Publicado/atualizado: janeiro/2023
Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial
Em 31 de dezembro de 2019 a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu o primeiro alerta sobre o novo coronavírus, que recebeu o nome de SARS-CoV-2 (sigla do inglês que significa Coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave), causador da doença denominada de COVID-19 (do inglês Coronavírus Disease 19), depois que autoridades chinesas notificaram casos de uma misteriosa pneumonia na cidade de Wuhan, a capital e maior cidade da província de Hubei, na China.
Foram, então, adotadas medidas de isolamento dos pacientes e realização de exames para identificar a origem da doença, mas foi pouco, e o vírus acabou disseminando-se por todo o mundo, e já se constitui uma das mais desafiadoras emergências de saúde pública enfrentadas pela humanidade desde a pandemia de influenza em 1918.
Em outubro de 2020 (dez meses após a primeira notificação) já temos notificados 40 milhões de casos em todo mundo.
“Achatar a curva de crescimento da doença” é uma medida crucial para evitar a sobrecarga dos serviços de saúde e limitar o número de mortes.
"Achatar a curva" significa desacelerar a disseminação do vírus para que o número de casos se espalhe ao longo do tempo em vez de haver picos no início.
A transmissão controlada é a grande medida para o achatamento da curva de novos casos da COVID-19, e se faz com medidas básicas de higiene, como lavar as mãos de modo adequado e correto, fazer o distanciamento social que inclui o fechamento de escolas, adotar o trabalho remoto, limitar eventos públicos e restringir viagens internacionais, visando a redução da disseminação da infecção e, desse modo, reduzir a pressão sobre o sistema de saúde. A luta contra um surto de vírus não é apenas de contenção, mas também de retardamento da disseminação, um processo conhecido entre especialistas em saúde como "desacelerar" e "mitigar".
Em 15 de outubro de 2008 uma iniciativa público-privada criou o Dia Mundial da Lavagem das Mãos (Global Hand Washing Day). Uma campanha educativa pela lavagem das mãos de forma correta, com água e sabão, com o objetivo de diminuir o número de doenças e até mortes causadas por doenças infecciosas.
A Sociedade Brasileira de Pediatria apoia esta ação, por acreditar que lavar as mãos de um modo eficaz, seguindo o passo a passo cientificamente comprovada, será uma medida de apoio a luta contra a COVID-19.
Diarreia e desidratação são consideradas uma das 5 maiores causas de morte em crianças abaixo de 2 anos no mundo. Segundo a UNICEF, cerca de 5.000 crianças morrem de doenças diarreicas (desidratação) e a metade destas mortes pode ser evitada se as crianças desenvolverem o hábito de se lavar as mãos com sabão, antes do almoço e depois de ir ao banheiro.
Os meninos e meninas menores de cinco anos sofrem de doenças diarreicas de maneira desproporcional e mais de 3,5 milhões deles morrem devido a doenças relacionadas com a diarreia e a pneumonia. O simples ato de lavar as mãos com sabão pode reduzir a incidência das taxas de diarreia entre crianças menores de cinco anos a quase 50 % e as infeções respiratórias a cerca de 25%.
No ano passado mais de 120 milhões de crianças, em 70 países dos 5 continentes, foram envolvidas na campanha, por meio de ações diversas, como dramatização, palestras e o ensino da lavagem das mãos propriamente dita.
Este ano estima-se que este número aumente, especialmente após a ocorrência da pandemia do SARS-CoV-2 que acabou despertando maior conscientização a respeito da importância da higienização das mãos.
· É melhor água fria ou água quente?
Não importa se a água é quente ou fria. Um estudo científico mostrou que a temperatura da água não importa em termos de efetividade.
· Qual o melhor sabonete líquido, gel, espuma ou em barra?
O sabão ajuda os germes a escorregar pela pele quando você esfrega as mãos, e destrói as paredes celulares gordurosas de vírus e bactérias, matando-os.
Se puder escolher o sabão, opte por um líquido ou gel em vez do sabão em espuma. Um estudo comparou sabonetes líquidos e em espuma da mesma marca, e demonstrou que lavar com espuma não reduziu significativamente as bactérias nas mãos dos participantes do estudo, mas o sabão líquido sim.
