Publicado/atualizado: julho/2023
Departamento Científico de Gastroenterologia Pediátrica
Sim. A principal manifestação da cólica do lactente é o choro inconsolável. Deve ser lembrado que o choro faz parte do desenvolvimento neurológico e comportamental do lactente. Pode ser ocasionado também pelo frio, calor, fraldas que necessitam de troca e fome, entre outras causas que acontecem normalmente no cotidiano do bebê.
Quando o choro não desaparece quando as outras causas são descartadas, pode ser cólica do lactente. No entanto, nem todo choro inconsolável é cólica. Assim, o pediatra deve avaliar o lactente para descartar outras causas que podem acarretar choro inconsolável e estabelecer o diagnóstico correto do problema.
Há quase 70 anos existe uma definição de cólica do lactente que leva em consideração a ocorrência de choro inconsolável e/ou inquietação e/ou irritabilidade por pelo menos três horas, em três dias da semana e com duração superior a três semanas (a chamada “regra dos 3“). Além do sofrimento que ocasiona no bebê, a cólica pode se associar com muita ansiedade nos pais, maior risco de depressão materna e redução na qualidade de vida da família.
Não se conhece com a exatidão as causas da cólica. Acredita-se que estejam envolvidos na sua geração fatores ligados ao ambiente, incluindo o status biopsicossocial da família, imaturidade do sistema nervoso central, intolerância à lactose, anormalidades em hormônios gastrintestinais, alteração da motilidade e na colonização do intestino. O caráter autolimitado da cólica, ou seja, seu desaparecimento espontâneo sugere que pode sofrer grande influência do desenvolvimento do tubo digestivo ao longo dos primeiros meses de vida.
Com relação à alimentação, a cólica do lactente pode ocorrer tanto em crianças que recebem leite materno como única fonte de alimento ou naquelas que sejam alimentados com fórmula infantil.
Na prática, constata-se que pode ser o motivo de inúmeras e injustificadas trocas nos tipos de fórmulas lácteas oferecidas ao lactente. Nunca deve ser interrompido o aleitamento natural exclusivo para reduzir a cólica do lactente.
Raramente, o lactente pode ter cólica ocasionada por alergia à proteína do leite de vaca. Os bebês que recebem fórmula infantil, sempre que possível, devem voltar para o aleitamento natural exclusivo. Quando não for possível, o pediatra deve ser consultado para verificar qual o melhor tipo de fórmula deve ser utilizada para o bebê
É sempre importante verificar se o sucesso da dieta de se exclusão das proteínas do leite de vaca é realmente a responsável pelo controle da cólica do lactente.
Para tanto, após o controle da cólica deve ser tentado reintroduzir a proteína do leite de vaca na dieta da mãe, conforme orientação e supervisão do pediatra. Outros alimentos que a mãe consome, praticamente na totalidade dos casos, não está envolvida com a cólica do lactente. Assim, não se justifica a exclusão de outros alimentos da dieta da mãe.
As crianças que não recebem leite materno, deverão fazer teste de desencadeamento (ou provocação) oral, conforme orientação e supervisão do pediatra, com a reintrodução de mamadeira com proteínas íntegras do leite de vaca.
A utilização de medicamentos com o objetivo de facilitar a eliminação ou diminuir os gases do tubo digestivo não tiveram sua eficácia comprovada.
Por outro lado, considerando que a colonização do tubo digestivo é diferente nas crianças com cólica, foi pesquisado o papel dos probióticos no seu tratamento. Até o presente, foi demonstrado que apenas duas cepas específicas de probióticos podem reduzir a duração diária do choro e acelerar a resolução da cólica do lactente. Portanto, o Pediatra deve ser consultado para evitar que seja usado probiótico sem comprovação de eficácia. Deve ser lembrado que os probióticos não são medicamentos.
Há uma série de procedimentos que podem ser adotados. As seguintes sugestões podem ser úteis para ajudar no controle da cólica do lactente: