Publicado/atualizado: agosto/2024
Departamento Científico de Saúde Escolar
A educação física nas escolas, além do aspecto pedagógico, deve ser uma atividade lúdica, inclusiva, de lazer, de socialização e de favorecimento neuropsicomotor. Convém lembrar que mesmo o aluno que apresenta algum tipo de deficiência deve participar das atividades de educação física, desde que com suporte adequado, evitando a estigmatização, a discriminação, o preconceito e, em última análise, o isolamento social. Por outro lado, ela não deve ter uma conotação competitiva que demande esforços extenuantes, gerando exaustão e estresse, além de causar danos à saúde dos alunos.
A atividade física é capaz cada vez mais importante, ampliando sua finalidade agora e no futuro, para além da saúde física e mental. Essa atividade também é capaz de criar hábitos e interesses nos alunos, contribuindo para a formação da cidadania, do trabalho em equipe, da inclusão, da tolerância, da humanidade, das boas práticas e para a qualidade de vida. A partir do Ensino Fundamental as modalidades esportivas podem ser gradualmente apresentadas, visando a ampliar o conhecimento sobre os diferentes esportes.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde para crianças e adolescentes consiste na prática de atividades aeróbicas (corridas ou caminhadas fortes, que aumentam a respiração e os batimentos do coração) pelo menos 60 minutos por dia, além de exercícios para fortalecer os músculos pelo menos 3 vezes por semana, a partir de 6 anos. Crianças pequenas devem ser incentivadas a movimentar-se e exercitar-se por meio de jogos e brincadeiras. Dessa forma, o tempo de Educação Física na escola deve ser aproveitado ao máximo. Entretanto, fica claro que a escola não consegue oferecer a totalidade dessa carga horária recomendada. Por esse motivo, o tempo de atividade física deve ser complementado fora da escola (rua, parques, clubes ou dentro da própria casa), incentivado pela família, levando em conta o interesse do próprio estudante. É uma verdadeira divisão de responsabilidades.
Na rua, em parques, em clubes ou dentro da própria casa, a criança e o adolescente poderão usar os conhecimentos adquiridos na escola, que foram orientados pelo professor de Educação Física, adequando a intensidade dos exercícios físicos, aplicando as técnicas e as regras esportivas, engajando-se em novas brincadeiras. Sozinho ou com amigos e vizinhos. Acreditamos que essa é a base para atitudes autônomas com relação à prática de atividades físicas e à saúde, que vão trazer benefícios dentro e fora do ambiente escolar e para o resto da vida.
A valorização de atividade física deve começar na infância. O brincar é fundamental desde cedo para estimulação do desenvolvimento cognitivo, psicossocial e motor, facilitando seu desejo de participar das atividades. A família é modelo e exemplo para todas as ações da criança e do adolescente, portanto o familiar que pratica atividades físicas será um grande incentivador. A prática pode ser feita em conjunto ou a criança / adolescente pode ser convidado para somente acompanhar e observar (caso ainda não tenha interesse em participar ou a atividade não está indicada para a faixa etária). Assistir a jogos, acompanhar eventos esportivos e tornar a atividade física um assunto do dia a dia favorecem o interesse pela prática das atividades físicas e pelo comportamento ativo.
A escola deve priorizar a segurança para a prática das atividades físicas, o que inclui:
- Verificar as condições do piso onde são feitas as práticas, priorizando o uso de material antiderrapante e a proteção de quinas;
- Revisar com frequência a qualidade dos materiais utilizados, como a fixação adequada das traves de futebol e cestas de basquete;
- Evitar a prática de atividade física ao ar livre em períodos de elevada radiação solar e/ou baixa umidade;
- Presença de profissional de Educação Física durante toda a prática;
- Dialogar com os alunos sobre a finalidade não competitiva da atividade física escolar, reduzindo tensões e evitando conflitos.
Deve também estar preparada para possíveis acidentes, contando com profissionais e até alunos treinados em suporte básico de vida, preparação de kit de primeiros socorros e fluxo pré-estabelecido para atendimento em casos de urgência e emergência.
O atestado médico para a educação física escolar é desnecessário, se as crianças vêm sendo rotineiramente acompanhadas por um pediatra, desde o seu nascimento. Caso haja algum problema importante de saúde que possa impedir sua participação nas atividades físicas regulares da escola, esse fato já seria do conhecimento do médico responsável e da família.
A participação de crianças e adolescentes em esportes competitivos que requerem esforços mais intensos torna necessária uma avaliação do pediatra. Essas atividades fogem aos objetivos da educação física regular na escola e, portanto, requerem um atestado médico, específico para o tipo de esporte a ser praticado, observando se o mesmo é adequada à faixa etária e ao perfil de cada um.
A prática de atividades físicas na escola ou fora dela requer alguns cuidados por parte da família, tais como: hidratação antes, durante e depois da atividade física, incentivando o uso de garrafas térmicas individuais e envio de peça de roupa para troca ou uso durante a atividade física, caso a criança/adolescente apresente sudorese intensa.