenças. Além disso, a escola proporciona socialização e uma rede de apoio que pode ser decisiva para o bem-estar mental das crianças e jovens e tem papel fundamental na redu ção das desigualdades. Dra. Sandra Grisi Presidente da Academia Brasileira de Pediatria Membro titular da cadeira número 6 da ABP