Departamento Científico de Aleitamento Materno
A maior parte das mulheres é capaz de produzir leite materno em quantidade suficiente para seus bebês. Apesar disso, muitas mães acreditam que não atingem essa produção. Isso pode ser decorrente de falta de conhecimento a respeito dos padrões normais de alimentação de neonatos e lactentes.
Os pais frequentemente ficam frustrados porque seus bebês recém-nascidos querem mamar a cada 1,5 ou 2 horas. Além do que, durante o primeiro mês de vida, essas mamadas podem ser mais demoradas, ou até agrupadas (“cluster feeding”), de modo que o bebê fica mamando constantemente, principalmente à noite, quando eles tendem a ser mais exigentes.
Importante lembrar que um comportamento mais agitado ou mamadas frequentes podem ser totalmente normais, mas, geralmente, acabam sendo interpretados como se o bebê não estivesse saciado.
O choro é um sinal tardio de fome. É importante saber reconhecer as pistas sutis dadas pelo bebê de quando ele está pronto para mamar, antes que ele fique irritado. Inicialmente, ele abre a boca, boceja, e faz movimentos mão-boca. Depois, fica inquieto, com mais movimentos, suspirando e fazendo ruídos de sucção. É justamente nesses momentos que o bebê deve ser colocado para mamar. Caso não seja evitado o choro, é fundamental acalmar o bebê antes de oferecer a mama, propiciando contato pele a pele, acariciando, balançando, falando ou cantando para ele.
Alguns bebês podem ficar distraídos com luzes e barulho e precisam de ajuda para se concentrar na alimentação. Assim, pode ser necessário amamentá-los em um ambiente mais tranquilo, usar a técnica do enrolamento (embrulhar o bebê com um cueiro) e promover aconchego.
Os pais também precisam reconhecer que bebês saudáveis, com eliminações normais e ganho de peso adequado, que modificam seu comportamento alimentar e desejam mamar a cada 1 ou 2 horas, podem estar passando por um “Pico de Crescimento”.
Também chamados de “Crises Transitórias da Amamentação”, correspondem a períodos passageiros, de 2 a 3 dias, em que o bebê precisa se alimentar com mais frequência ou por mais tempo, e costuma ficar mais agitado, dormindo menos e exigindo mais colo.
Embora os “Picos de Crescimento” possam acontecer a qualquer momento, já que o crescimento humano normal é pulsátil e fases de crescimento rápido são intercaladas por momentos de crescimento não mensurável, eles são mais comuns entre 2 e 3 semanas, 6 semanas e 3 meses de idade.
Uma razão sugerida para essa mudança de comportamento é que para acompanhar seu aumento repentino de crescimento, o bebê precisa aumentar a sua ingesta de leite. Até o momento, não existem estudos publicados confirmando que o crescimento seja, realmente, responsável por essa situação.
Amamentar com mais frequência ajudará a aumentar a produção láctea, e assim que isso ocorrer, a rotina de mamadas voltará ao normal. Oferecer sempre as duas mamas a cada mamada, deixando o bebê no primeiro lado enquanto ele estiver efetivamente sugando e engolindo. Ao perceber mudança no padrão ou parada de sucção ele deve ser trocado para a outra mama. Pode-se alternar as mamas na mesma mamada várias vezes.
Caso as mamas não tenham sido totalmente esvaziadas, pode ser tentada a expressão láctea manual ou mecânica, já que quanto mais leite é retirado, mais é produzido.
É importante resistir à tentação de oferecer fórmula infantil nessa situação, pois, mesmo que acalme o bebê, diminui seu acesso a mama, reduzindo a estimulação e, por consequência, reduzindo a produção do leite materno.
Portanto, com essas informações e tendo a consciência de que é uma situação que vai passar, a melhor proposta é manter a oferta exclusiva do leite materno, o padrão-ouro da alimentação infantil. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu pediatra.