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O primeiro dia de vida do recém-nascido e família

Publicado/Atualizado: novembro/2022

Departamento Científico de Neonatologia

  • O meu bebê pode ficar nos meus braços logo após nascer?

Se ao nascimento o bebê está se movimentando e respirando, o local mais seguro e saudável, é que fique no contato pele a pele com a mãe, independendo da via de parto, durante uma hora. Bebês prematuros também podem ficar com a mãe no primeiro contato pele a pele se as condições clínicas permitirem. Esse contato direto ajuda a criança a se colonizar com bactérias domiciliares, evita a hipotermia (ficar frio), ajuda na amamentação na primeira hora de vida e no vinculo mãe filho. Se por algum motivo a mãe não tiver condições de ficar com o bebê de imediato, o pai pode também exercer essa função.

  • E se não trouxerem o meu filho de imediato para ficar comigo?

Se ao nascimento o bebê não estiver se movimentando ou respirando, o cordão será cortado de imediato e ele deverá ser levado à mesa de reanimação pelo pediatra, pois em nenhum momento da vida terá risco maior de morrer ou ficar com sequela neurológica. Contudo, quando se intervém no primeiro minuto de vida, a maioria dos bebês respondem adequada e rapidamente às manobras de reanimação. Se assim for, em seguida ele pode ir para a mãe, ficar no contato pele a pele. Importante saber que deve haver um acompanhante durante este processo e as informações sobre o ocorrido devem ser dadas de imediato.

  • O colírio e a vitamina K, são necessários? Não prejudicam a humanização?

Nem o colírio nem a vitamina K precisam ser aplicados imediatamente após o parto, antes do contato pele a pele. Do mesmo modo, procedimentos burocráticos como medidas antropométricas (peso, estatura, perímetro cefálico) ou vacinação, etc. não devem constituir barreiras que impeçam ou retardem a integração do recém-nascido com os pais. Contudo, nas primeiras duas  horas de vida, o colírio e a vitamina K devem sim ser aplicados no recém-nascido, para evitar oftalmia neonatal, causadora de cicatrizes oculares e cegueira, assim como deficiência de vitamina K, que pode ocasionar distúrbios hemorrágicos desde os primeiros dias até 6 meses de idade, incluindo hemorragia intracraniana.

  • Então o bebê não precisa ser examinado no primeiro dia?

Não é assim. Durante o contato pele a pele da primeira hora o pediatra não separa o bebê de seus pais para realizar exame físico, mas realiza uma observação ativa à procura de sinais que indiquem problemas de saúde ou alterações na transição para a vida extrauterina. Após a primeira hora, antes de encaminhar para o alojamento conjunto, o pediatra realiza o exame físico completo para se certificar de que não existam malformações (fenda palatina, genitália ambígua, etc).

  • E se eu não tiver leite no primeiro dia, tem que complementar?

É frequente e normal não ter leite no primeiro dia de vida pois não havia sucção previa que estimulasse o seio. Os recém-nascidos a termo saudáveis sem fatores de risco, nascem com reserva suficiente e não precisam de medidas de glicemia nem complementar com leite humano de banco e muito menos com fórmulas. O primeiro leite é chamado colostro, tem cor amarelada e tem quantidade suficiente para suprir a demanda do recém-nascido. Em caso de dúvidas em relação à quantidade de leite ou colostro no primeiro dia, o bebê deve ser colocado para mamar com frequência para que estimule o seio, dessa forma no dia seguinte haverá maior produção de leite.

  • Quanto tempo após o parto, é possível receber visitas de amigos e familiares?

Os recém-nascidos possuem menor defesa, o que os faz mais suscetíveis a infecções e viroses. Assim, todo cuidado é pouco para evitar que fiquem expostos. Depois da primeira semana de vida, parentes próximos podem fazer visitas rápidas, se não estiverem apresentando quadros virais e sempre com o cuidado de higienizar as mãos .