Como a espuma é removida mais rapidamente do que o sabão em gel ou líquido, é provável que as pessoas façam o enxague muito rápido, após fazer um monte de espuma rapidamente, elas enxaguam. Um estudo concluiu que as pessoas tendem a lavar as mãos por um período mais curto com o sabão em espuma. Quanto ao sabão em barra, vários estudos mostraram que as bactérias podem permanecer no sabão em barra enquanto ele está úmido, o que ocorre quando ele é usado com grande frequência. Mas os mesmos estudos que analisaram se isso é um problema real, mostraram que as bactérias não se transferiram para o usuário seguinte, mas fica o alerta: se a barra parecer viscosa, lave-a com água antes de ensaboar as mãos e tente guardá-la de forma que ela seque entre cada uso.
· Quanto tempo leva uma eficiente lavagem de mãos?
O tempo para lavar as mãos, esfregando-as, é de pelo menos 20 segundos, de acordo com as entidades médicas. Para explicar o tempo de lavagem para crianças utiliza-se de uma quantificação lúdica de tempo, o equivalente a cantar a música dos “parabéns para você” duas vezes
· Qual o melhor método e para enxugar as mãos?
Toalhas de papel realmente têm um efeito benéfico além da simples lavagem. Esfregar as mãos com uma toalha de papel remove ainda mais germes do que apenas lavá-las. Mãos secas também têm menos probabilidade de espalhar germes do que mãos molhadas.
Os secadores de ar quente não são recomendados, eles podem aumentar a dispersão de partículas e microrganismos no ar e, assim, contaminar o meio ambiente. Rolos de pano também não são recomendados, pois quando o tecido termina, ele é reutilizado e pode ser uma fonte de patógenos que são transferidos para nossas mãos limpas.
1). Molhe as mãos e os pulsos com água corrente
2). Aplique sabão suficiente para cobrir as mãos e os pulsos molhados
3). Esfregue todas as superfícies, incluindo as costas das mãos, entre os dedos e as unhas, por pelo menos 20 segundos
4). Enxágue abundantemente com água corrente
5). Seque as mãos com um pano limpo ou toalha de uso individual
Se não puder lavar as mãos, use um desinfetante para as mãos. Vírus com membrana lipídica, como os coronavírus, morrem com um desinfetante para as mãos à base de álcool. Verifique se o produto contém pelo menos 62% de álcool.
Recomenda-se caso não tiver acesso imediato a água e sabão, use um desinfetante para as mãos à base de álcool. Deve-se aplicar o produto na palma de uma mão e espalhá-lo pelas duas mãos. O gel deve ser aplicado em todas as superfícies das mãos e dedos até o gel secar. O procedimento deve durar aproximadamente 20 segundos.
Entre outras formas de contágio do coronavírus temos o contato com superfícies e objetos contaminados (como celulares, teclados de computador, mesas, maçanetas, brinquedos, carteiras, bolsas, mochilas, etc.)2.
Um grupo de cientistas nos Estados Unidos desenvolveram um estudo e suas conclusões foram adotadas como medidas de prevenção. Identificaram a sobrevida do vírus em várias superfícies:
· Aço inoxidável - 3 dias
· Plástico - 3 dias
· Papelão - 1 dia
· Cobre - 4 horas.
Devido a isso, a desinfecção e limpeza devem abranger todos os possíveis locais que podem estar com o coronavírus presente, incluindo o chão, maçanetas, corrimão, interruptores de luz, superfícies de móveis, chaves, embalagens de produtos, etc.
No caso de utensílios e objetos, a limpeza com água e sabão é considerada eficiente para a descontaminação do coronavírus. Quando essa limpeza não é possível, é necessário então o uso de desinfetantes. Entre esses desinfetantes que podem ser utilizados estão o álcool etílico nas formas líquido e em gel a 70%, além de hipoclorito de sódio, quaternários de amônio e compostos fenólicos presentes em produtos na forma de spray e líquidos no mercado nacional.
Na desinfecção de superfícies o primeiro passo é utilizar apenas produtos desinfetantes regularizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Não é recomendável o uso de produções caseiras ou vendidas em mercados informais, pois podem acarretar riscos à saúde (queimaduras, intoxicação, irritações) e não serem eficazes.
Aprenda, faça, ensine seus familiares e amigos e principalmente divulgue esta medida.
Dia 15 de outubro foi eleito como um dia para alertarmos, para educar, para divulgar, para repercutir, para difundir este ato simples, prático, barato, seguro e eficaz é que lavar as mãos de modo correto, passo a passo, e desse modo poderemos juntos vencer mais uma batalha nesta guerra contra o SARS CoV-2, e tenho certeza, unidos venceremos.