Publicado/atualizado: fevereiro/2020
Departamento Científico de Medicina do Adolescente
A educação geral e em saúde é um dos mais importantes fatores de prevenção da gravidez numa idade precoce Na escola e na família é necessário abordar a sexualidade, a reprodução, o uso dos contraceptivos, e o perigo das infecções sexualmente transmissíveis quando não usar a camisinha. Além disso, deve-se conscientizar sobre afetividade, respeito e responsabilidade de ambos os sexos. A educação sobre sexualidade, de forma integrada e compreensiva, faz parte da promoção do bem-estar dos adolescentes e jovens. Há que se abordar as relações afetuosas e o carinho entre os pares, responsabilidade com a autoestima do(a) adolescente e parceiro(a) assim como a proteção na prevenção de doenças e da gravidez inesperada
Em nosso país, a taxa de gestação nessa fase, é alta quando comparada à da América Latina, sendo de 400 mil casos/ ano e muitos ocorrem em mães com idade entre 10 a 14 anos.
Em 2015, dezoito por cento do total dos brasileiros que nasceram eram filhos de mães adolescentes, a maioria residia na região Nordeste, seguindo-se do Sudeste, Norte, região Sul e Centro Oeste.
Falta de diálogo, franco, claro e sincero, falta de informação e conscientização sobre sexualidade, sobre direitos sexuais e reprodutivos; falta de uma rede de apoio social e de acesso fácil ao sistema de saúde, educação. Além de falta de projeto de vida para que estes adolescentes sigam seu desenvolvimento de forma saudável.
Sim. Falta de um projeto de vida e expectativas de futuro, educação, pobreza, famílias disfuncionais, abuso de álcool e outras drogas, além de situações de violência e a ausência de proteção efetiva às crianças e aos adolescentes, uso inadequado de métodos contraceptivos. Importante considerar as questões emocionais, psicológicas e sociais.
Entretanto, em muitas situações a gravidez é desejada, como uma resposta ao meio que a circunda, como forma de exercer a sexualidade, de ser respeitada e aceita socialmente, sendo a maternidade seu projeto de vida.
Sim, pois as complicações da gestação estão muito relacionadas ao desenvolvimento corporal e principalmente às condições socioeconômicas, que influem no início e tipo de cuidados, destacando-se:
· A idade. Sendo os maiores riscos para as garotas com menos de 16 anos, especialmente as menores de 14 anos
· Inicio tardio do pré-natal.
· Ganho de peso inadequado, alimentação que prejudica a nutrição;
· Falta de apoio familiar e abandono do companheiro;
· Adolescente usuária de álcool ou outras drogas, lícitas ou ilícitas, como álcool, cocaína, crack; uso de medicamentos sem prescrição médica;
· Gestação decorrente de estupro;
· Tentativa de interromper a gestação por quaisquer meios ou medicamentos;
·O risco será maior se houver doenças crônicas: diabetes, doenças cardíacas como hipertensão arterial, ou renais; ou doença sexualmente transmissíveis: Sífilis, HIV, hepatite B ou hepatite C;
· Existência de doenças agudas emergentes: dengue, zika, toxoplasmose, rubéola outras doenças infecciosas;
· Ocorrência de pré-eclâmpsia, gravidez gemelar, complicações obstétricas durante o parto, inclusive cirurgia cesariana de urgência.
Sim. Maior propensão a:
· Prematuridade, bebês pequenos para idade gestacional ou com baixo peso principalmente quando as mães têm menos de 15 anos;
- Não respirar de imediato ao nascer
· Doenças congênitas;
· Dificuldades na amamentação, levando à interrupção e a erros alimentares;
· Cuidados inadequados no domicílio ou contexto familiar, como negligência ou abandono, além da presença de animais muito próximos ao bebê , higiene precária, falta de saneamento básico (água tratada e esgoto);
· Falta de acompanhamento com médico da família ou pediatra, agendamento de consultas para avaliação do bebê de forma irregular , e falhas no esquema de vacinação.
Sim, desde que devidamente habilitado. A contracepção constitui parte dos direitos sexuais e reprodutivos de adolescentes e jovens, estando respaldados pelos princípios de proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, art. 98) e sua prescrição está embasada em normas técnicas do Ministério da Saúde. Além disso, o código de Ética Médica, artigo 74, garante o sigilo a paciente menor de idade, inclusive nas questões sexuais, vedando ao médico a revelação, desde que isso não apresente risco de vida grave para esse/essa adolescente.
O melhor anticonceptivo é aquele de mais fácil acesso, menor custo, baixa dosagem, eficácia, maior tempo de atuação e possibilidade de reversão. Adolescente não deve usar contraceptivo por conta própria ou porque a amiga usa, mas sempre receitado por médico. Este tem obrigação de informar todos os métodos disponíveis. A camisinha deve ser usada associada a qualquer outro método contraceptivo. Na escolha do método deve haver conivência com o parceiro. Observação: Nenhum método protege 100%
Os estudos científicos demonstram que existem falhas. A questão é polêmica e precisa de maiores esclarecimentos. Adicionalmente, compreende-se que postergar as relações sexuais pode ser uma escolha saudável para os adolescentes desde que seja uma decisão deles e não uma imposição, respeitando-se seu direito à autonomia, projeto de vida. Embora teoricamente protetoras, as intenções de abstinência geralmente falham. O adolescente vive uma ebulição hormonal, intensa curiosidade e estimulo sexual muito grande e estimulado pela sociedade e pela mídia. Recomenda-se portanto, oferecer um amplo leque de informações sobre diferentes métodos contraceptivos, como já mencionado e deixar a escolha uma decisão individual e compartilhada pelo casal .
A utilização dos benefícios da tecnologia também se torna importante, pois os jovens são naturais da era digital, facilmente aceitando inovações. Atualmente, existem lembretes digitais que minimizam o esquecimento dos anticoncepcionais orais e pode-se sugerir o uso de aplicativos, como os que auxiliam no controle do ciclo menstrual e do período fértil
- Todos os adolescentes têm direito de obter informações adequadas sobre o uso de contraceptivos e de escolher o método que lhes é mais adequado; A dupla proteção (contraceptivo e camisinha devem estar sempre associados).
- A anticoncepção de emergência deve ser usada somente após relação sexual desprotegida (violência sexual e falha no uso de camisinha) e não deve ser usada com frequência.
- Quando houver ruptura da camisinha ou erro ao usar o contraceptivo procurar o mais urgente possível o médico.
- As adolescentes devem ser acompanhadas pelo Médico de Adolescentes, Pediatras, Médico da Família, e/ou Ginecologista de modo periódico.