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Suplementação de Micronutrientes

Publicado/atualizado: dezembro/2022

Relatora: Fabiola Isabel Suano de Souza

Membros do Departamento Científico de Nutrologia SBP 2022 – 2024: Fabiola Isabel Suano de Souza, Hélcio de Sousa Maranhão, Elza Daniel de Mello, Fernanda Luísa Ceragioli Oliveira, Jocemara Gurmini, Liliane Maria Abreu Paiva, Mara Alves da Cruz Gouveia, Tulio Konstantyner.

  • O que são micronutrientes?

São nutrientes que estão presentes nos alimentos e que precisamos ingerir por meio da nossa alimentação porque o nosso organismo não produz. Compreendem as vitaminas (vitamina A, E, C, B1 e B12) e os minerais (ferro, zinco, selênio, cálcio e fósforo).

  • O que é fome oculta?

É uma forma de desnutrição na qual a criança pode ter peso e altura adequados, mas com a deficiência de um ou mais micronutrientes. Por exemplo, uma criança com deficiência de ferro pode desenvolver anemia e uma criança com deficiência de vitamina A pode ter problemas de visão, mas leva muito tempo entre a deficiência e o aparecimento dos sintomas, por isso chamada de “oculta”.

  • Quais alimentos contém micronutrientes?

Todos os alimentos saudáveis contêm micronutrientes, o que varia são os tipos, quantidade e a forma que são absorvidos. A alimentação diversificada e com todos os grupos alimentares (frutas, verduras, legumes, cereais, tubérculos, leguminosas, carnes e ovos) fornece as vitaminas e minerais que o organismo da criança precisa para crescer e se desenvolver de forma adequada.

Abaixo alguns exemplos:

    • Leite, fígado, vegetais alaranjados: fonte de vitamina A
    • Carnes (bovina, suína, aves e peixes): fonte de ferro, zinco, vitamina B12
    • Frutas cítricas: fonte de vitamina C
    • Arroz, milho, feijão: fonte de vitaminas com complexo B
  • Porque existem micronutrientes (vitaminas e minerais) na forma de medicamentos?

Em algumas situações, a criança ou o adolescente podem precisar receber esses micronutriente na forma de um medicamento (remédio) por um período, para prevenir ou tratar alguma deficiência de um ou mais micronutrientes.  

  • Crianças saudáveis precisam receber alguma vitamina ou mineral?

Temos no nosso meio algumas deficiências de micronutrientes que são comuns e a suplementação medicamentosa pode reduzir o risco dessa falta. Por exemplo, os lactentes que nasceram no tempo certo e com peso adequado podem receber suplementação medicamentosa de ferro para prevenir a anemia ferropriva (doença que leva a redução dos níveis de hemoglobina, substância que está nas células sanguíneas e que transporta oxigênio para o organismo da criança) a partir do início da alimentação complementar (almoço ou jantar), que habitualmente acontece por volta dos 6 meses de vida, até dois anos de idade.

  • Lactentes precisam de suplementação de vitamina D?

Esse grupo também pode precisar de vitamina D do primeiro mês de vida até os dois anos para reduzir o risco de raquitismo carencial, uma alteração que pode levar o osso a incorporar menos cálcio e fósforo, tornando-se mais frágil. A vitamina D é sintetizada na pele a partir da exposição solar e hoje sabemos que os lactentes não ficam expostos ao sol com frequência por questões ambientais e poluição.  

  • E como tratamos a deficiência de micronutrientes?

Quando a criança já apresenta deficiência de alguma vitamina ou mineral instalada – alteração de exames laboratoriais ou sinais clínicos evidentes - pode ser que ela precise de uma dose mais alta para corrigir essa deficiência. Seja qual for a deficiência de micronutriente que a criança apresente a orientação nutricional é parte integrante em situações de prevenção ou tratamento da deficiência de micronutrientes. O ideal é que todos os nutrientes necessários para a criança viessem da alimentação.

  • Melhor tomar mais vitaminas ao mesmo tempo? Elas funcionam melhor juntas?

Não é verdade que “quanto mais vitaminas melhor”. Nas farmácias há muitas opções de medicamentos contendo vitaminas e minerais para crianças e adolescentes – forma líquida, mastigável, comprimido. Mas atenção, esses remédios contêm quantidades muito diferentes das vitaminas e oligoelementos, eles podem estar no medicamento de forma isolada ou combinada, podem conter ainda saborizantes, sacarose, lactose, conservantes e corantes. A criança deve receber somente aquela que é recomendada para prevenção e/ou tratamento na dose certa e pelo tempo necessário. Embora haja a necessidade da suplementação de alguns minerais (ferro) e vitaminas (vitamina D e, em algumas situações, vitamina A), nos primeiros dois anos de vida.

  • Existe alguma vitamina melhor do que a outra?

Nada melhor do que receber esses nutrientes nos próprios alimentos – eles são mais bem absorvidos, um não prejudica a absorção do outro e há menor risco de se ingerir uma quantidade acima do que seria recomendado. Consulte sempre o seu pediatra para tirar todas as suas dúvidas nesse sentido.