Publicado/atualizado: março/2023
Departamento Científico de Endocrinologia
Desreguladores (disruptores, interferentes) endócrinos, são substâncias químicas, que alteram o sistema endócrino e a função hormonal. São também conhecidos como: desregularores ou interferentes endócrinos.
Os desreguladores endócrinos agem substituindo, bloqueando, aumentando ou diminuindo a quantidade de hormônios em nosso corpo, causando alteração da função endócrina, principalmente da função sexual e reprodutiva.
Sim. Os desreguladores endócrinos podem ser naturais, isto é, encontrados em vegetais, cereais e plantas e podem ser químicos produzidos sinteticamente
Os desreguladores endócrinos químicos se acumulam nas células gordurosas, sendo eliminados com dificuldade de nosso organismo, acumulando-se e agindo como se fossem hormônios naturalmente produzidos pelas glândulas e alterando o funcionamento do organismo. Já os desreguladores naturais não se acumulam no organismo e são rapidamente eliminados.
Eles estão presentes em toda parte: em nossas casas, no escritório, no campo, no ar que respiramos, nos brinquedos, nos cosméticos, nos alimentos que comemos e na água que bebemos.
- A maioria dos desreguladores endócrinos são absorvidos pela via digestiva. Mas, eles também podem nos contaminar através do ar e da pele, serem transferidos da mãe para o feto durante a gestação ou da mãe para o filho durante a amamentação.
- Maneiras comuns de se expor a essas substâncias são: contato com água, solo ou alimentos contaminados (ex: pesticidas usados na agricultura), contato com produtos industriais (ex: embalagens plásticas, revestimento interno de latas), uso de garrafas ou copos plásticos, bicos de mamadeira, uso de produtos de beleza ou higiene pessoal (ex: maquiagem, esmalte, hidratante, protetor solar, xampu, protetor solar), tubulações de ar condicionado, etc.
- Nos trabalhadores da indústria e da lavoura e moradores de áreas contaminadas a exposição se dá pelo manuseio, inalação ou ingestão dos produtos contaminados.
- DDT, Metiran, Dieldrin, Paration (presente em pesticidas, herbicidas e fungicidas)
- Benzeno (presente em gasolina, removedor, thinners)
- Chumbo (presente em baterias, primmers, tintas, pigmentos)
- Cádmio (presente em estabilizantes de plásticos, baterias e pigmentos)
- Mercúrio (presente em rios contaminados por garimpo, tintas, agrotóxicos)
- Estireno (presente em copos de plástico descartáveis)
- Bisfenol A, ou BPA (presente no revestimento interno de latas, resinas epóxi)
- FItalatos (presente em cosméticos como esmaltes de unhas, vernizes, inseticidas)
- DDT, Metiran, Dieldrin, Paration (irregularidade menstrual, criptorquidia, hipospádia)
- Benzeno (alteração da menstruação)
- Chumbo (atrofia testicular, diminuição dos espermatozoides, aumento de abortamento)
- Cádmio (atrofia testicular, tumores de testículo, diminuição dos espermatozoides)
- Mercúrio (presente em rios contaminados por garimpo, tintas, agrotóxicos)
- Estireno (aumento do abortamento)
- Bisfenol A, ou BPA (estimula a ovulação, a secreção de prolactina e estrógenos)
- FItalatos (alteração dos hormônios sexuais masculinos e femininos, câncer de mama)
Acredita-se que substâncias químicas referidas como “obesogênicos”, aumentem o ganho de peso, alterando ou reprogramando alguns órgãos vitais do sistema endócrino que regulam o metabolismo, o equilíbrio energético e o apetite, resultando em obesidade e suas consequências adversas à saúde
- Os ftalatos são substâncias que dão maleabilidade aos plásticos, cremosidade aos xampus, maior fixação e cor aos esmaltes. Então eles podem estar presentes em uma grande variedade de produtos que nos expusemos no dia a dia: esmalte de unhas, hidratantes, desodorantes, sabonetes líquidos, xampus, condicionadores, copos plásticos, brinquedos plásticos, tubos de PVC dos encanamentos de água e bolsas plásticas com soro ou medicamentos e bolsas de sangue.
- No Brasil, desde 2009, a ANVISA limita a concentração de ftalatos e seus derivados em menos de 1% em peso do ftalato, nos copos e garrafas plásticas descartáveis.
- Os bisfenois são substâncias químicas usadas pela indústria na forma de resina e revestimento epóxi para aumentar a espessura e a durabilidade de revestimentos (ex: latas de refrigerantes, doces e conservas); e para fazer plásticos (ex: mamadeiras, chupetas, copos e garrafas plásticas)
- Existem três tipos de bisfenol: bisfenol A, bisfenol F e bisfenol S
- Após a proibição do uso do bisfenol A (BPA) devido a comprovação de seus efeitos na diminuição da fertilidade masculina, puberdade precoce em meninas, endometriose, síndrome dos ovários policísticos e malformações da uretra e testículo; a indústria criou os bisfenois F e S acreditando que não seriam nocivos, o que, de fato, não se comprovou. Portanto, eles causam problemas semelhantes ao bisfenol A.
- Os bisfenois são encontrados em uma grande variedade de produtos: mamadeiras, canos de água, embalagens de alimentos, maquiagem, creme dental, envelopes, papeis impressos de máquinas de ponto, registro de entrada e saída, comprovantes bancários, passagens de avião, caixas de pizza, papel higiênico, jornal e alimentos enlatados.
- Raramente os rótulos descrevem nomes conhecidos pelo público como, por exemplo, como ftalatos ou bisfenol. Ao invés disso, colocam siglas como DBP (dibutylphtalate), DMP (dimethylphtalate), BPA (bisphenol A), tornando difícil, se não impossível, a sua identificação.
- Além disso, alguns fabricantes colocam no rótulo que o produto é “BPA free”, mas o substituem pelo BPF ou BPS, que são bisfenois de ação semelhante, confundindo o consumidor.
Devido à suspeita de que a crescente produção e utilização de produtos químicos estejam relacionadas com o aumento da incidência de doenças endócrinas pediátricas nos últimos 20 anos, incluindo problemas reprodutivos masculinos (p. ex., criptorquidia, hipospádia, câncer testicular), puberdade feminina precoce, leucemia, câncer cerebral e distúrbios neurocomportamentais.
Ainda não se sabe qual a quantidade necessária de desreguladores endócrinos para causar danos à saúde humana. Entretanto, estudos apontam que quantidades mínimas já teriam a capacidade de serem perigosas.
- Comprar mamadeiras, chupetas e mordedores com o selo “BPA free”.
- Consumir alimentação “orgânica” sempre que possível;
- Informar- se sobre origem de peixes;
- Não aquecer alimentos em recipientes plásticos no forno de micro-ondas;
- Não armazenar alimentos gordurosos em recipientes, sacos ou filmes plásticos;
- Não dar para crianças pequenas, mordedores ou pequenos brinquedos plásticos;
- Lavar bem e descascar as frutas e vegetais;
- Evitar uso de pesticidas;
- Seguir as recomendações do fabricante ao manipular ou usar pesticidas;
- Armazenar pesticidas e outros químicos domésticos fora do alcance das crianças.