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Cuidados com o escolar

Publicado/atualizado: junho/2023

Departamento Científico de Saúde do Escolar

  • O que acontece com a saúde das crianças na fase escolar?

Fatores genéticos, nutricionais e ambientais terão importante influência no desenvolvimento físico, cognitivo, social e afetivo. Ė importante que haja interação entre esses fatores. Será um período de adaptação, relacionamento e de novas obrigações. A velocidade de crescimento é lenta porém estável, a fase de estirão ocorrerá no início da adolescência mais cedo nas meninas, por volta dos dez anos e nos meninos a partir dos 12 anos.

  • Nessa fase, com que frequência a criança precisar ir ao pediatra?

Deve ser atendida uma vez por ano, para exame físico completo, avaliação de peso, estatura, IMC, pressão arterial, atividades físicas, saúde mental, marcos do desenvolvimento, alimentação, ambiente e questões escolares, ser encaminhada ao odontopediatra e para atualizar a carteira de vacinação e para realizar screenings oftalmológico e auditivo.

  • Que outros cuidados devem ser tomados nesta fase?

Nesta faixa etária as crianças são ativas, integradas na rotina familiar, já expressam suas vontades e opiniões, impulsivas, não param, têm habilidade em fazer amizades, ainda não têm muito bem desenvolvida a percepção de distância e participam de jogos competitivos. Risco de atropelamentos, de quedas de árvores e muros, de tombos de bicicletas, skates e patins, que podem levar a traumas dentários e ósseos em vários graus de gravidade. Além disso, o pensamento mágico é uma característica dessa idade. Facilmente influenciados por mitos, super-heróis, e bandas de música, as crianças devem ser acompanhadas de perto em suas atividades. É importante, portanto, que se observe o tipo de programas que elas assistem; o acesso aos jogos, a internet nas comunidades virtuais que frequentam e mesmo as amizades devem ser supervisionadas pelos responsáveis, seguindo as recomendações preconizadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria. A Internet não vigiada pode trazer graves problemas, tanto para as crianças, quanto para a família.

  • Quais os benefícios dessa atenção à saúde do escolar?

Mostrar interesse pelas atividades escolares da criança, ler com ela os livros recomendados pela escola, e verificar as anotações da carteira, perguntar sobre os amigos e conversar com ela, avaliar a educação e os limites dados à criança nesta etapa, sempre elogiando suas conquistas, numa relação de amor, são fundamentais para a formação da sua personalidade. Para todos é essencial sempre manter um relacionamento baseado na confiança e no diálogo. A alimentação saudável, a atividade física regular, desde caminhar, nadar, andar de bike, os esportes, o incentivo à leitura, tudo se soma à uma melhor qualidade de vida. Lembrar que a criança registra o comportamento do meio que frequenta e das atitudes dos responsáveis e sua participação é muito importante, mesmo que em tempo reduzido.

  • O atraso de linguagem é comum nesta fase?

A criança já consegue pode construir frases aos 2 anos de idade, portanto a estimulação nesse período pré-escolar, associada ao meio em que vive e à participação dos responsáveis são fundamentais nesse processo. A observação dos pais e do pediatra quanto aos aspectos clínicos, incluindo os sistemas neurológico e auditivo, poderão excluir outras causas e, se forem encontradas alterações, estas necessitarão de tratamento e reabilitação, quando necessário. Na faixa etária de 2 a 6 anos é mais provável que a alteração fonoaudiológica seja observada e detectada pelos familiares, professores e pediatras

  • Como identificar e tratar o atraso de linguagem?

A criança com atraso de linguagem emite sinais de alerta que podem ser identificados pelo pediatra que a acompanha. De qualquer modo, a participação da família é estratégica para a reabilitação da criança, que deve ter também o apoio da escola, com uma abordagem que respeite os conceitos de educação inclusiva. Contar histórias, habituar a criança com livros, conversar bastante, cantar cantigas e estar cercado de afeto, são procedimentos que ajudam na fala.

Em relação à linguagem, ela já possui uma melhor pronúncia das palavras e é capaz de organizar frases mais complexas, começando, inclusive, a ler sozinha. O pediatra, nas consultas de puericultura, pode avaliar desde o balbucio no lactente, a ausência de fala, a não formação de frases desde os 2 anos de idade, entretanto a família que é atenta geralmente já traz essa observação. Ao observar dificuldades na pronúncia e/ou troca frequente de fonemas, deverá ser feito encaminhamento a um profissional especializado, para avaliação e acompanhamento.

  • Qual a definição de bullying?

Segundo a lei nº 13.185, de 2016 considera-se intimidação sistemática ( bullying ) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. O bullying é classificado como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação, incluindo ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos, entre outros.

  • Quais os sinais que pode estar ocorrendo bullying?
    • Mudanças de humor e ansiedade.
    • Queixas e manifestações no sistema digestório.
    • Vontade de faltar as aulas.
    • Machucados inexplicáveis ou mal explicados.
    • Material escolar perdido ou danificado, “roubo” de lanche .
    • Desinteresse pela escola e pelos estudos
    • Piora do desempenho escolar.
    • Isolamento dos amigos
    • Tristeza e choro sem motivo aparente.
    • Baixa autoestima e ideações suicidas.
  • Como orientar seu filho sobre o bullying?

Pais devem manter diálogo e participação nas reuniões escolares e estarem cientes da lei antibullying e seus desdobramentos.

Orientar para que não seja espectador e nem passivo diante do fato.

Encorajar seu filho a fazer novas amizades.

Alertar os supervisores escolares e discutir com eles uma solução e pronta resposta da escola.

Sugerir que busque um adulto na escola e/ou peça ajuda em casa.

Conversar com seu filho a respeito de uma forma mais impactante, o cyberbullying, alertar sobre os riscos, procurar saber que sites está tendo acesso e com quem está conversando online e supervisionar seu tempo e utilização.

Pais devem ser lembrados que podem ser necessárias avaliação psicológica e/ou psiquiátrica.