Publicado/Atualizado: janeiro/2021
Departamento Científico de Dermatologia
Sim.
O uso de produtos cosméticos em crianças é cada vez mais frequente. Em parte, devido ao apelo da indústria, que oferece uma ampla gama de produtos; em parte pelos costumes culturais brasileiros que incluem o uso de diversos tipos de cosméticos e perfumes em todas as idades. Entretanto, algumas dúvidas são comuns aos pais:
· Quais produtos são seguros?
· Criança pode usar maquiagem?
· A partir de que idade a saúde da criança não será prejudicada?
Leia o texto completo e entenda sobre o impacto dos cosméticos na saúde infantil!
Sim. Como a pele das crianças é mais fina e sensível, os produtos infantis devem conter menos substâncias químicas capazes de causar irritação e futuras reações alérgicas.
No entanto, nem sempre o fato de um produto se dizer “infantil” ou “neutro” indica que ele é bom ou que não vai irritar a pele.
Porque todos os produtos infantis como xampu, creme hidratante, gel para cabelo, entre outros, devem passar por testes que medem a segurança do consumidor, avaliando, por exemplo, seu potencial de irritar a pele e de provocar alergias. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina regras mais rigorosas para a liberação de produtos destinados às crianças. Então, antes de comprar qualquer produto para o bebê ou para a criança, os pais devem observar se ele é liberado pela Anvisa. É necessário verificar ainda se o produto é adequado à idade da criança. Mesmo assim, após cumpridas estas checagens iniciais, é importante buscar orientação com o pediatra sobre os produtos a serem utilizados.
Quanto mais precoce a exposição a diferentes produtos, maior a chance de sensibilização, ou seja, maior a chance de desenvolver irritações e alergias.
Sim. O pH da pele é ácido (em torno de 5,5). Este "manto ácido" é o responsável pela proteção e pelo equilíbrio da microbiota normal da pele. O uso de sabonetes com pH alcalino (pH alto ou básico) pode alterar o pH da pele e deixá-la ressecada e mais suscetível a infecções e irritações. O pH da maioria dos sabonetes em barra é mais alcalino do que dos líquidos e, portanto, são mais irritantes e ressecam mais a pele.
Como regra geral, são recomendados os sabonetes líquidos, sem fragrâncias/perfumes, que tenham sido dermatologicamente testados. Os sabonetes antissépticos ou antibacterianos não devem ser utilizados como rotina. Syndets são sabonetes sintéticos adequados para bebês e crianças por possuírem surfactantes (agentes de limpeza) mais suaves, ou seja, menos agressivos à pele.
Sim. As tatuagens de “henna” são elaboradas, muitas vezes, com a associação de uma substância química chamada parafenilenodiamina, que deixa a cor escura, mais parecida com uma tatuagem de verdade. Reações alérgicas a essa substância têm sido descritas em crianças, muitas vezes com formação de bolhas e cicatrizes permanentes. A criança que apresentou alguma reação alérgica a esta substância não pode mais entrar em contato com a mesma.
A utilização cada vez mais precoce de cosméticos, especialmente maquiagens e esmaltes, tem aumentado consideravelmente a ocorrência de dermatites de contato, principalmente nas meninas. Isso porque a pele das crianças fica sensibilizada desde muito cedo, aumentando a chance de reações alérgicas.
Lembrem-se: produtos como maquiagens, esmaltes, pinturas ou tatuagens podem causar sérias irritações na pele das crianças. Os esmaltes são causas frequentes de alergias no rosto e ao redor dos olhos.
Além dos riscos de irritações e alergias, há estudos que mostram que algumas substâncias encontradas em cosméticos (conservantes, fragrâncias e até filtros solares, por exemplo) podem levar a prejuízos à saúde infantil, como alguns efeitos hormonais ou toxicidade neurológica.
Sendo assim, quanto mais os pais conseguirem postergar o uso de cosméticos supérfluos pelas crianças, e quanto menor o número de produtos utilizados, melhor saúde elas terão.
Não há uma idade “segura” para indicar a introdução de produtos cosméticos. A sensibilização que gera as alergias pode ocorrer mesmo após diversas exposições à substância em questão. Os efeitos prejudiciais à saúde infantil ainda são pouco esclarecidos e, em relação aos cosméticos, podem ser potencializados pelo fato de estes serem utilizados repetidas vezes durante a vida. Portanto, quando menor a exposição a cosméticos na infância, melhor.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem se empenhado junto à Anvisa para discutir este assunto e garantir uma maior segurança no consumo destes produtos por crianças.