Publicado/atualizado: dezembro/2024
Presidente: Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo
Secretária: Tamara Beres Lederer Goldberg
Membros: Benito Lourenço, Darci Vieira da Silva Bonetto, Ligia de Fátima Nóbrega Reato, Lilian Day Hagel, Maria Inês Ribeiro Costa Jonas, Marluce Barbosa Abreu Pinto
São os “nativos digitais”. Essas crianças e adolescentes são caracterizados por nascerem e crescerem em um mundo onde a tecnologia é parte integral da vida cotidiana. Diferente das gerações anteriores, que vivenciaram a transição digital e o surgimento das novas tecnologias, já nasceram em um ambiente onde smartphones, tablets, internet e inteligência artificial são tão comuns quanto brinquedos e livros. É a geração que pode chamar de “nativos digitais” e o seu comportamento é reflexo do que está por vir na cultura, na saúde, na economia e no mercado profissional e acadêmico com características e linguagem própria. Ainda que essa geração seja antenada e esperta em algumas áreas e tenha um excelente domínio de recursos digitais, elas estão expostas ao medo e à insegurança, necessitando de auxílio para lidar melhor com suas emoções e seus sentimentos
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Essa forte presença da tecnologia no cotidiano, somada à experiência do período pandêmico no início de suas vidas, faz com que eles tenham perspectivas, comportamentos e visões bastante particulares influenciando também pela nova composição familiar. São geralmente filhos únicos, unidades familiares menores, pais mais velhos e uma maior atenção de avós e mães, que têm assumido cada vez mais o papel de liderança nas famílias. As estruturas familiares também são mais diversificadas, com pais e mães solos, rearranjos familiares, famílias homoafetivas e inter-raciais, e uma divisão mais equilibrada de papéis e responsabilidades entre gêneros dentro de casa.
A principal mudança da geração anterior para essa é que esta geração não vê mais os dispositivos digitais como ferramentas. Ao invés disso, enxerga a tecnologia como parte integrada de suas vidas, ou seja, para estas crianças e adolescentes é impossível imaginar um mundo sem ela. Dessa forma, a separação entre o mundo físico e digital não faz mais sentido. Desde pequenos, estas crianças e adolescentes aprendem a utilizar dispositivos eletrônicos para realizar ações e buscar informações por conta própria. As amplas possibilidades oferecidas por esse mundo digital tornam essa geração mais independente. Além disto, dentro das novas configurações familiares, as crianças e adolescentes também têm ganhado mais autonomia para opinar, compartilhar aprendizados e tomar suas próprias decisões adquirindo uma autonomia precoce quando comparada com as gerações anteriores.
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Ao mesmo tempo que pode contribuir para o aprendizado de novas habilidades, esse hiper estímulo também pode prejudicar o desenvolvimento de certas capacidades, especialmente no que diz respeito à concentração, atenção e paciência. Esta geração tende a preferir conteúdos visuais e interativos, vídeos, infográficos e jogos que são mais atraentes e eficazes para o aprendizado do que textos longos e estáticos. Portanto, apesar da importância da tecnologia em suas vidas, incentivar o gosto pela leitura, as relações interpessoais e outros métodos de aprendizagem são também fundamentais para que se encontre um equilíbrio na saúde integral dessa geração.
Estão, desde muito cedo, expostos a questões globais através das mídias sociais e outros canais digitais. Uma outra mudança fundamental na visão de mundo é sobre a igualdade: eles enxergam cada vez menos barreiras entre as pessoas, enxergando a diversidade com naturalidade – para eles, ser diferente é normal. Separações como “coisas de menino” e “coisas de menina” caem por terra para essa geração, em que as crianças apresentam comportamentos menos limitados pelos estereótipos. Por exemplo, as meninas, se identificam cada vez mais com as características de personagens que antes pertenciam apenas ao território dos meninos, passando a se interessar por temas e estilos tradicionalmente masculinos. Nesse contexto, apresentam uma forte consciência socioambiental, empatia para entender as dores dos outros e uma maior valorização da diversidade, seja ela de gênero, racial ou cultural, além de terem posicionamentos muito firmes, mesmo com pouca idade.
A habilidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo é uma característica muito marcante nessa geração. Adaptados às telas e mudanças constantes, eles são adeptos a dividir sua atenção entre múltiplas atividades, como estudar enquanto ouvem música ou checam redes sociais. Apesar de viverem em um cenário muito confortável, também sofrem com a dificuldade de concentração. O uso desenfreado de telas e recursos de alto impacto visual geram um déficit de atenção considerável na maior parte desses jovens, que estão acostumados a receber muitos estímulos a todo momento.
Um dos principais desafios é o excesso de exposição a telas. O uso constante de dispositivos eletrônicos pode levar a problemas de saúde, como fadiga ocular, distúrbios do sono e até mesmo impactos negativos na saúde mental. Outro desafio significativo é o desenvolvimento social. Embora os nativos digitais sejam especialistas em comunicação virtual, eles podem enfrentar dificuldades em interações sociais presenciais. A ausência de habilidades interpessoais desenvolvidas através de interações cara a cara pode afetar suas relações pessoais e sua capacidade de formar conexões profundas com outras pessoas. Além disso, a pressão por desempenho pode ser um desafio constante. A exposição constante ao sucesso e às realizações de outras pessoas nas redes sociais pode criar expectativas elevadas e pressão para se destacar em todas as áreas da vida. Esse fenômeno pode levar a níveis elevados de estresse e ansiedade. A rápida evolução tecnológica pode criar um cenário em que a geração alpha tenha dificuldades para acompanhar as mudanças. A necessidade de estar sempre atualizado com as últimas tendências e inovações tecnológicas pode ser esmagadora e exigir um esforço constante para se adaptar causando estresse, ansiedade e depressão
Para lidar com esses nativos digitais no ambiente escolar, é indispensável integrar a tecnologia, mas sem substituir a interação humana. Utilizar ferramentas digitais como plataformas de aprendizado online, aplicativos educativos e recursos multimídia pode aumentar o engajamento dos alunos e oferecer uma abordagem mais eficiente ao ensino. No entanto, é essencial equilibrar o uso da tecnologia com atividades presenciais para garantir que os alunos desenvolvam habilidades sociais e de comunicação. Enfim, promover o equilíbrio entre o tempo de tela e outras atividades é fundamental. E, incentivar atividades extracurriculares que não envolvam tecnologia, como esportes, artes e projetos em grupo, pode ajudar a garantir um desenvolvimento integral. Essas experiências fora da tela são muito importantes para o crescimento social e emocional das crianças e adolescente, proporcionando oportunidades para desenvolver habilidades de colaboração, criatividade e resolução de problemas.
. A falta de atenção ou de cuidado no sentindo de orientação quanto a conceitos e valores ( já que é uma geração mais autônoma em relação às próprias convicções) pode gerar embates que levam ao desenvolvimento de problemas emocionais típicos dessa faixa etária, como a ansiedade e depressão porém sendo mais evidentes nesta geração: baixa habilidade emocional; dificuldade para lidar com o “não”; maior tendência à intolerância ao fracasso; mais dificuldade de conexão familiar e social; baixa autoestima gerada pela supervalorização da beleza estética; dificuldade de absorção de conteúdos escolares no modo tradicional; raiva desmedida ou frustração quando algo não acontece conforme o esperado; maior tendência à irritabilidade ou agressividade sem causa aparente; falta de paciência para lidar ou se comunicar com pessoas de outras gerações.