Publicado/atualizado: junho/2023
Departamento Científico de Nefrologia
A associação de constipação com disfunção do trato urinário inferior é chamada de disfunção vesical e intestinal (DVI).
Ambos compartilham as mesmas origens embriológicas, a localização pélvica e a inervação. Por isso, quando ocorre alteração em um dos sistemas (urinário ou intestinal), o outro também pode ser alterado.
A constipação (prisão de ventre), ocorre quando o intestino fica com acúmulo de fezes em excesso. Esse problema é frequente e pode ser causado por problemas hereditários e pelo estilo de vida.
Os sintomas da constipação são variáveis, algumas vezes pouco perceptíveis. Entre eles, eliminar fezes nas roupas íntimas (em pequenas ou grandes quantidades); precisar ir ao banheiro com pressa, mesmo que alguns minutos atrás não houvesse necessidade; dor de estômago intermitente, muitas vezes após as refeições; náuseas; fezes duras e secas; passagem dolorosa das fezes; evacuações pouco frequentes (a cada dois dias ou mais).
O reto (porção final do intestino) normalmente distende-se com a chegada das fezes servindo como um estímulo para a vontade de evacuar. Quando as fezes chegam ao reto, deve-se notar e sentir o desejo de ir ao banheiro. Mas esse mecanismo não funciona adequadamente em crianças que estão constipadas há algum tempo. As crianças constipadas, por precisarem usar todo o intestino (incluindo o reto) para armazenar as fezes, perdem a capacidade de perceber que o reto está cheio e em consequência, perdem o desejo de ir ao banheiro.
A criança pode apresentar perda de urina na roupa, ir frequentemente ao banheiro ou segurar a urina por muitas horas, apresentar fezes em formato de bolinhas, ou endurecidas. Algumas vezes pode ocorrer perda de fezes na roupa e queixas de dor na barriga.
Para crianças levemente constipadas, orientações sobre hábitos alimentares, de ingesta de líquidos e treinamento evacuatório costumam ser suficientes.
Se a constipação for mais importante, medicamentos são necessárias para manter o intestino funcionando enquanto a família trabalha os hábitos alimentares, de ingesta de líquidos e treinamento evacuatório.
Os pais devem estimular a criança a beber muita água, mas não muito leite, a comer muitas fibras (pão integral, legumes) e a ser ativa. Evitar a exposição demasiada às telas (jogos de computador ou TV, celular). O intestino deve ser esvaziado pelo menos uma vez por dia (depois do café da manhã é uma boa hora) e as visitas ao banheiro não devem ser apressadas. E, mais importante, a criança nunca deve adiar uma visita ao banheiro: assim que sentir a menor necessidade, deve ir imediatamente ao banheiro.
É necessária uma avaliação inicial, com o registro diário da micção, anotando todas as idas ao banheiro, medindo a quantidade de urina e anotando a quantidade de líquidos ingeridos, durante 2 ou 3 dias. Algumas vezes, a depender da avaliação inicial, são necessários exames mais específicos, especialmente se houver histórico de infecção urinária.
Fonte: International Children’s Continence Society - http://i-c-c-s.org/for-parents-families/