Voltar ao Portal SBP
Câncer na criança e no adolescente

Publicado/atualizado: junho/2023

Departamento Científico de Oncologia

  • Qual a incidência de câncer entre os mais jovens?

No Brasil, de acordo com Instituto Nacional do Câncer (INCA), são esperados 704 mil casos novos de câncer para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência.

O câncer infantojuvenil, na maioria das populações, representa de 1% a 4% de todas as neoplasias malignas.

Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), estima-se que no mundo, todos os anos, 215.000 casos são diagnosticados em crianças e adolescentes menores de 15 anos, e cerca de 85.000 em adolescentes de 15 a 19 anos.

No Brasil, segundo INCA, a estimativa de novos casos de câncer infantojuvenil é de 7.930 para cada ano do triênio, de 2023 a 2025.

Assim como nos países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos.

  • Quais são os sinais e sintomas de alerta para o câncer?

O reconhecimento imediato do câncer infantojuvenil algumas vezes pode não ser fácil, pois os sinais e sintomas da doença podem mimetizar (imitar) outras doenças mais comuns e menos graves da infância. É relativamente frequente que, aos primeiros sinais do câncer, a criança não se apresente gravemente doente, o que pode atrasar o seu diagnóstico. Assim, é fundamental que as crianças e adolescentes realizem as consultas periódicas com seu pediatra e os familiares tenham atenção especial a determinados sinais e sintomas, principalmente se persistentes, visando o reconhecimento mais rápido do câncer.

Principais sinais e sintomas que podem estar associados ao câncer infantojuvenil:

    • Cefaleia (dor de cabeça), principalmente matutina, persistente, e progressiva, associada ou não a vômitos, alterações ao caminhar, falta de equilíbrio, alterações na fala, além de perda de habilidades desenvolvidas (por exemplo, a criança deixa de ficar em pé, piora da letra, etc.) e alterações no comportamento.
    • Aumento de volume em partes moles (caroços ou inchaços), principalmente indolores e sem apresentar febre, com ou sem sinais de inflamação, como dor ou vermelhidão, o que pode sugerir crescimento tumoral e necessitar avaliação. A história de trauma pode ser é comum, porém não tem relação de causa e efeito.
    • Aumento inexplicado de volume de testículo, sem história de trauma.
    • Dor abdominal persistente, podendo ter presença de massa abdominal.
    • Dor nas costas, que piora na posição deitada, com ou sem associação com diminuição da força muscular ou perda espontânea de urina e fezes.
    • Dor óssea ou articular, especialmente se for persistente e despertar a criança à noite, associada ou não a edema (inchaço), massa ou limitação funcional.
    • Fraturas, sem história de trauma.
    • Equimoses (manchas roxas), petéquias (pontos avermelhados) em regiões pouco frequentes e outros sangramentos. Lembramos  que manchas roxas nas pernas são frequentemente associadas a trauma (batida), mas quando no tórax, costas ou até mesmo no abdome devem chamar atenção, principalmente quando não estiverem associadas a algum tipo de traumatismo.
    • Estrabismo (“olho vesgo”), que surge repentinamente, nistagmo (movimentos repetitivos e não controlados dos olhos).
    • Febre prolongada de causa não identificada.
    • Exoftalmia (olho protruso- para fora e para frente), equimose (mancha roxa) na pálpebra sem causa aparente.
    • Hematúria (sangramento na urina), hipertensão arterial sistêmica.
    • Hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e do baço).
    • Leucocoria ou “reflexo do olho do gato”: reflexo branco na pupila (menina dos olhos) que pode ser visível no dia a dia, ou em fotografias com flash. A coloração normal do reflexo é avermelhada.
    •  Linfonodomegalias (ínguas) de crescimento progressivo.
    • Nevos (pintas) com modificação de características prévias, em áreas de exposição solar ou de atrito.
    • Palidez, fadiga (cansaço) e perda de peso sem explicação.
    • Prurido (coceira), sudorese profusa noturna, principalmente associada a presença de “ínguas”.
    • Pseudopuberdade precoce: acne, voz grave, ganho excessivo de peso, pelos pubianos ou aumento do volume mamário nas meninas com menos de 8 anos de idade e nos meninos com menos de 9 anos de idade.
    • Sangramento vaginal antes da adolescência.
  • O que fazer se um ou mais desses sintomas for identificado numa criança ou adolescente?

Antes de tudo, mantenham a calma e procurem agendar o mais rápido possível uma consulta com o pediatra da criança ou do adolescente. Ele fará um exame clínico cuidadoso e solicitará a realização de exames complementares. Após a análise dos resultados, poderá esclarecer melhor o que está acontecendo e, se existir a necessidade, pedir que o paciente seja avaliado por médicos especialistas.