Publicado/atualizado: junho/2024
Departamento Científico de Hepatologia
A Esteatose hepática, popularmente conhecida como "Gordura no Fígado", é um distúrbio que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no interior das células do fígado (hepatócitos). É uma condição cada dia mais comum, que pode manifestar-se também na infância.
Grande parte dos casos de esteatose está diretamente associada à obesidade, aumento da gordura abdominal, dislipidemia (alteração das gorduras do sangue, triglicérides e colesterol), hipertensão arterial e diabetes mellitus.
Além destes fatores pode ser decorrente de elevado consumo de álcool (esteatose alcoólica), infecções virais, doenças genéticas e uso de medicamentos.
Em qualquer faixa etária, mas principalmente nos primeiros anos de vida, a esteatose hepática pode aparecer em algumas doenças metabólicas. Já nas crianças maiores e adolescentes, as causas são semelhantes às dos adultos.
Na grande maioria das vezes os pacientes são assintomáticos. Os sintomas geralmente aparecem quando surgem as complicações da doença. Hepatomegalia (aumento do fígado) pode ser um achado comum.
Nos quadros leves de esteatose hepática, a doença é assintomática. Pode ocorrer dor abdominal, cansaço, fraqueza, perda de apetite e aumento do fígado. Os sintomas geralmente aparecem quando surgem as complicações da doença.
O aumento de gordura dentro dos hepatócitos, constante e por tempo prolongado, pode levar a uma inflamação do fígado chamada esteato-hepatite ou hepatite gordurosa, que é capaz de evoluir para cirrose hepática e até câncer.
A presença de gordura no fígado pode ser detectada através do ultrassom de fígado. Entretanto, casos leves podem não ser detectados por este método. Atualmente a elastografia hepática é de grande valia pois detecta a quantidade de gordura na fígado. Testes bioquímicos hepáticos ( TGO, TGP, GGT) podem ser normais ou elevados.
Uma vez detectada a alteração, é indispensável estabelecer o diagnóstico diferencial com outras hepatites, ou doenças autoimunes e genéticas, ou pelo uso de drogas, uma vez que a enfermidade não apresenta um quadro clínico característico.
Raramente indica-se biópsia do fígado. A indicação é para os casos duvidosos , assim como esteato-hepatite, presença de fibrose ou cirrose.
Não existe um tratamento específico para Esteatose Hepática, ele vai variar conforme cada caso, grau e causas da doença. Os pilares do tratamento são as modificações dos hábitos de vida:
· Estilo de vida saudável.
· Alimentação equilibrada e saudável.
· Prática regular de exercícios físicos.
· Vitamina E pode estar indicado quando há diagnóstico de esteato-hepatite
Perda de peso é fundamental e obrigatório em todos os pacientes com sobrepeso ou obesos e com esteatose hepática ( diagnóstico por imagem)
São raros os casos em que há necessidade de medicamentos. Eles podem ajudar, mas precisam ser aliados às mudanças de estilo de vida para tratar na raiz a causa do problema e ter o resultado satisfatório.
O tratamento na infância é essencial para prevenir danos irreversíveis na fase adulta, além da conscientização da criança e familiares para hábitos de vida saudáveis.
Seguindo o tratamento adequado, o paciente tem altas chances de regredir o quadro de gordura no fígado ou ao menos estabilizá-lo. Mesmos os casos em que a doença já evoluiu para cirrose podem ser controlados antes que o fígado seja completamente atacado. Por isso a importância do diagnóstico precoce.