Publicado/atualizado: março/2023
Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência (Gestão 2022-2024)
Presidente: Luci Yara Pfeiffer
Secretária: Adriana Rocha Brito
Conselho Científico: Márcia Maria Fonseca Barreto
Marco Antônio Chaves Gama
Maria de Fátima Fernandes Géa
Rachel Niskier Sanchez
Sarah Saul
Tania Maria Russo Zamataro (Relatora)
- É comum acontecer afogamento entre crianças ou adolescentes?
Infelizmente, sim. A Organização Mundial da Saúde estima que haja mais de 236.000 mortes por afogamento todos os anos, no mundo, estando entre as dez principais causas de morte de crianças de 5 a 14 anos. No Brasil, o afogamento é a 1º causa de morte na faixa de 1 a 4 anos, a 2º causa entre 5 e 9 anos e a 3º entre 10 e 14 anos de idades. Outra faixa etária de importância é a de 15 a 19 anos.
E para cada criança que morre por afogamento inúmeras sobrevivem (número difícil de estimar no mundo), algumas sem sequelas, mas muitas apresentarão desde alterações neurológicas leves (distúrbios de memória, de aprendizado, por exemplo) até quadros de lesões neurológicas graves (coma, estado vegetativo persistente).
- Por que crianças pequenas tem maior risco de se afogar?
Crianças tem atração por água, sendo que as menores de 5 anos apresentam maior risco de se afogar. Anatomicamente, apresentam a cabeça e os membros superiores como as partes mais pesadas do corpo. Por isso, perdem o equilíbrio com frequência ao se inclinarem para frente, e também com frequência não conseguem se erguer. Isso faz com que pequenas quantidades de água em baldes, bacias, banheira, vasos sanitários, seja suficiente para que ocorra um afogamento. Lembre-se também que elas não têm maturidade, nem experiência para sair de uma situação de emergência.
Adolescentes se arriscam mais, principalmente quando estão em grupo. Além disso, apresentam outros comportamentos de risco como uso de álcool e ou drogas ilícitas, brincadeiras pouco seguras, nadar sozinho, esportes radicais etc.
- O que acontece com o corpo quando uma pessoa está se afogando?
A vítima consciente geralmente luta para permanecer na superfície, movimentando os braços estendidos lateralmente e a cabeça esticada, no intuito de mantê-la (via aérea) fora da água. É incapaz de gritar ou acenar por ajuda (crianças pequenas não têm força para tal e permanecem com o rosto na água). Durante esse processo inicial, a pessoa pode engolir ou respirar água, com tosse e até fechamento reflexo da laringe, o que impede a entrada de ar. Conforme afunda (submerge), ainda consciente, a vítima prende a respiração (apneia voluntária) até um momento em que haverá estímulos do corpo para que ela respire (contra a própria vontade, mesmo embaixo da água), fazendo com que mais água entre nos pulmões. Isso é considerado afogamento, sendo que a vítima afogada pode ou não sobreviver.
- Na prevenção do afogamento, o que NÃO se deve fazer?
- NÃO deixe o bebê ou criança sozinha na banheira, piscina ou qualquer reservatório de água, nem por um instante. Eles devem estar a, no máximo, um braço de distância;
- NÃO deixe baldes, bacias ou outros recipientes com água ao alcance de crianças menores de 5 anos. Piscinas portáteis devem ser esvaziadas e desmontadas após o uso;
- NÃO deixe atrativos, como brinquedos, próximos ou em reservatórios ou recipientes de água;
- NÃO confie em boias ou outros dispositivos de flutuação que não sejam coletes salva-vidas. Os coletes salva-vidas colocam o indivíduo em uma posição onde a cabeça e o rosto ficam fora da água. Nunca deixe a criança sozinha na água mesmo que esteja com colete salva-vidas;
- NÃO permita que seus filhos utilizem objetos de modismo, sem que haja a certificação e confirmação de segurança: por exemplo, as “caldas de sereia” que são responsáveis por vários afogamentos!!!
- NÃO permita que seus filhos nadem em piscinas onde não haja proteção nos ralos quanto à sucção de cabelos, correntes, partes do corpo, como tampas abauladas específicas, sistemas de desarme de motobomba etc.
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- E o que se deve fazer para prevenir afogamentos?
- Mantenha ambientes seguros, com baldes, bacias, tanques fora do alcance de crianças menores de 5 anos;
- Mantenha tampas de vasos sanitários sempre abaixadas, de preferência com travas específicas;
- Ensine seu filho a não fazer brincadeiras arriscadas na água como “dar caldo”, não fingir afogamento e não nadar sozinho;
- Instale barreiras que controle o acesso a reservatórios, como cercas em torno dos 4 lados da piscina (com 1,5 m altura e até 12 cm de distância entre as grades e que não possa ser escalada) com portão com tranca que impeça o acesso não autorizado;
- Prefira escolas e creches sem piscinas ou lagos para crianças menores de 6 anos;
- Ensine crianças de 4 anos ou mais a nadar e a tomar condutas seguras na água. Escolha escolas de natação com professores qualificados;
- Aprenda e treine as pessoas responsáveis por cuidar da criança (professoras, babás, etc) a nadar, a resgatar de forma segura em caso de afogamento e a realizar manobras de reanimação se necessário;
- Ensine as crianças e adolescentes a respeitarem as placas de proibição de praias e piscinas, e sempre seguir as orientações do salva-vidas;
- No mar, fique longe de correntes. Saiba identificar as temidas correntes de retorno: água marrom (ocasionada pela agitação de areia); água mais escura, pois nesse local está mais fundo; lugares no mar onde as ondas são menos frequentes; locais onde existe o encontro de duas ondas, onde as ondas quebram menos, onde tem menos espuma etc.;
- No caso de ser pego por uma corrente, mantenha a calma. Erga as mãos para chamar a atenção do salva-vidas. Tente nadar paralelamente à praia ou flutue e deixe a corrente te levar enquanto chama a atenção do salva-vidas.