Publicação/atualização: outubro/2024
Departamento Científico de Medicina do Adolescente
Presidente: Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo
Secretária: Tamara Beres Lederer Goldberg
Membros: Benito Lourenço, Darci Vieira da Silva Bonetto,Ligia de Fátima Nóbrega Reato, Lilian Day Hagel, Maria Inês Ribeiro Costa Jonas, Marluce Barbosa Abreu Pinto
Quem não conhece alguma pessoa que convive frequentemente com aquela situação constrangedora de estar constantemente com as mãos ou os pés molhados de suor ou aquela marca de “pizza sob a axila” dependendo da cor da camiseta que usa? Todos nós suamos para controlar a temperatura do corpo, mas a hiperhidrose é o suor excessivo que ultrapassa a necessidade fisiológica.
O principal ponto é identificar que há incômodo social, psíquico e emocional. Para saber se alguém realmente tem hiperhidrose primária (não causada por uma doença ou uso de medicamentos), alguns critérios foram estabelecidos: suor excessivo (visível), em áreas focais do corpo (mais frequentemente mãos, pés, axilas e rosto), por pelo menos 6 meses, em ambos os lados e relativamente simétrica, pelo menos uma vez por semana, com início antes dos 25 anos, com história familiar positiva (parentes com quadro parecido) e que não ocorre durante o sono.
Embora as estatísticas existentes sobre a condição de suor excessivo apontem cifras desde 2 a 14% de jovens que sofrem com essa condição (e o número é variável pois existem diferentes graus avaliados nos estudos), todas as publicações científicas são unânimes em apontar que mais da metade das pessoas que sofrem com a hiperhidrose nunca conversaram com seus médicos sobre isso.
Geralmente essa condição piora com calor e estímulos emocionais, mas não deve ser considerada uma desordem psicológica... Ninguém sabe a verdadeira causa, mas há uma produção exagerada de suor.
Hiperhidrose não tem nada que ver com o cheiro; geralmente o excesso de suor não tem cheiro. O odor desagradável sob as axilas é resultado do crescimento de bactérias nesse suor. Essa condição tem mais relação com higiene e limpeza (ou falta delas) e não com suor excessivo. Tem gente que sua pouco e mesmo assim tem o famoso “cecê” exacerbado.
A maioria das condições de suor excessivo melhora bastante com tratamento tópico. Tratamento local significa escolher adequadamente um bom antiperspirante. Aqui um ponto fundamental desconhecido por muitos: desodorante não é antiperspirante. E essa classificação do produto obrigatoriamente estará no rótulo do produto. Desodorante, como o nome diz, é um produto para atenuar o cheiro, eliminar a bactéria do local. Antiperspirante é o produto aplicado que entra nos ductos das glândulas produtoras de suor fazendo “rolhas” temporárias com um gel que inibe a produção de suor excessivo e aquela molhadura toda. Existem vários produtos no mercado, com marcas mais populares e baratas até produtos importados.
Essa é uma orientação muito prática para nossos adolescentes. O melhor horário para aplicar um antiperspirante é a noite, após um banho e secagem completa das axilas (pode até auxiliar com um secador). Deve-se passar um jato de 1 a 2 segundos, se for spray (cuidado com aquela ansiedade que faz a pessoa disparar o frasco e acaba “melecando” muito a axila) ou 1 a 2 passadas se mecanismo de roll on. Muitos dos antiperspirantes do mercado brasileiro garantem até 4 dias de proteção; claro que o banho deve ser diário, mas esses “plugs” são muito eficazes no controle do suor normal e até da hiperhidrose leve/moderada. Na manhã do dia seguinte, pode-se até realizar um pequeno reforço, mas não costuma ser necessário. Essa rotina de uso desses produtos associada com uma boa limpeza axilar (água e sabão) ajuda também no controle dos odores. Diante de quadros não controlados com uso dos antiperspirante, o médico pediatra ou hebiatra deverá ser notificado, pois existem outras opções de tratamento eficazes, que incluem medicações e tratamento cirúrgico.