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Tumores do Sistema Nervoso Central - parte 2

Publicado/atualizado: junho/2023

Departamento Científico de Oncologia

  • Como é realizado o diagnóstico?

Os médicos suspeitam de tumor cerebral com base nos sinais e sintomas, além   do exame físico. Após examinar o paciente, o médico confirmará sua suspeita diagnóstica na maioria das vezes, por:

·         Exames de diagnóstico por imagem: a ressonância magnética (RM) de crânio é o exame principal para a investigação. Na impossibilidade deste exame, será solicitado tomografia de crânio (TC) com contraste que é injetado em uma veia (via intravenosa). Os contrastes são substâncias que tornam as imagens mais nítidas;

·         Se houver suspeita de tumor cerebral, o médico geralmente remove uma pequena amostra de tecido (biópsia) para confirmar o diagnóstico ou quando é possível ele realiza a cirurgia para remover todo o tumor. Este material é enviado para estudo histopatológico (estudo dos tecidos) do tumor. Atualmente existem exames complementares ao exame histopatológico que são fundamentais para confirmar o diagnóstico, como a imunohistoquímica e pesquisa de mutações genéticas que vão orientar o tratamento e o prognóstico (identificar os tumores que tem mais chance de cura);

·         Em alguns casos pode ser necessário realizar punção lombar, que deve ser excutada por especialista por causa do risco de complicações relacionados ao aumento da pressão dentro do crânio. Este exame é utilizado para diagnosticar células cancerígenas no líquido cefalorraquidiano (LCR), que banha a medula espinhal e o cérebro. O procedimento consiste na aspiração do LCR através de uma agulha, para posterior exame histopatológico. 

  • Quais as localizações desses tumores e quais são os tipos mais frequentes?

A localização do tumor varia conforme a idade. Na primeira década de vida são mais comuns tumores na fossa posterior (infratentorial). Nas crianças menores de dois anos, em adolescentes e em adultos jovens, a região supratentorial é mais acometida. Infratentorial ou supratentorial são termos utilizados para designar se os tumores estão abaixo ou acima de uma estrutura do crânio chamada tenda do cerebelo (Figura 1).

Os tipos de tumores cerebrais mais frequentes são os astrocitomas, meduloblastomas, ependimomas e craniofaringiomas.

  • Onde o tratamento deve ser realizado??

É fundamental que seja realizado em centros especializados no tratamento do câncer pediátrico por equipe multidisciplinar. Portanto, a equipe de saúde deve incluir médicos especializados no cuidado e tratamento de crianças e adolescentes com câncer (oncologistas pediátricos), neurologistas pediátricos, neurocirurgiões pediátricos, radioterapeutas, especialistas em terapia intensiva, enfermeiras, psicóloga, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudióloga, entre outros profissionais.

  • Qual o tratamento mais indicado?

O tratamento envolve várias modalidades, como cirurgia, quimioterapia e radioterapia, na dependência do tipo de tumor e da idade da criança. Os procedimentos envolvidos no tratamento do tumor do SNC são:

·         Extração cirúrgica do tumor: a cirurgia, na maioria dos tumores, constitui o primeiro passo, com intenção de retirar o máximo de tumor possível, tanto para diminuir a quantidade de tumor (carga tumoral), quanto para permitir que tenhamos tecido suficiente para diagnóstico histológico. O ideal é que o tumor seja completamente retirado, mas isso nem sempre é possível. O tumor é removido cirurgicamente abrindo-se o crânio (o que é denominado craniotomia). Alguns tumores cerebrais podem ser extraídos sem danos ou com danos mínimos ao cérebro. Após a cirurgia, o exame de ressonância magnética pode ser realizado para determinar se qualquer parte do tumor permaneceu e, se for o caso, o quanto do tumor permaneceu.

·         Quimioterapia, radioterapia ou ambas. Caso o tumor não possa ser removido cirurgicamente, tratamento adicional, em geral, é necessário. A escolha de realizar quimioterapia, radioterapia ou ambos, depende do tipo do tumor, do grau de agressividade e da idade do paciente. Em crianças de baixa idade, dependendo do tipo de tumor, quimioterapia pode ser realizada primeiro, uma vez que a radioterapia pode interferir no crescimento e no desenvolvimento do cérebro. Caso necessário, radioterapia pode ser usada quando as crianças são mais velhas.

·         Drenagem do líquido cefalorraquidiano: este procedimento se chama derivação ventrículo-peritoneal e é feito inserindo um tubo fino (cateter) de material sintético no cérebro (ventrículo) da criança para drenar o líquido. O tubo passa sob a pele e a outra extremidade fica dentro da barriga (peritônio). Isso cria um caminho para a drenagem do líquido do cérebro. Em geral, as derivações são permanentes, mas às vezes, os médicos podem removê-las à medida que a criança vai crescendo. Uma derivação pode ficar obstruída, romper ou ficar infectada. Nesses casos, pode ser necessário substituir esta derivação.

  • Qual o prognóstico?

O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura da criança e do adolescente com câncer, pois quanto mais cedo o tumor for diagnosticado, maior a chance de cura do paciente, menos agressivo o tratamento e menor chances de deixar sequelas. A sobrevida dos pacientes com tumores de SNC vem aumentando nos últimos anos, seja pela melhora no diagnóstico com os exames de imagem, ou pelos tratamentos oferecidos. Apesar dos avanços nos resultados, estes pacientes podem ter sequelas físicas, cognitivas (relacionadas a linguagem, pensamento, memória, raciocínio e emoção), neurológicas, endocrinológicas, em razão do próprio tumor ou do tratamento realizado. É importante que o tratamento desse paciente seja individualizado e que se tenha atenção para medidas que podem melhorar a qualidade de vida por meio do acompanhamento regular, mesmo após o término do tratamento oncológico.