Publicado/atualizado: abril/2023
Departamento Científico de Neurologia
A Epilepsia é uma doença caracterizada pela presença de crises convulsivas não provocadas, recorrentes, com a ocorrência de no mínimo duas crises em intervalo de tempo superior a 24 horas. As epilepsias podem estar associadas a diferentes problemas que afetam o sistema nervoso central, como exemplo lesões estruturais, alterações genéticas e/ou metabólicas, doenças infecciosas e/ou autoimunes. Algumas vezes esta causa não é passível de determinação através dos métodos diagnósticos disponíveis no momento.
A Epilepsia é uma doença onde ocorrem crises espontâneas, as convulsões são um sintoma que podem ser desencadeados por diferentes fatores precipitantes (ex: febre, abstinência ao álcool e/ou drogas, hipoglicemia ou outros déficits metabólicos, etc...)
Diversos tipos de convulsões podem ocorrer em pacientes com epilepsia. Dependendo do tipo de epilepsia pode haver predominância de um tipo de crise. As crises podem ter início focal (parte do corpo) , com ou sem perda da percepção ou podem ser generalizadas. Crises focais indicam que a descarga elétrica epileptogênica iniciou em determinada região do cérebro, já nas crises generalizadas corre um rápido recrutamento de neurônios em ambos os hemisférios cerebrais. As crises podem ter manifestações motoras (clônica – abalos repetitivos envolvendo um ou vários segmentos, mioclônica- breve abalo de pequeno grupo muscular, tônica – postura de hipertonia, espasmos –típico da Síndrome de West, atônicas) ou não motoras. Nos casos de crises “não motoras” focais podemos ter manifestações autonômicas, parada comportamental, crises sensoriais. As crises não motoras generalizadas se caracterizam por episódios de ausências.
O diagnóstico da Epilepsia é clinico, feito pela história detalhada coletada em consulta médica. O Eletroencefalograma (EEG) auxilia para confirmar o tipo de síndrome epiléptica (SE). Em alguns casos exames de Neuroimagem (Ressonância) e/ou Genéticos (Exoma, Painel de Epilepsia, etc...) são necessários para identificar causas associadas (etiologia).
O uso de vídeo domiciliar retratando o evento ocorrido pode muitas vezes auxiliar no diagnóstico.
A grande maioria das epilepsias é tratada com o uso de um único fármaco anticrise, que esteja sendo usado na dosagem adequada, que seja indicado para o tipo de crise apresentado e que seja utilizado regularmente (diariamente) nos horários indicados pelo médico assistente. Em alguns casos o controle das crises epilépticas somente é obtido com o uso conjunto de dois ou mais fármacos anticrise. Em 20% dos pacientes a epilepsia pode ser refratária (ou intratável) mesmo com a combinação de fármacos. Nestes casos deve-se pensar em outras opções terapêuticas tais como cirurgia da epilepsia, uso de dieta cetogênica ou de estimulador vagal.
Muitas epilepsias são auto-limitadas e ocorrem somente dentro de uma faixa de idade determinada. Entretanto, outras podem durar por toda a vida. Para fazer esta diferenciação é fundamental elaborar corretamente o diagnóstico da síndrome epiléptica . Considera-se que a Epilepsia está resolvida nos indivíduos que tem SE idade-dependente e que já passaram da faixa etária de risco ou naqueles que estão livres de crise nos últimos 10 anos sem usar fármacos anticrise nos últimos 5 anos.
Cuidado com manuseio de objetos que podem quebrar e ferir.
Cuidado com fogo (lareira, mexer no fogão).
Evitar banhos de imersão (banheira, piscina) sem supervisão.
Evitar objetos agudos que possam ferir.
Deixar a cama livre de objetos e na dependência da idade usar grade ou protetor.
Considere o uso de monitor (tipo babá eletrônica)
Se for a primeira vez em que ocorreu uma crise
Se a crise for prolongada (a partir de 5 minutos de duração)
Se a respiração não voltar ao normal após a crise
Se ocorrer algum machucado (trauma, lesão) após a crise
Se as crises se repetirem uma após a outra
Leva a medicação anticrise sempre na bagagem de mão
Leve na bagagem despachada medicação extra (além dos dias previstos) caso haja algum atraso na viagem
Caso a viagem seja com troca de fuso horário pedir ao seu médico assistente auxilio na adaptação dos horários das medicações.
Em caso de adolescentes viajando sozinhos considere o uso de bracelete de identificação com alerta médico.
Em crianças isto é muito raro, entretanto, em adultos jovens (20-40 anos de idade) com epilepsia não adequadamente controlada existe um risco real de SUDEP (sudden unexpected death in epilpesy - morte súbita e inexperada em indivíduo com epilepsia).