Publicado/atualizado: dezembro/2023
Dr. Ricardo Godinho
Departamento Científico de Otorrinolaringologia
A garganta pode ser comparada com uma grande sala. Ao abrir a boca – que é a porta dessa sala – vemos no fundo uma parede avermelhada, que recebe o nome de faringe. Nas paredes laterais observamos as amígdalas, um tecido com aspecto “esponjoso”, que se projeta para o interior da garganta e são responsáveis pela primeira linha de defesa contra as infecções causadas pelos vírus e bactérias.
As infecções de garganta geralmente causam febre e dor, que pioram com a deglutição. As crianças menores, que ainda não se queixam de dor, podem apresentar alterações do hábito alimentar, como: dificuldade de engolir sólidos e alterações do comportamento. A salivação excessiva também pode estar associada às infecções de garganta.
Na criança com dor de garganta causada por infecção bacteriana pode-se observar também febre alta, mau hálito e até dor de barriga.
Os vírus ou as bactérias podem agredir a faringe e causar faringite, e as amígdalas, gerando a amigdalite. Essas duas infecções apresentam características diferentes ao exame realizado pelo médico.
O sistema de defesa do nosso organismo é capaz de resolver, sem a ajuda de antibióticos, os problemas causados pelos vírus. Nas infecções de garganta ocasionadas por vírus, o nariz pode estar entupido ou com secreção. A criança com amigdalite de origem viral pode apresentar tosse.
Somente o médico pode fazer a distinção entre uma infecção causada por bactéria ou vírus, além de identificar se a infecção está na faringe, na amígdala ou nos dois lugares ao mesmo tempo (faringoamigdalite).
Em certos casos, é necessário realizar um swab da garganta (teste rápido da bactéria Estreptococo do Grupo A) para pesquisar ou fazer mais de uma avaliação médica, em dias diferentes, para a confirmação do diagnóstico.
As infecções causadas por bactérias devem ser tratadas com antibióticos. As crianças com amigdalites bacterianas geralmente não apresentam secreção nasal ou tosse. Nos casos indicados, com orientação do pediatra, pode ser necessário fazer uso dos antibióticos de acordo com o número de dias prescrito. Nas infecções bacterianas causadas pelo Estreptococo do Grupo A é preciso usar 10 dias de antibiótico.
Um tipo especial de bactéria, conhecida como Estreptococo do Grupo A, causa infecção de garganta e, se não for adequadamente tratada, poderá gerar problemas no coração e nos rins. Existem testes diagnósticos, com uso do swab ou cultura, que comprovam ou afastam a presença dessa bactéria.
A herpangina é uma infecção viral que causa feridas muito dolorosas (aftas) no céu da boca e próximo das amígdalas.
A criança apresenta febre alta, salivação em excesso, alimenta-se mal e fica extremamente irritada.
No caso de gengivoestomatite (ou estomatite) herpética, também causada por um vírus, além das aftas ocorre uma inflamação intensa na gengiva.
O tratamento desses casos é feito com analgésicos e antitérmicos.
Os vírus Cocksackie e Herpes Simples são os causadores desses quadros dolorosos e não necessitam de tratamento com antibióticos.
A dor de garganta também pode estar presente nas faringites associadas à alergia (faringite alérgica) e ao hábito incorreto de respirar pela boca.
Em algumas crianças, o suco gástrico ácido, que é produzido no estômago, pode voltar para a faringe (refluxo gastresofágico) e causar irritação na garganta, pigarro, dor e tosse.
Os adolescentes podem experimentar um número maior de amigdalites em momentos estressantes, tais como vestibular, mudança de casa ou cidade, problemas no namoro, separação, etc.
De maneira geral, as infecções respiratórias podem estar associadas a alguns fatores predisponentes, como má nutrição, anemia, doenças do sistema imunológico – que é formado por células responsáveis pela defesa do nosso organismo – e também pela exposição frequente à fumaça de cigarro e a ambientes poluídos. Portanto devemos promover medidas de higiene ambiental e hábitos saudáveis.
As pessoas que respiram pela boca podem ter mais dor de garganta e infecções. Quem respira pelo nariz, vive melhor!!!
As crianças que frequentam creches ou berçários podem estar mais predispostas às infecções das vias aéreas. Lavar as mãos e o nariz ao chegar da escola é uma medida eficiente para evitar infecções respiratórias.
A proximidade com a natureza e estilo de vida saudável também promovem melhor bem estar e mais saúde!