Publicado/atualizado: dezembro/2019
Departamento Científico de Medicina do Adolescente
Sempre que alguma sensação nova ocorre no corpo percebe-se como algo diferente. Na fase dos 13 aos 15 anos, inicia-se as experiências de relacionamentos mais íntimos com outras pessoas.
Por conta, da sensação ser boa e prazerosa e experimentada pelas primeiras vezes, o jovem desconhece o que o outro faz com seu corpo e intui que algo pode não ser legal. Mas não consegue tomar uma atitude e escolher se desvencilhar do que não gostaria que acontecesse. Uma justificativa encontra-se no desenvolvimento cerebral, isto é, o cérebro está sofrendo uma reformulação intensa, principalmente da região chamada córtex pré-frontal responsável pelas nossas decisões e escolhas.
É preciso que alguém capacitado prepare os jovens a perceber e sentir o que está acontecendo com seu corpo quando tocado por si mesmo ou por outra pessoa. [1] Assim, alguns pesquisadores sugerem que:: “os adultos precisam emprestar o cérebro adulto para o adolescente”!
O desenvolvimento sexual inicia-se já dentro do útero da mãe quando gerado e continua ao longo de toda vida, mas é na adolescência que as vivências sexuais se iniciam de forma mais concreta.
Assim, como tudo no desenvolvimento do ser humano, há idades mais adequadas para acontecer a aquisição de funções cada vez mais complexas nas vidas, assim como ocorre na infância por exemplo, primeiro sentar depois engatinhar e por fim, sair andando.
Com a sexualidade não é diferente, alguns experimentam a masturbação (conhecimento do prazer com o seu próprio corpo), o primeiro beijo (contato com o outro) e nesta fase adolescentes de ambos os sexos treinam com pessoas do mesmo sexo, sem que seja essa a orientação sexual definitiva), a primeira relação sexual (chamada de sexarca, ou seja, primeira “transa”) e por fim, estabelecem relações afetivas mais duradouras advindas do amor.
Porque o primeiro beijo sempre é muito esperado e gera uma angústia interna nos adolescentes, esta vivência será o primeiro contato físico com o outro, será a primeira pessoa a se relacionar sem que seja alguém da família[1] . Entre as garotas há uma troca de experiências verbalizadas, mas entre os garotos é difícil a troca de intimidades.
Enquanto as mães levam suas filhas a profissionais de saúde para receberem explicações, garotos muitas vezes estão destinados a se virarem sozinhos.
Necessário, se faz o acompanhamento para ambos os sexos com o seu pediatra de confiança ou pediatra especialista em Adolescência, o que poderá gerar um vínculo maior para as dúvidas desta fase.
A resposta é não! Dependerá de muitos fatores a escolha da orientação sexual do seu filho e da sua filha. Esta experiência afetiva com os pares se dá como fase de descobertas e de introjeção de modelos femininos e masculinos pois ocorre uma identificação com pessoas iguais a você.
São pessoas que ficarão na nossa identidade sexual como referências, assim como a figura paterna e materna representam também modelos internos para o desenvolvimento da nossa própria sexualidade.
Porque o tempo para o cérebro do adolescente em desenvolvimento é diferente do que é para o adulto. “Meses” para eles são semelhantes a “anos” para os adultos.
Comparando-se com as crianças, por exemplo, quando pequenas por volta de 2 anos de idade, a criança só consegue se manter em uma mesma atividade por 30 minutos, por isso deixam qualquer adulto cansado.
No adolescente o tempo também é diferente e assim, as “paixões” costumam durar meses e isto representa para eles muito tempo e muita intensidade. É preciso respeitar esta fase da vida!
Porque é através das várias experiências que se adquire habilidades e capacidades para executar o que se realiza cada vez melhor. É preciso prática para o processo de aprendizagem. Nada no cérebro é aprendido de forma imediata, é necessário a repetição.
Desta forma, na fase da adolescência é fundamental que ocorra mais de uma única experiência afetiva entre as pessoas. É através das vivências positivas ou não, que as escolhas se tornarão mais amadurecidas e responsáveis.
Nesta fase da adolescência em que o cérebro está sendo reformulado, ou seja, novas conexões cerebrais estão se aprimorando , é próprio que fiquemos confusos em identificar o que o outro está sentindo.
A saúde mental está exatamente em se saber identificar como o outro está se sentindo diante das situações de vida.
Como você ainda está passando por mudanças, o melhor a fazer é perguntar mesmo, isto é, não deixe de dialogar e certificar-se o que está passando pela cabeça do outro, pois ninguém tem “bola de cristal” para saber o que se passa na mente da outra pessoa. Inclusive nos momentos de intimidade o melhor é falar o que gosta e o que não gosta, o que deseja e o que não deseja. Tudo se resolve com diálogo.
Simplesmente tendo segurança do que você deseja, isto é, se prevenir contra a gravidez não planejada e não contrair infecções sexualmente transmissíveis.
Claro que o desejo de ter a relação sexual é a energia poderosa e muitos jovens podem não utilizer o preservativo, mas se você for segura(o) das suas convicções conseguirá protelar o ato sexual até que o parceiro ou parceira entenda que com você precisará respeitar a sua escolha diante da situação, proteger a sua saúde e a de seu(sua) parceiro(a).
A segurança pessoal vem da construção de uma boa autoestima, ou seja do amor próprio. Para conseguir amar a uma outra pessoa, primeiro é necessário amar a si mesmo.
A autoestima na adolescência é algo super frágil, mas comece a pensar que, como você, só existe uma única pessoa, você mesmo, com tudo que você considera bom e não tão bom assim. Não há um único ser na face da terra igual a você, então não há porque você ficar se comparando com os outros e pensando que seu cabelo é feio, ou sua barriga está grande ou “ninguém me olha”.
Agradeça sempre o que você gosta em você que com o tempo aprenderá a valorizar o que menos gosta também.
É preciso ter clareza dos sentimentos pela pessoa que você escolheu. É importante que você valorize o quanto gosta da pessoa e se a considera especial na sua vida. Quando houver desejo e tesão por essa pessoa, você estará pronta para o ato sexual em si.
Percebendo como você se sente, percebendo como a outra pessoa está e preparando-se para o ato sexual em si.
O preparo necessita de abertura para dialogar com pessoas capacitadas para orientar suas dúvidas e, principalmente, aprender praticando com responsabilidade.
Lembre-se não se violente fazendo o que você não deseja!