Publicado/atualizado: março/2025
Departamento Científico de Gastroenterologia
O RGE consiste na passagem do conteúdo do estômago para o esôfago, com ou sem exteriorização pela boca em forma de regurgitações (golfadas) e/ou vômitos.
É um evento fisiológico normal que ocorre em todos os indivíduos, principalmente em bebês nos primeiros meses de vida, nos quais resolve espontaneamente no primeiro ano de idade, na maioria dos casos. Raramente inicia antes da primeira semana de vida ou após 6 meses de idade.
O refluxo fisiológico do lactente é uma das queixas mais frequentes em consultórios de Pediatria e de Gastroenterologia Pediátrica.
No entanto a doença do refluxo gastroesofagico- DRGE- ocorre quando o refluxo mais intenso e frequente causa sintomas ou complicações que se associam a problemas e a alterações na qualidade de vida do paciente.
Todas as pessoas(adultos e crianças) apresentam refluxo gastroesofágico em certos momentos do dia, principalmente após as refeições. São períodos curtos, considerados normais. Até 50% dos bebês saudáveis regurgitam várias vezes ( golfam) diariamente nos primeiros meses de vida. Isso, geralmente, não é um problema e melhora conforme crescem. Nessa fase da vida, por passarem uma grande parte do tempo deitados, terem uma alimentação exclusivamente líquida (leite) e ingerirem, comparado a um adulto, um volume grande em relação ao seu peso, apresentam episódios de refluxo mais frequentes. Além disso, nos primeiros 6 meses de vida os bebês ainda apresentam uma imaturidade nos principais mecanismos anti-regurgitação.
O refluxo fisiológico tende a aumentar significativamente entre dois e quatro meses e diminui com o crescimento; a maioria se resolve até o primeiro ano de vida.
Regurgitações ou, como as famílias costumam chamar - "golfadas" é a eliminação sem esforço de pequena quantidade do conteúdo do estômago. Já quando há um esforço maior para expelir o alimento, o episódio é, geralmente, classificado como vômito.
O refluxo se torna doença quando começa a atrapalhar o crescimento e o desenvolvimento normal da criança ou quando piora a qualidade de vida do lactente.
Quando os episódios de refluxo são mais prolongados e frequentes podem acarretar lesão na mucosa do esôfago, desencadeando vários sintomas.
Irritabilidade e choro intenso, perda de peso ou dificuldade para ganhar peso, pneumonia de aspiração, recusa alimentar, anemia e vômitos até com sangue são sinais e sintomas que podem estar presentes.
Em relação ao choro do bebê, vale ressaltar que com 6 semanas o bebê pode chorar mais de 1 hora por dia, e até 35% choram mais de 2 horas. Isso melhora com o tempo, e aos 3 meses a maioria chora bem menos.
Assim, o refluxo-doença, ou " a doença do refluxo gastroesofagico ", ao contrário do refluxo fisiológico, necessita de tratamento e, em casos específicos, exames diagnósticos.
Existem alguns grupos com maior risco para apresentar a doença do refluxo gastroesofagico. Entre eles estão os formados por crianças que têm problemas neurológicos prematuros, obesos e portadores de doenças pulmonares, como a fibrose cística e a displasia broncopulmonar. Também estão mais suscetíveis os que apresentam ou tiveram malformações congênitas do sistema digestório.
Caso seu filho se sinta desconfortável, mais choroso que o usual, ganhe pouco peso ou apresente outro sinal de sofrimento, leve ao pediatra, o médico mais indicado para avaliar a situação e fazer o diagnóstico. É importante lembrar que existem outras causas de choro e irritabilidade que podem coincidir com a presença de golfadas e vômitos. Isso apenas reforça a necessidade de levar a criança para uma consulta com o pediatra para tirar todas as dúvidas e receber os esclarecimentos necessários.
Alguns sinais de alarme devem servir de alerta para a necessidade de um atendimento de urgência.
- Febre alta
- Sonolência excessiva
- Moleira muito alta ou rígida
- Convulsões
- Barriga inchada
- Diarreia constante
- Sangue na fralda
- Dificuldade para respirar
Pela história clínica (anamnese) e um exame físico completo, incluindo peso e comprimento para avaliar o crescimento. Caso julgue necessário, o pediatra pode solicitar exames para complementar sua avaliação diagnóstica.
Evite deitar o bebê logo após as mamadas, mantenha-o elevado por 20 a 30 minutos.
Dependendo da inclinação do bebê-conforto, pode haver compressão do abdômen, o que piora o refluxo e portanto fique atento à necessidade de bebê conforto.
Espere pelo menos 2 horas entre as mamadas
Evite roupas que apertem a barriguinha do bebê
Não exponha o bebê à fumaça de cigarro.
Só o pediatra pode definir a melhor conduta terapêutica após avaliar seu filho.
Importante: NUNCA interrompa o aleitamento materno, que é o melhor alimento para o seu bebê, não troque a fórmula em uso naqueles que estão em aleitamento misto ou já desmamaram e nem inicie medicação sem orientação do pediatra.
Nos primeiros meses de vida do bebê o refluxo, o choro, o sono não ajustado, em alguns, uma certa dificuldade transitória nas mamadas e a mudança na rotina, podem ocasionar cansaço e estresse nos pais. Por isso, algumas dicas são importantes.
Descanse sempre que possível: Aproveite os momentos em que o bebê dorme para recuperar as energias.
Aceite ajuda: Mesmo uma pausa de 10 minutos pode fazer a diferença.
Seja gentil consigo mesmo: Não existe pai ou mãe perfei
Reserve um tempo para você: Pequenos momentos diários de autocuidado são importantes.
Fique atento à sua saúde emocional: Se sentir tristeza intensa ou cansaço extremo por mais de duas semanas, procure um médico para avaliar possíveis sinais de depressão pós-parto.
Você não está sozinho! Cuidar de um bebê exige dedicação e pode representar desafios, mas com a ajuda adequada e as informações certas, o processo se torna mais fácil.